Autor: Rubens (Page 16 of 108)

Tempo que foge!

Ricardo Godim

Contei meus anos e descobri que terei menos tempo para viver daqui para frente do que já vivi até agora.

Sinto-me como aquele menino que ganhou uma bacia de jabuticabas.

As primeiras, ele chupou displicente, mas percebendo que faltam poucas, rói o caroço.

Já não tenho tempo para lidar com mediocridades.

Não quero estar em reuniões onde desfilam egos inflados.

Não tolero gabolices.

Inquieto-me com invejosos tentando destruir quem eles admiram, cobiçando seus lugares, talentos e sorte.

Já não tenho tempo para projetos megalomaníacos.

Não participarei de conferências que estabelecem prazos fixos para reverter a miséria do mundo.

Não vou mais a workshops onde se ensina como converter milhões usando uma fórmula de poucos pontos. Não quero que me convidem para eventos de um fim-de-semana com a proposta de abalar o milênio.

Já não tenho tempo para reuniões intermináveis para discutir estatutos, normas, procedimentos parlamentares e regimentos internos.

Não gosto de assembléias ordinárias em que as organizações procuram se proteger e perpetuar através de infindáveis detalhes organizacionais.

Já não tenho tempo para administrar melindres de pessoas, que apesar da idade cronológica, são imaturos.

Não quero ver os ponteiros do relógio avançando em reuniões de “confrontação”, onde “tiramos fatos a limpo”.

Detesto fazer acareação de desafetos que brigaram pelo majestoso cargo de secretário do coral.

Já não tenho tempo para debater vírgulas, detalhes gramaticais sutis, ou sobre as diferentes traduções da Bíblia. Não quero ficar explicando porque gosto da Nova Versão Internacional das Escrituras, só porque há um grupo que a considera herética.

Minha resposta será curta e delicada:

— Gosto, e ponto final!

Lembrei-me agora de Mário de Andrade que afirmou: “As pessoas não debatem conteúdos, apenas os rótulos”.

Meu tempo tornou-se escasso para debater rótulos.

Já não tenho tempo para ficar explicando aos medianos se estou ou não perdendo a fé porque admiro a poesia do Chico Buarque e do

Vinicius de Moraes; a voz da Maria Bethânia; os livros de Machado de Assis, Thomas Mann, Ernest Hemingway e José Lins do Rego.

Sem muitas jabuticabas na bacia, quero viver ao lado de gente humana, muito humana; que sabe rir de seus tropeços, que não se encanta com triunfos, não se considera eleita para a “última hora”; não foge de sua mortalidade, defende a dignidade dos marginalizados, e deseja andar humildemente com Deus.

Caminhar perto delas nunca será perda de tempo !!!

Tempo

Hoje, ao atender o telefone que insistentemente exigia atenção, o meu mundo desabou.

Entre soluços e lamentos, a voz do outro lado da linha me informava que o meu melhor amigo, meu companheiro de jornada, meu ombro camarada, havia sofrido um grave acidente, vindo a falecer quase que instantaneamente.

Lembro de ter desligado o telefone, e caminhado a passos lentos para meu quarto, meu refúgio particular. As imagens de minha juventude vieram quase que instantaneamente à mente. A faculdade, as bebedeiras, as conversas em volta da lareira até altas horas da noite, os amores não correspondidos, as confidências ao pé do ouvido, as colas, a cumplicidade, os sorrisos….

AHHHHH… os sorrisos…. Como eram fáceis de surgir naquela época.

Lembrei da formatura, de um novo horizonte surgindo… das lágrimas e despedidas, e principalmente, das promessas de novos encontros. Lembro perfeitamente de cada feição do melhor amigo que já tive em toda a vida: em seus olhos a promessa de que eu nunca seria esquecida. E realmente, nunca fui. Perdi a conta das vezes em que ele carinhosamente me ligava quando eu estava no fundo do poço. Ou as mensagens – que nunca respondi – que ele constantemente me enviava, enchendo minha caixa postal eletrônica de esperanças e promessas de um futuro melhor.

