Seja bom com os outros. A distância que você caminha na vida vai depender da sua ternura com os jovens, da sua compaixão com os idosos, sua compreensão com aqueles que lutam, da sua tolerância com os fracos e os fortes. Porque algum dia na vida você poderá ser um deles
Cuida bem deste Dia, porque é o Dia da própria vida da Vida. Neste Dia residem todas as Verdades e as Realidades de tua Existência: — a glória da Beleza; — o esplendor da Ação; — a benção do Crescimento. Cuida bem deste Dia! Pois ontem é apenas um Sonho E Amanhã, apenas uma Visão. Mas cada Hoje bem vivido Torna cada Ontem um Sonho de Felicidade E cada Amanhã uma Visão de Esperança. Cuida bem, pois, deste Dia. Esta é a saudação da Aurora.
Por causa do Dia dos Namorados, junho é o momento ideal para falar de Sacanagem.
Se dei a impressão de que o assunto será ménage a trois, sexo selvagem e Práticas perversas, sinto muito desiludí-lo. Pretendo, sim, é falar das Sacanagens que fizeram com a gente.
Fizeram a gente acreditar que amor mesmo, amor pra valer, só acontece uma Vez, geralmente antes dos 30 anos.
Não contaram para nós que amor não é racionado nem chega com hora marcada.
Fizeram a gente acreditar que cada um de nós é a metade de uma laranja e que A vida só ganha sentido quando encontramos a outra metade.
Não contaram que já nascemos inteiros, que ninguém em nossa vida merece Carregar nas costas a responsabilidade de completar o que nos falta: a gente Cresce através da gente mesmo.
Se estivermos em boa companhia, é só mais rápido.
Fizeram a gente acreditar numa fórmula chamada “dois em um”, duas pessoas Pensando igual, agindo igual, que isso era que funcionava. Não nos contaram Que isso tem nome: anulação, que só sendo indivíduos com personalidade Própria é que poderemos ter uma relação saudável.
Fizeram a gente acreditar que casamento é obrigatório e que desejos fora de Hora devem ser reprimidos.
Fizeram a gente acreditar que os bonitos e magros são mais amados, que os Que transam pouco são caretas, que os que transam muito não são confiáveis, E que sempre haverá um chinelo velho para um pé torto.
Ninguém nos disse que chinelos velhos também têm seu valor, já que não nos Machucam, e que existe mais cabeças tortas do que pés.
Fizeram a gente acreditar que só há uma fórmula de ser feliz, a mesma para Todos, e os que escapam dela estão condenados à marginalidade.
Não nos contaram que estas fórmulas dão erradas, frustram as pessoas, são Alienantes, e que poderíamos tentar outras alternativas menos convencionais.
Sexo não é sacanagem.
Sexo é uma coisa natural, simples, só é ruim quando feito sem vontade.
Sacanagem é outra coisa.
É nos condicionarem a um amor cheio de regras e princípios, sem ter o Direito à leveza e ao prazer que nos proporcionam as coisas escolhidas por Nós mesmos.
Há algumas décadas, após muito sonhar e batalhar por isso, e graças a uma nova lei criada na ex-União Soviética, tio Boris, judeu russo, conseguiu permissão para emigrar para Israel, como estavam fazendo outros camaradas russos.
Ele se queixara muito da demora.
Por fim, concordaram com sua saída.
No dia da partida, na alfândega, um oficial russo revistava as bagagens de tio Boris e, de repente, ao abrir uma delas, pergunta:
— Que é isso?
— Perdão – disse Boris – o senhor deve perguntar ‘Quem é este?’. Este é um busto do camarada Stalin, nosso querido timoneiro e grande dirigente do partido. Eu o levo, para nunca esquecê-lo.
— É verdade – disse o oficial – ele pensava diferente dos judeus, porém lhe felicito. Passe.
Tio Boris chega a Tel Aviv e, quando revistado, o oficial israelense abre sua bagagem e pergunta:
— Que é isso?
— Perdão – disse Boris – o senhor deve perguntar ‘Quem é este?’. Este é o maldito ditador anti-semita Stalin, por quem sofremos tantas desgraças e misérias. Trago este busto para não esquecer e ensinar aos jovens quem nos fez tanto sofrer.
— Bem senhor, acalme-se – disse-lhe o oficial – você já está em Israel. Pode passar. Sua família o espera.
Tio Boris foi recebido com grande alegria por seus irmãos e toda a família. Fomos todos ao kibutz, onde havíamos preparado uma grande festa. Ao lá chegar, outro sobrinho o acompanha ao quarto e ajuda-o com suas coisas. Quando tio Boris abre a valise e coloca o busto sobre sua cama, o sobrinho, espantado, pergunta:
— Tio Boris, quem é este?
— Perdão – disse Boris – você deve perguntar ‘Que é isso?’. Isso, querido sobrinho, são doze quilos de ouro puro.
São pequenas as coisas com que aprendemos muito: num dia de verão, eu estava na praia, espiando duas crianças na areia. Trabalhavam muito, construindo um castelo de areia molhada com torres, passarelas e passagens internas. Quando estavam perto do final do projeto, veio uma onda e destruiu tudo, reduzindo o castelo a um monte de areia e espuma.
Achei que as crianças iriam cair no choro, depois de tanto esforço e cuidado. Mas tive uma surpresa: em vez de chorar, elas correram para a praia, fugindo da água, rindo, de mãos dadas e começaram a construir outro castelo.
Compreendi que havia recebido ali uma importante lição: tudo em nossas vidas, todas as coisas que gastam tanto de nosso tempo e de nossa energia para construir, tudo é passageiro, tudo é feito de areia; o que permanece é só o relacionamento que temos com as outras pessoas.
Mais cedo ou mais tarde, uma onda virá e destruirá ou apagará o que levamos tanto tempo para construir. E quando isso acontecer, somente aquele que tiver as mãos de outro alguém para segurar será capaz de rir e recomeçar.