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Fazer O Que Se Gosta x Gostar Do Que Se Faz

por Stephen Kanitz

A escolha de uma profissão é o primeiro calvário de todo adolescente. Muitos tios, pais e orientadores vocacionais acabam recomendando “fazer o que se gosta”, um conselho confuso e equivocado.

Nenhuma empresa paga profissional para fazer o que os funcionários gostam, que normalmente é jogar futebol, ler um livro ou tomar chope na praia. Justamente, paga-se um salário para compensar o fato de que o trabalho é essencialmente chato.

Mesmo que você ache que gosta de algo no início de uma carreira, continuar a gostar da mesma coisa 25 anos depois não é tão fácil assim. Os gostos mudam, e aí você muda de profissão em profissão?

As coisas que eu realmente gosto de fazer, eu faço de graça, como organizar o Prêmio Bem Eficiente; ou faço quase de graça, como escrever artigos para a imprensa.

Eu duvido que os jogadores profissionais de futebol adorem acordar às 6 horas todo dia para treinar, faça sol, faça chuva. No fim de semana eles jogam bilhar, não o futebol que tanto dizem adorar. O “ócio criativo”, o sonho brasileiro de receber um salário para “fazer o que se gosta”, somente é alcançado por alguns professores de filosofia que podem ler o que gostam em tempo integral. Nós, a grande maioria dos mortais, teremos que trabalhar em algo que não necessariamente gostamos, mas que precisará ser feito. Algo que a sociedade demanda.

Toda semana recebo jovens que querem trabalhar na minha consultoria num projeto social. “Quero ajudar os outros, não quero participar deste capitalismo selvagem”.

Nestes casos, peço para deixarem comigo seus sapatos e suas meias, e voltarem a conversar comigo em uma semana. Normalmente nunca voltam, não demora mais do que 30 minutos para a ficha cair. É uma arrogância intelectual que se ensina nas universidades brasileiras e um insulto aos sapateiros e aos trabalhadores dizer que eles não ajudam os outros. O que seria de nós se ninguém produzisse sapatos e meias, só porque alguns membros da sociedade só querem “fazer o que gostam?”

Quem irá retirar o lixo, que pediatra e obstetra atenderá você às 2 da madrugada? Vocês acham que médicos e enfermeiras atendem aos sábados e domingos porque gostam?

Felizmente para nós, os médicos, empresas, hospitais e entidades beneficentes que realmente ajudam os outros, estão aí para fazer o que precisa ser feito, aos sábados, domingos e feriados. Eu respeito muito mais os altruístas que fazem aquilo que precisa ser feito, do que os egoístas que só querem “fazer o que gostam”.

Teremos então que trabalhar em algo que odiamos, condenados a uma vida profissional chata e opressora?

A saída é aprender a gostar do que você faz, em vez de gastar anos a fio mudando de profissão até achar o que você gosta. E isto é mais fácil do que você pensa. Basta fazer o seu trabalho com esmero, um trabalho super bem feito. Curta o prazer da excelência, o prazer estético da qualidade e da perfeição.

Se quiser procurar algo, descubra suas habilidades naturais, que permitirão fazer seu trabalho com distinção e que o colocarão à frente dos demais.

Sempre fui um perfeccionista. Fiz muitas coisas chatas na vida, mas sempre fiz questão de fazê-las bem feitas. Sou até criticado por isto, demoro demais, vivo brigando com quem é medíocre, reescrevo estes artigos umas 40 vezes para o desespero dos editores, sou super exigente, comigo e com os outros. Hoje, percebo que foi este perfeccionismo que me permitiu sobreviver à chatice da vida, que me fez gostar das coisas chatas que tenho de fazer.

Se você não gosta do seu trabalho, tente fazê-lo bem feito. Seja o melhor na sua área, destaque-se pela sua precisão. Você será aplaudido, valorizado, procurado e outras portas se abrirão. Você vai começar a gostar do que faz, vai começar até a ser criativo, inventando coisa nova, e isto é um raro prazer.