Lembro que foi o seu rosto preocupado que vi quando acordei de minha cirurgia para retirada do apêndice. Lembro que foi em seu ombro que chorei a perda de meu amado pai. Foi em seu ouvido que derramei as lamentações do noivado desfeito.

Apesar do esforço para vasculhar minha mente, não consegui me lembrar de uma só vez em que tenha pego o telefone para ligar e dizer a ele o quanto era importante para mim contar com a sua amizade. Afinal, eu era uma pessoa muito ocupada. Eu não tinha tempo.

Não lembro de uma só vez em que me preocupei de procurar um texto edificante e enviar para ele, ou qualquer outro amigo, com o intuito de tornar o seu dia melhor.

Eu não tinha tempo.

Não lembro de ter feito qualquer tipo de surpresa, como aparecer de repente com uma garrafa de vinho e um coração aberto disposto a ouvir.

Eu não tinha tempo.

Não lembro de qualquer dia em que eu estivesse disposta a ouvir os seus problemas.

Eu não tinha tempo.

Acho que eu nunca sequer imaginei que ele tinha problemas. Não me dignei a reparar que constantemente meu amigo passava da conta a bebida. Achava divertido o seu jeito bêbado de ser. Afinal, bêbado ou não ele era uma ótima companhia para mim.

Só agora vejo com clareza o meu egoísmo. Talvez – e este talvez vai me acompanhar eternamente – se eu tivesse saído de meu pedestal egocêntrico e prestado um pouco de atenção e despendido um pouquinho do meu sagrado tempo, meu grande amigo não teria bebido até não agüentar mais e não teria jogado sua vida fora ao perder o controle de um carro que com certeza, não tinha a mínima condição de dirigir. Talvez, ele, que sempre inundou o meu mundo com sua iluminada presença, estivesse se sentindo sozinho. Até mesmo as mensagens engraçadas que ele constantemente deixava em minha secretária eletrônica, poderiam ser seu jeito de pedir ajuda. Aquelas mesmas mensagens que simplesmente apaguei da secretária eletrônica, jamais se apagarão da minha consciência.

Estas indagações que inundam agora o meu ser nunca mais terão resposta. A minha falta de tempo me impediu de responde-las. Agora, lentamente escolho uma roupa preta – digna do meu estado de espírito – e pego o telefone. Aviso o meu chefe de que não irei trabalhar hoje – e quem sabe nem amanhã, nem depois …. -, pois irei tirar o dia para homenagear com meu pranto a uma das pessoas que mais amei nesta vida.

Ao desligar o telefone, com surpresa eu vejo, entre lágrimas e remorsos, de que para isto, para acompanhar durante um dia inteiro o seu corpo sem vida, eu TIVE TEMPO! Descobri que se você não toma as rédeas da tua vida o tempo te engole e te escraviza. Trabalho com o mesmo afinco de sempre, mas somente sou ” a profissional” durante o expediente normal. Fora dele, sou um ser humano.

Nunca mais uma mensagem da minha secretária eletrônica ficou sem pelo menos um “oi” de retorno. Procuro constantemente encher a caixa eletrônica dos meus amigos com mensagens de amizade e dias melhores. Escrevo cartões de aniversário e de natal, sempre lembrando às pessoas de como elas são importantes para mim. Abraço constantemente meus irmãos e minha família, pois os laços que nos unem são eternos.

Esses momentos costumam desaparecer com o tempo, e todo o cuidado é pouco. Distribuo sorrisos e abraços a todos que me rodeiam afinal, para que guardá-los? -Enfim… você achou um tempinho para ler este….agora… disponha de outro minuto para mostrar para os seus amigos e familiares que vc. está pensando neles e que eles significam algo….e são importantes na sua vida ! Deixe alguém feliz…hoje…e sempre!!!!!!!!!!!!!

Tecnologia ou magia?

Leila Fagundes/ Pedagoga

Em termos tecnológicos, basta um clique ou um apertar de botões ou teclas e estamos nos comunicando com alguém via Internet ou telefone. As comunicações ficaram mais ágeis, de fácil acesso mas não tornaram os relacionamentos mais sólidos, mais amorosos ou a vida mais partilhada.

