O Amor e a Loucura

Há tempos atrás viviam duas crianças, um menino e uma menina, que tinham entre cinco e seis anos de idade.

O menino chamava-se Amor e a menina, Loucura.

O Amor sempre foi uma criança calma, doce e compreensiva.

Já Loucura era emotiva, passional e impulsiva.

Enfim, do tipo que jamais levava desaforo para casa.

Entretanto, com todas as diferenças, as crianças cresciam juntas, inseparáveis, brincando, brigando...

Mas houve um dia em que Amor não estava muito bem e acabou cedendo às provocações de Loucura, com a qual teve uma discussão muito feia.

Ela não deixava nada barato; estava furiosa como nunca com Amor e começou a agredi-lo, não só verbalmente, como de costume.

Ela estava tão descontrolada que o agrediu fisicamente, e antes que pudesse perceber, arrancou os olhos de Amor.

O Amor, sem saber o que fazer, foi chorando contar à sua mãe, a deusa

Afrodite, o que havia acontecido.

Inconsolada, Afrodite foi até Zeus e implorou-lhe que ajudasse seu filho e castigasse Loucura.

Zeus então, ordenou que chamassem a garota para uma conversa séria.

Ao ser interrogada, a menina respondeu como se estivesse com a razão : que Amor havia lhe aborrecido e que fora merecido tudo o que tinha acontecido com ele.

Embora soubesse que não fora justa com o seu amigo, ela, que nunca soube se desculpar, concluiu dizendo que a culpa havia sido de Amor e que não estava nem um pouco arrependida.

Zeus, perplexo com a aparente frieza daquela criança, disse que nada poderia fazer para devolver a visão à Amor, mas ordenou que Loucura fosse condenada a guiá-lo por toda a eternidade, estando sempre junto ao Amor, em cada passo que ele desse.

E até hoje eles caminham juntos : onde quer que o Amor esteja, com ele estará Loucura, quase que fundidos numa só essência.

Tão unidos que, por vezes, não se consegue definir onde termina o Amor e onde começa a Loucura. É também por isso que se usa dizer que o amor é cego.

Mas, isso não é verdade, pois O AMOR TEM OS OLHOS DA LOUCURA.

Colaboração: Renato Antunes Oliveira

Ouça também o áudio desse texto