Faça o seu trabalho mal feito e você estará odiando o que faz, a sua empresa, o seu patrão, os seus colegas, o seu país e a si mesmo. Esta é na minha opinião, o problema número 1 do Brasil. Fazemos tudo mal feito, fazemos o mínimo necessário, simplesmente porque não aprendemos a gostar do que temos de fazer e não realizamos tudo bem feito, com qualidade e precisão.

Faça como os passarinhos

Faça como os passarinhos. Comece o dia cantando.
A música é o alimento para o espírito.
Cante qualquer coisa, cante desafinado, mas cante!
Cantar dilata os pulmões e abre a alma para tudo de bom que a vida tem por oferecer.
Se insistir em não cantar, ao menos ouça muita música e deixe-se absorver por ela.
Ria da vida.
Ria dos problemas.
Ria de você mesmo.
Ria das coisas boas que lhe acontecem.
Ria das besteiras que fez.
Ria abertamente para que todos possam se contagiar com a sua alegria.
Não se deixe abater pelos problemas.
Se você se convencer de que está bem,
vai acabar acreditando e se sentindo bem.
O bom humor, assim como o mau humor, é contagiante.
Qual deles você escolhe?
Leia coisas positivas. Leia bons livros, poesias,
pois a poesia é a arte de aceitar a alma. Pratique algum esporte.
O peso da cabeça é muito grande e ter que ser contrabalançado com alguma coisa.
Você certamente vai se sentir bem disposta, mais animada e mais jovem.
Encare suas obrigações com satisfação. É maravilhoso quando se gosta do que faz.
Ponha amor em tudo o que estiver ao seu alcance.
Quando for fazer alguma coisa, mergulhe de cabeça.
Não viva emoções mornas, próprias de pessoas mornas.
Não deixe as oportunidades que a vida oferece.
Elas não voltam.
Nenhuma barreira é intransponível se você estiver disposto a lutar.
Não deixe que os problemas acumulem.
Resolva-os logo!
Fale.
Converse.
Escute.
Brigue.
O que mata é o silêncio e o rancor.
Exteriorize tudo, deixe que as pessoas saibam que você as estima, as ama, precisa delas, principalmente em família.
Amar não é vergonha.

Mensagem extraída de um texto escrito por Benjamin Franklin

Faça a sua parte

Em um certo lugar do Oriente, um Rei resolveu criar um lago diferente para as pessoas do seu povoado.

Ele quis criar um lago de leite. Então pediu para que cada um de seus súditos levasse apenas um copo de leite; com a cooperação de todos, o lago seria preenchido.

O Rei muito entusiasmado esperou até a manhã seguinte para ver o seu lago de leite.

Mas, tal foi a sua surpresa no outro dia pela manhã quando viu o lago cheio de água e não de leite.

Consultou o seu conselheiro que o informou, que as pessoas do povoado tiveram todas o mesmo pensamento :

NO MEIO DE TANTO COPO DE LEITE, SE SÓ O MEU FOR DE ÁGUA, NINGUÉM VAI NOTAR…

Pense nisto !

É por isso que estamos nessa situação , onde todos por comodismo esperam pelos outros ! “O bem que não fazes, já é o próprio mal que estás a fazer”. ( Paulo Tarso)

Se o desonesto soubesse a vantagem de ser honesto, o seria só por desonestidade ! – “Sêneca”

Não espere pelo leite dos outros para encher o lago da vida, participe com sua parte !

Colaboração: Renato Antunes Oliveira

Eu sou…

Eu sou o homem que vai a um restaurante, senta-se à mesa e, pacientemente, espera enquanto o garçom faz tudo, menos o meu pedido.

Eu sou o homem que vai a uma loja e aguarda calado, enquanto os vendedores terminam suas conversas.

Eu sou o homem que entra num posto de gasolina e nunca toca a buzina, mas espera pacientemente que o empregado se disponha a me atender.

Eu sou o homem que explica sua desesperada e imediata necessidade de uma encomenda, mas não reclama quando a recebe após três semanas, somente.