Os encontros reais estão cada vez mais complicados e exigentes, sobra o mundo virtual que aos poucos está sendo explorado por um número cada vez maior de pessoas.

Deve-se ficar atento e ter certos cuidados ao se aventurar nesse universo virtual, pois, assim como no mundo real, encontram-se pessoas más e mal-intencionadas, que mentem, que iludem e traem, tanto quanto no real. Mas também vamos encontrar pessoas desesperançosas, carentes, solitárias ou tímidas, que vêem através deste uma forma de encontrar amigos, bater um papo, se relacionar com alguém que está longe, matar a saudade, trocar idéias, dividir sentimentos, afetos e por que não, encontrar um amor.

Um desses “amigos” disse-me que “a comunicação pode ser virtual, mas os sentimentos são reais”. Comunicar-se através de tecladas é um aprendizado novo, mais uma forma de nos relacionar. Relacionamentos que surgem a partir de uma lista onde estão milhares de pessoas conectadas, e por um simples comando no teclado, escolhe-se uma. Obra do acaso ou destino? Esse simples ato pode trazer muitas surpresas, alegrias e companhia por minutos, horas ou por um tempo indeterminado.

E numa dessas tecladas você pode encontrar um amigo especial. Percebe nesse encontro que a vida é cheia de surpresas e de momentos felizes e que a qualquer momento pode nos presentear com um amor incondicional, amor de alma, amor que liberta, que nos faz crescer e ensina a viver. Onde não há cobranças, promessas, uma relação leve, madura, sincera, espontânea, espiritual, em que o comando é sentir-se feliz, fazer o outro feliz. Carpe diem. Aproveite seu dia, vivendo um dia de cada vez, sem pensar no futuro, mas na felicidade do hoje, hoje sou feliz. E sem quebrar essa magia, deixe a história continuar, não queira acelerar o relógio para que chegue a meia-noite e a carruagem vire abóbora, se é um sonho, uma fantasia, um contos de fadas, quem sabe? Quem sabe o que é real ou virtual? Sonho ou realidade? Certo ou errado? Racional ou emocional? Tecnologia ou magia? Permita-se e deixe que esse encontro seja pleno.

Porto Alegre, 09 de setembro de 2006

Zero Hora, Edição nº 14991

Tamanho do Mundo e do tempo

Um homem bom, vendo os problemas que afligiam pessoas do mundo inteiro, viu-se a pensar como poderia ajudar as pessoas do mundo inteiro a serem melhores e mais felizes.

Depois de muitos anos conseguiu doze segundos de audiência mundial em rede internacional de televisão, porém ele entendeu que era muito difícil alcançar seus objetivos e viu que não conseguiria antes de morrer.

Ele então resolveu diminuir o tamanho do mundo para o tamanho do seu país, com isso ele diminuiria o número de problemas a resolver.

Depois de muitos anos ele conseguiu um abaixo assinado gigante, para o Congresso Nacional votar a inclusão de uma linha num projeto de lei, porém mais uma vez, ele entendeu, que era muito difícil alcançar o seu objetivo e verificou que em vida jamais conseguiria.

Ele então decidiu diminuir o tamanho do mundo para o tamanho do seu bairro. Depois de muitos anos, ele conseguiu mesas e cadeiras novas para as escolas, porém constatou, que seria muito difícil resolver todos os problemas antes de findar sua vida.

Ele então, decidiu diminuir o tamanho do mundo para o tamanho da sua família, porém ele verificou que não constituira família, não casara e não tinha filhos.

Percebendo que o primeiro problema estava num mundo do tamanho dele, ele começou a conseguir resolver todos os problemas do mundo: Casou, teve cinco filhos, entre eles dois adotados, e contou-lhes sua missão, com a certeza de que seus filhos se multiplicariam e passariam adiante, que a missão de resolver os problemas do mundo, depende de resolver primeiro seus próprios problemas.

Odylanor Havlis, do livro “O Eremita Urbano”

Tales e as nove Perguntas

Tales de Mileto, filósofo grego, o mais antigo dos Sete Sábios da Grécia (624 a 546 A.C.), durante parte de sua vida foi um bom comerciante. Após enriquecer, retirou-se dos negócios e pôde dedicar-se aos estudos, adquirindo muitos conhecimentos através de viagens.

Aprende Geometria com sacerdotes egípcios, previu o primeiro eclipse solar no ano de 500 a. C. E determinou a duração do ano. Ainda em vida, foi considerado o pai da Astronomia, da Geometria e da Aritmética.

Em certa ocasião, foi inquirido sobre 9 questões. hei-las, seguidas da resposta de Tales:

  1. Qual a coisa mais velha de todas as coisas?
    Deus, porque ele sempre existiu.
  2. Qual a mais bela de todas as coisas?
    O universo, porque é trabalho de Deus.
  3. Qual a maior de todas coisas?
    O espaço, porque ele contém o que foi criado.
  4. Qual a mais constante de todas as coisas?
    A esperança, porque ela permanece nos homens mesmo depois de Terem perdido tudo.
  5. Qual é a melhor de todas as coisas?
    A liberdade, porque sem ela não há nada de bom.
  6. Qual é a rápida de todas as coisas?
    O pensamento, porque em um segundo pode voar para o extremo do universo.
  7. Qual é a mais forte de todas as coisas?
    A necessidade, porque ela faz os homens enfrentarem os perigos da vida.
  8. Qual é a mais fácil de todas as coisas?
    Dar conselhos.
  9. Qual a mais difícil de todas as coisas?
    Conhecer a si mesmo

TAJ MAHAL – Maior Prova de Amor da História

Talvez a melhor de todas as histórias de amor da História. Sem dúvida representa o maior símbolo de devoção feito para uma paixão. Por volta da metade do século XVII, o imperador Shah Jahan perdeu a sua esposa favorita com uma morte prematura, após ela dar à luz ao 14° filho dele.

Ela era a inspiração de todos os seus atos. Para recuperar a motivação para governar, ele teve um ideia genial, lembrada até hoje, ou seja, construir um monumento em homenagem a sua amada.

A onipresente obra foi erguida com a ajuda de 20 mil homens contratados de diversas regiões distintas do Oriente. A construção sumptuosa de mármore branca foi erguida entre 1632 e 1653, representando a maior prova de amor do mundo.

Surpreenda-se

Por Paulo Roberto Gaefke

Descubra, em primeiro lugar, o que você tem de bom para oferecer ao mundo.

Sabe aquele seu sorriso que encanta a todos?

Ou aquele seu jeito de falar sempre educadamente, com carinho e atenção?

Quem sabe não seja a sua facilidade de cuidar dos doentes (do corpo e da alma)?

Pode ser, que todo mundo goste mesmo é da sua disposição e admirem ou até mesmo invejem a sua atitude sempre firme.

Hoje é dia de descobertas.

Coloque um desafio diferente para a sua vida.

Desafie-se!

Prove-se!

Não seja pessimista ou otimista demais, caia na real e use a sua força, a sua fé, a sua determinação para buscar, ainda hoje, uma saída, uma conquista, uma mudança, por menor que seja, na sua vida rotineira.

Aliás, esse é o maior desafio para muita gente: sair da rotina. A maioria sente-se incapaz de mudar o roteiro de sua vida, sair daquele velho trajeto que acostumou a fazer todos os dias.

Tem muita gente que é infeliz, porque aceitou e acostumou-se com a infelicidade.

Porque botou na cabeça que não merece ser feliz, que sua vida não tem solução.

E isso não é verdade porque tudo pode ser diferente.

Então aqui vai uma proposta. Um desafio: faça algo diferente na sua vida.

Pode ser na maneira de vestir-se. Pode ser na mudança do cheiro (perfume) de sempre.

Pode ser no jeito de falar. Pode ser no jeito de andar.

Pode ser no trajeto de casa para o trabalho ou vice-versa.

Que tal, só para variar, pegar um ônibus ou um trajeto errado?

Faça alguma coisa para sair da rotina:

Surpreenda a pessoa amada, mande flores, um cartão animado, uma mensagem fonada.