Eu sou o homem que, quando entra numa empresa, parece estar pedindo um favor, ansiando por um sorriso ou esperando apenas ser notado.

Eu sou o homem que entra num banco e aguarda tranqüilamente que as recepcionistas e os caixas terminem de conversar ao telefone, e espera pacientemente enquanto os funcionários trocam idéias ou, simplesmente, abaixam a cabeça e fingem não me ver.

Você deve estar pensando que sou uma pessoa quieta, paciente, do tipo que nunca cria problemas.

Engana-se. Sabe quem eu sou?

Eu sou o CLIENTE QUE NUNCA MAIS VOLTA !

Divirto-me, vendo milhões serem gastos todos os anos em anúncios de toda ordem, para levar-me de novo à sua empresa.

Quando fui lá, tudo o que deviam ter feito era apenas a pequena gentileza, tão barata, de me dar um pouco de “ATENÇÃO”.

Clientes podem demitir todos de uma empresa, do mais alto executivo para baixo, simplesmente gastando seu dinheiro em algum outro lugar.

Sam Walton, Fundador da Wal-Mart, a maior cadeia de varejo do mundo.

Eu não gostava do papa João Paulo II

Arnaldo Jabor

Escrevo enquanto vejo a morte do papa na TV. E me espanto com a imensa emoção mundial. Espanto-me também comigo mesmo: “Como eu estou sozinho!” – pensei.

Percebi que tinha de saber mais sobre mim, eu, sozinho, sem fé nenhuma, no meio deste oceano de pessoas rezando no Ocidente e Oriente. Meu pai, engenheiro e militar, me passou dois ensinamentos: ele era ateu e torcia pelo América Futebol Clube. Claro que segui seus passos. Fui América até os 12 anos, quando “virei casaca” para o Flamengo (mas até hoje tenho saudade da camisa vermelha, garibaldina, do time de João Cabral e Lamartine Babo), e parei de acreditar em Deus.

Sei que “de mortuis nihil nisi bonum” (“não se fala mal de morto”), mas devo confessar que nunca gostei desse papa. Por quê? Não sei. É que sempre achei, nos meus traumas juvenis, que papa era uma coisa meio inútil, pois só dava opiniões genéricas sobre a insânia do mundo, condenando a “maldade” e pedindo uma “paz” impossível, no meio da sujeira política.

Quando João Paulo entrou, eu era jovem e implicava com tudo. Eu achava vigarice aquele negócio de fingir que ele falava todas as línguas. Que papo era esse do papa? Lendo frases escritas em partituras fonéticas… Quando ele começou a beijar o chão dos países visitados, impliquei mais ainda. Que demagogia! – reinando na corte do Vaticano e bancando o humilde…

Um dia, o papa foi alvejado no meio da Praça de São Pedro, por aquele maluco islâmico, prenúncio dos tempos atuais. Eu tenho a teoria de que aquele tiro, aquela bala terrorista despertou-o para a realidade do mundo. E o papa sentiu no corpo a desgraça política do tempo. Acho que a bala mudou o papa. Mas, fiquei irritadíssimo quando ele, depois de curado, foi à prisão “perdoar” o cara que quis matá-lo. Não gostei de sua “infinita bondade” com um canalha boçal. Achei falso seu perdão que, na verdade, humilhava o terrorista babaca, como uma vingança doce.

E fui por aí, observando esse papa sem muita atenção. É tão fácil desprezar alguém, ideologicamente… Quando vi que ele era “reacionário” em questões como camisinha, pílula e contra os arroubos da Igreja da Libertação, aí não pensei mais nele… Tive apenas uma admiração passageira por sua adesão ao Solidariedade do Walesa, mas, como bom “materialista”, desvalorizei o movimento polonês como “idealista”, com um Walesa meio “pelego”. E o tempo passou.