Surpreenda seus pais e pendure-se no pescoço deles enchendo-os de beijos.

Surpreenda um amigo e diga o quanto ele é importante na sua vida.

Surpreenda seu chefe e termine seu serviço com mais eficiência.

Surpreenda seus professores e tire nota máxima em todas ás provas.

Surpreenda a você mesmo, e perceba que você é feliz com o que já possui.

Reconheça que possui qualidades maravilhosas que andam escondidas por algum trauma sofrido.

Por fim, surpreenda Deus, mostrando que você não é apenas um ser pedinte, um mendigo da esmola divina, e agradeça pelo que tem.

Sucesso

Nizan Guanaes

Dizem que conselho só se dá a quem pede. E, se vocês me convidaram para paraninfo, estou tentado a acreditar que tenho sua licença para dar alguns.

Portanto, apesar da minha pouca autoridade para dar conselhos a quem quer que seja, aqui vão alguns, que julgo valiosos.

Não paute sua vida, nem sua carreira, pelo dinheiro. Ame seu ofício com todo o coração. Persiga fazer o melhor. Seja fascinado pelo realizar, que o dinheiro virá como conseqüência.

Quem pensa só em dinheiro não consegue sequer ser nem um grande bandido, nem um grande canalha.

Napoleão não invadiu a Europa por dinheiro. Hitler não matou 6 milhões de judeus por dinheiro. Michelangelo não passou 16 anos pintando a capela sistina por dinheiro. E, geralmente, os que só pensam nele não o ganham. Porque são incapazes de sonhar.

E tudo que fica pronto na vida foi construído antes, na alma.

A propósito disso, lembro-me de uma passagem extraordinária, que descreve o diálogo entre uma freira americana cuidando de leprosos no pacífico e um milionário texano. O milionário, vendo-a tratar daqueles leprosos, disse:

— Freira, eu não faria isso por dinheiro nenhum no mundo.

E ela responde:

— Eu também não, meu filho.

Não estou fazendo com isso nenhuma apologia à pobreza, muito pelo contrário. Digo apenas que pensar e realizar, tem trazido mais fortuna do que pensar em fortuna.

Meu segundo conselho:

Pense no seu país. Porque, principalmente hoje, pensar em todos é a melhor maneira de pensar em si.

Afinal é difícil viver numa nação onde a maioria morre de fome e a minoria morre de medo. O caos político gera uma queda de padrão de vida generalizada. Os pobres vivem como bichos e uma elite brega, sem cultura e sem refinamento, não chega a viver como homem. Roubam, mas vivem uma vida digna de Odorico Paraguassu.

Meu terceiro conselho vem diretamente da bíblia:

“Seja quente ou seja frio, não seja morno que eu te vomito” é exatamente isso que está escrito na carta de Laudiceia:

Seja quente ou seja frio, não seja morno que eu te vomito:

É preferível o erro à omissão. O fracasso, ao tédio. O escândalo, ao vazio.

Porque já vi grandes livros e filmes sobre a tristeza, a tragédia, o fracasso. Mas ninguém narra o ócio, a acomodação, o não fazer, o remanso.

Colabore com seu biógrafo. Faça, erre, tente, falhe, lute. Mas, por favor, não jogue fora, se acomodando, a extraordinária oportunidade de ter vivido.

Tendo consciência de que, cada homem foi feito para fazer história. Que todo homem é um milagre e traz em si uma evolução. Que é mais do que sexo ou dinheiro. Você foi criado para construir pirâmides e versos,descobrir continentes e mundos, e, caminhar sempre com um saco de interrogações na mão e uma caixa de possibilidades na outra.

Não use “rider”, não dê férias a seus pés. Não se sente e passe a ser analista da vida alheia, espectador do mundo, comentarista do cotidiano, dessas pessoas que vivem a dizer: eu não disse! Eu sabia!

Toda família tem um tio batalhador e bem de vida. E, durante o almoço de domingo, tem que agüentar aquele outro tio muito inteligente e fracassado contar tudo que ele faria, se fizesse alguma coisa.

Chega dos poetas não publicados. Empresários de mesa de bar. Pessoas que fazem coisas fantásticas toda sexta de noite, todo sábado e domingo, mas que na segunda não sabem concretizar o que falam.

Porque não sabem ansiar, não sabem perder a pose, porque não sabem recomeçar. Porque não sabem trabalhar. Eu digo: trabalhem, trabalhem, trabalhem. De 8 às 12, de 12 as 8 e mais se for preciso.

Trabalho não mata. Ocupa o tempo. Evita o ócio, que é a morada do demônio, e constrói prodígios.

O Brasil, este país de malandros e espertos, da vantagem em tudo, tem muito que aprender com aqueles trouxas dos japoneses. Porque aqueles trouxas japoneses que trabalham de sol a sol construíram, em menos de 50 anos, a 2ª maior megapotência do planeta, enquanto nós, os espertos, construímos uma das maiores impotências do trabalho.

Trabalhe! Muitos de seus colegas dirão que você está perdendo sua vida, porque você vai trabalhar enquanto eles veraneiam.

Porque você vai trabalhar, enquanto eles vão ao mesmo bar da semana anterior, conversar as mesmas conversas, mas o tempo, que é mesmo o senhor da razão, vai bendizer o fruto do seu esforço, e só o trabalho lhe leva a conhecer pessoas e mundos que os acomodados não conhecerão.

E isso se chama sucesso.

Sua vez, vovô …

Da Europa em guerra, conta-se que uma família foi forçada a sair de sua casa quando tropas inimigas invadiram a localidade onde viviam. Para fugir aos horrores da guerra, perceberam que sua única chance seria atravessar as montanhas que circundavam a cidade.

Se conseguissem êxito na escalada, alcançariam o país vizinho e estariam a salvo. A família compunha-se de umas dez pessoas, de diversas idades. Reuniram-se e planejaram os detalhes: a saída de casa, por onde tentariam a difícil travessia. O problema era o avô.

Com muitos anos aos ombros, ele não estava muito bem. A viagem seria dura.

— “Deixem-me”, falou ele.- “Serei um empecilho para o êxito de vocês. Somente atrapalharei.

Afinal, os soldados não irão se importar com um homem velho como eu”.

Entretanto, os filhos insistiram para que ele fosse. Chegaram a afirmar que se ele não fosse, eles também ali permaneceriam.

Vencido pelas argumentações, o idoso cedeu. A família partiu em direção à cadeia de montanhas. A caminhada era feita em silêncio.

Todo esforço desnecessário deveria ser poupado. Como entre eles havia uma menina de apenas um ano, combinaram que, a fim de que ninguém ficasse exausto, ela seria carregada por todos os componentes da família, em sistema de revezamento.

Depois de várias horas de subida difícil, o avô se sentou em uma rocha. Deixou pender a cabeça e quase em desespero, suplicou: – “Deixem-me para trás. Não vou conseguir. Continuem sozinhos”.

— “De forma alguma o deixaremos. Você tem de conseguir. Vai conseguir”, falou com entusiasmo o filho.

— “Não”, insistiu o avô, “deixem-me aqui”.

O filho não se deu por vencido. Aproximou-se do pai e energicamente lhe disse: – “Vamos, pai. Precisamos do senhor. É a sua vez de carregar o bebê”.

O homem levantou o rosto. Viu as fisionomias cansadas de todos. Olhou para o bebê enrolado em um cobertor, no colo do seu neto de treze anos. O garoto era tão magrinho e parecia estar realizando um esforço sobre-humano para segurar o pesado fardo. O avô se levantou. – “Claro”, falou, “é a minha vez. Passem-me o bebê”.

Ajeitou a menina no colo. Olhou para o seu rostinho inocente e sentiu uma força renovada. Um enorme desejo de ver sua família a salvo, numa terra neutra, em que a guerra seria somente uma memória distante tomou conta dele. – “Vamos”, disse, com determinação.

— “Já estou bem. Só precisava descansar um pouco. Vamos andando”. O grupo prosseguiu, com o avô carregando a netinha. Naquela noite, a família conseguiu cruzar a fronteira a salvo.