Depois da euforia inicial dos anos 90, vi que aquela esperança de entendimento político no mundo, capitaneado pelo Gorbachev, fracassaria. Entendi isso quando vi o papai Bush falando no Kremlin, humilhando o Gorba, considerando-se “vitorioso”, prenunciando as nuvens negras de hoje com seu filhinho no poder. Senti que o sonho de entendimento socialismo-capitalismo ia ser apenas o triunfo triste dos neoconservadores. O mundo foi piorando e o papa viajando, beijando pés, cantando com Roberto Carlos no Rio. Uma vez, ele declarou: “A Igreja Católica não é uma democracia.” Fiquei horrorizado naquela época liberalizante e não liguei mais para o papa “de direita”.

Depois, o papa ficou doente, há dez anos. E eu olhava cruelmente seus tremores, sua corcova crescente e, sem compaixão nenhuma, pensava que o pontífice não queria “largar o osso” e ria, como um anti-Cristo.

Até que, nos últimos dias, João Paulo II chegou à janela do Vaticano, tentou falar… e num esgar dolorido, trágico, foi fotografado em close, com a boca aberta, desesperado.

Essa foto é um marco, um símbolo forte, quase como as torres caindo em NY. Parece um prenúncio do Juízo Final, um rosto do Apocalipse, a cara de nossa época. É aterrorizante ver o desespero do homem de Deus, do Infalível, do embaixador de Cristo. Naquele momento, Deus virou homem. E, subitamente, entendi alguma coisa maior que sempre me escapara: aquele rosto retorcido era o choro de uma criança, um rosto infantil em prantos! O papa tinha voltado ao seu nascimento e sua vida se fechava. Ali estava o menino pobre, ex-ator, ex-operário, ali estavam as vítimas da guerra, os atacados pelo terror, ali estava sua imensa solidão igual à nossa. Então, ele morreu. E ontem, vendo os milhões chorando pelo mundo, vendo a praça cheia, entendi de repente sua obra, sua imensa importância. Vendo a cobertura da Globo, montando sua vida inteira, seus milhões de quilômetros viajados, da África às favelas do Nordeste, entendi o papa. Emocionado, senti minha intensíss ima solidão de ateu. Eu estava fora daquelas multidões imensas, eu não tinha nem a velha ideologia esfacelada, nem uma religião para crer, eu era um filho abandonado do racionalismo francês, eu era um órfão de pai e mãe. Aí, quem tremeu fui eu, com olhos cheios d’água. E vi que Karol Wojtyla, tachado superficialmente de “conservador”, tinha sido muito mais que isso. Ele tinha batido em dois cravos: satisfez a reacionaríssima Cúria Romana implacável e cortesã e, além disso, botou o pé no mundo, fazendo o que italiano nenhum faria: rezar missa para negões na África e no Nordeste, levando seu corpo vivo como símbolo de uma espiritualidade perdida. O conjunto de sua obra foi muito além de ser contra ou a favor da camisinha. Papa não é para ficar discutindo questões episódicas. É muito mais que isso. Visitou o Chile de Pinochet e o Iraque de Saddam e, ao contrário de ser uma “adesão alienada”, foi uma crítica muito mais alta, mostrando-se acima de sórdidas políticas seculares, levando consigo o Espírito, a idéia de Transcendência acima do mercantilismo e de ditaduras. E foi tão “moderno” que usou a “mídia” sim, muito bem, como Madonna ou Pelé.

E nisso, criticou a Cúria por tabela, pois nenhum cardeal sairia do conforto dos palácios para beijar pé de mendigo na América Latina. João Paulo cumpriu seu destino de filósofo acima do mundo, que tanto precisa de grandeza e solidariedade.

Sou ateu, sozinho, condenado a não ter fé, mas vi que se há alguma coisa de que precisamos hoje é de uma nova ética, de um pensamento transcendental, de uma espiritualidade perdida. João Paulo na verdade deu um show de bola.