Todos os que iniciaram o longo percurso pelas montanhas conseguiram terminá-lo. Inclusive o avô.

Se alguém a seu lado, está prestes a desistir das lutas que lhe compete, ofereça-lhe um incentivo. Recorde da importância que ele tem para a pequena ou grande comunidade em que se movimenta. Lembre-o que, no círculo familiar, na roda de amigos ou no trabalho voluntário, ele é alguém que faz a diferença.

Ninguém é substituível. Cada criatura é única e tem seu próprio valor. Uma tarefa pode ser desempenhada por qualquer pessoa, mas uma pessoa jamais substituirá a outra. Não permita que ninguém fique à margem do caminho somente porque não recebeu um inentivo , um estímulo, um motivo para prosseguir, até a vitória final.

Sou professor

John W. Schlatter

Sou professor.

Nasci no momento exato em que uma pergunta saltou da boca de uma criança.

Fui muitas pessoas em muitos lugares.

Sou Sócrates, estimulando a juventude de Atenas a descobrir novas idéias através de perguntas.

Sou Anne Sullivan, extraindo os segredos do universo da mão estendida de Helen Keller.

Sou Esopo e Hans Christian Andersen, revelando a verdade através de inúmeras histórias.

Sou Marva Collins, lutando pelo direito de toda a criança à Educação.

Sou Mary McCloud Bethune, construindo uma grande universidade para meu povo, utilizando caixotes de laranja como escrivaninhas.

Sou Bel Kauffman, lutando para colocar em prática o Up Down Staircase.

Os nomes daqueles que praticaram minha profissão soam como um corredor da fama para a humanidade…

Booker T. Washington, Buda, Confúcio, Ralph Waldo Emerson, Leo Buscaglia, Moisés e Jesus.

Sou também aqueles cujos nomes foram há muito esquecidos, mas cujas lições e o caráter serão sempre lembrados nas realizações de seus alunos.

Tenho chorado de alegria nos casamentos de ex-alunos, gargalhado de júbilo no nascimento de seus filhos e permanecido com a cabeça baixa de pesar e confusão ao lado de suas sepulturas cavadas cedo demais, para corpos jovens demais.

Ao longo de cada dia tenho sido solicitado como ator, amigo, enfermeiro e médico, treinador, descobridor de artigos perdidos, como o que empresta dinheiro, como motorista de táxi, psicólogo, pai substituto, vendedor, político e mantenedor da fé.

A despeito de mapas, gráficos, fórmulas, verbos, histórias e livros, não tenho tido, na verdade, nada o que ensinar, pois meus alunos têm apenas a si próprios para aprender, e eu sei que é preciso o mundo inteiro para dizer a alguém quem ele é.

Sou um paradoxo.

É quando falo alto que escuto mais.

Minhas maiores dádivas estão no que desejo receber agradecido de meus alunos.

Riqueza material não é um dos meus objetivos, mas sou um caçador de tesouros em tempo integral, em minha busca de novas oportunidades para que meus alunos usem seus talentos e em minha procura constante desses talentos que, às vezes, permanecem encobertos pela autoderrota.

Sou o mais afortunado entre todos os que labutam.

A um médico é permitido conduzir a vida num mágico momento.

A mim, é permitido ver que a vida renasce a cada dia com novas perguntas, idéias e amizades.

Um arquiteto sabe que, se construir com cuidado, sua estrutura poderá permanecer por séculos.

Um professor sabe que, se construir com amor e verdade, o que construir durará para sempre.

Sou um guerreiro, batalhando diariamente contra a pressão dos colegas, o negativismo, o medo, o conformismo, o preconceito, a ignorância e a apatia.

Mas tenho grandes aliados: Inteligência, Curiosidade, Apoio paterno, Individualidade, Criatividade, Fé, Amor e Riso, todos correm a tomar meu partido com apoio indômito.(…)

E assim, tenho um passado rico em memórias.

Tenho um presente de desafios, aventuras e divertimento, porque a mim é permitido passar meus dias com o futuro.

Sou professor… e agradeço a Deus por isso todos os dias.

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