E tudo mudou…

Luiz Fernando Veríssimo

O rouge virou blush
O pó-de-arroz virou pó-compacto
O brilho virou gloss
O rímel virou máscara incolor
A Lycra virou stretch
Anabela virou plataforma
O corpete virou porta-seios
Que virou sutiã
Que virou lib,
Que virou silicone

A peruca virou aplique, interlace, megahair, alongamento
A escova virou chapinha
‘Problemas de moça’ viraram TPM
Confete virou MM
A crise de nervos virou estresse
A chita virou viscose.
A purpurina virou gliter
A brilhantina virou musse
Os halteres viraram bomba
A ergométrica virou spinning
A tanga virou fio dental
E o fio dental virou anti-séptico bucal

Ninguém mais vê…
Ping-Pong virou Babaloo
O a-la-carte virou self-service
A tristeza, depressão
O espaguete virou Miojo pronto
A paquera virou pegação
A gafieira virou dança de salão
O que era praça virou shopping
A areia virou ringue

A caneta virou teclado
O long play virou CD
A fita de vídeo é DVD
O CD já é MP3

É um filho onde éramos seis
O álbum de fotos agora é mostrado por email
O namoro agora é virtual
A cantada virou torpedo
E do ‘não’ não se tem medo
O break virou street
O samba, pagode
O carnaval de rua virou Sapucaí
O folclore brasileiro, halloween
O piano agora é teclado, também
O forró de sanfona ficou eletrônico

Fortificante não é mais Biotônico
Bicicleta virou Bis
Polícia e ladrão virou counter strike
Folhetins são novelas de TV
Fauna e flora a desaparecer
Lobato virou Paulo Coelho
Caetano virou um chato
Chico sumiu da FM e tv
Baby se converteu
RPM desapareceu
Elis ressuscitou em Maria Rita
Gal virou fênix
Raul e Renato, Cássia e Cazuza, Lennon e Elvis,
Todos anjos
Agora só tocam lira…

A AIDS virou gripe
A bala antes encontrada agora é perdida
A violência está coisa maldita!
A maconha é calmante
O professor é agora o facilitador
As lições já não importam mais
A guerra superou a paz
E a sociedade ficou incapaz…

… De tudo.
inclusive de notar essas diferenças.

Envelhecer e Crescer Saber Viver

No primeiro dia de aula nosso professor se apresentou aos alunos, e nos desafiou a que nos apresentássemos a alguém que não conhecêssemos ainda.

Eu fiquei em pé para olhar ao redor quando uma mão suave tocou meu ombro.

Olhei para trás e vi uma pequena senhora, velhinha e enrugada, sorrindo radiante para mim. Um sorriso lindo que iluminava todo o seu ser.

Ela disse:

— Hei, bonitão, meu nome é Rosa. Eu tenho oitenta e sete anos de idade. Posso te dar um abraço?

Eu ri, e respondi entusiasticamente:

— É claro que pode!, e ela me deu um gigantesco apertão.

Não resisti e perguntei-lhe:

— Por que você está na faculdade em tão tenra e inocente idade?, e ela respondeu brincalhona:

— Estou aqui para encontrar um marido rico, casar, ter um casal de filhos, e então me aposentar e viajar.

— Está brincando, eu disse.

Eu estava curioso em saber o que a havia motivado a entrar neste desafio com a sua idade, e ela disse:

— Eu sempre sonhei em ter um estudo universitário, e agora estou tendo um!

Após a aula nós caminhamos para o prédio da união dos estudantes, e dividimos um milkshake de chocolate. Nos tornamos amigos instantaneamente.

Todos os dias nos próximos três meses nós teríamos aula juntos e falaríamos sem parar. Eu ficava sempre extasiado ouvindo aquela “máquina do tempo” compartilhar sua experiência e sabedoria comigo.

No decurso de um ano, Rose tornou-se um ícone no campus universitário, e fazia amigos facilmente, onde quer que fosse. Ela adorava vestir-se bem, e revelava-se na atenção que lhe davam os outros estudantes. Ela estava curtindo a vida!

No fim do semestre nós convidamos Rose para falar no nosso banquete de futebol. Jamais esquecerei o que ela nos ensinou.

Ela foi apresentada e se aproximou do podium.

Quando ela começou a ler a sua fala, já preparada, deixou cair três, das cinco folhas no chão. Frustrada e um pouco embaraçada, ela pegou o microfone e disse simplesmente:

— Desculpem-me, eu estou tão nervosa! Eu não conseguirei colocar meus papéis em ordem de novo, então me deixem apenas falar para vocês sobre aquilo que eu sei.

Enquanto nós ríamos, ela limpou sua garganta e começou:

— Nós não paramos de jogar porque ficamos velhos; nós nos tornamos velhos porque paramos de jogar. Existem somente quatro segredos para continuarmos jovens, felizes e conseguir o sucesso. Primeiro, você precisa rir e encontrar humor em cada dia. Segundo, você precisa ter um sonho. Quando você perde seus sonhos, você morre. Nós temos tantas pessoas caminhando por aí que estão mortas e nem desconfiam! Terceiro, há uma enorme diferença entre envelhecer e crescer. Se você tem dezenove anos de idade e ficar deitado na cama por um ano inteiro, sem fazer nada de produtivo, você ficará com vinte anos. Se eu tenho oitenta e sete anos e ficar na cama por um ano e não fizer coisa alguma, eu ficarei com oitenta e oito anos.

Qualquer um, mais cedo ou mais tarde ficará mais velho. Isso não exige talento nem habilidade, é uma conseqüência natural da vida. A idéia é crescer através das oportunidades. E por último, não tenha remorsos. Os velhos geralmente não se arrependem por aquilo que fizeram, mas sim por aquelas coisas que deixaram de fazer. As únicas pessoas que tem medo da morte são aquelas que tem remorsos.

Ela concluiu seu discurso cantando corajosamente “A Rosa”. Ela desafiou a cada um de nós a estudar poesia e vivê-la em nossa vida diária.

O fim do ano Rose terminou o último ano da faculdade que começara há tantos anos atrás.

Uma semana depois da formatura, Rose morreu tranqüilamente em seu sono.

Mais de dois mil alunos da faculdade foram ao seu funeral, em tributo à maravilhosa mulher que ensinou, através de seu exemplo, que nunca é tarde demais para ser tudo aquilo que você pode provavelmente será, se realmente desejar.

Lembre-se: “envelhecer é inevitável, mas crescer é opcional!”

Elegância

A vida moderna caracteriza-se pela informalidade, pela pressa e pelas mudanças constantes.

Hábitos até pouco tempo bastante difundidos, hoje são raros.

A carta escrita a mão foi substituída por mensagem via e-mail.

Poucos homens permanecem puxando a cadeira para suas companheiras ou abrindo a porta do carro para elas.

Malgrado todo o interesse por almas gêmeas e temas da espécie, o romantismo parece quase extinto.

Há muita afoiteza em começar, consumar e terminar os relacionamentos.

Prestar atenção no companheiro, identificar seus sonhos e os tesouros de seu mundo íntimo, tudo isso se afigura terrivelmente fora de moda.

Tal descuido com a essência do ser humano está presente em quase todas as espécies de relações.

Tem-se pressa para tudo.

Essa urgência desmedida faz com que regras básicas de educação sejam constantemente ignoradas.

Os cumprimentos, quando existem, são lacônicos e despidos de calor.

Uma palavra mal posta é de pronto devolvida.

Não se pára para pensar se o interlocutor enfrenta algum problema e por isso se manifesta com rudeza.

Afinal, tem-se pressa, embora raramente se tenha um objetivo nobre a embasar os atos que ela inspira.

Nesse contexto, desentendimentos surgem à toa e rápido degeneram em antipatias e inimizades.

É mais fácil julgar, responder e reagir de plano.

Refletir, compreender, preservar e aprofundar vínculos demanda tempo.

É difícil ignorar as pressões do mundo moderno.

Globalismo, competitividade, empregabilidade, há inúmeros conceitos que inspiram a pressa.

Às vezes até a explicam, mas não a justificam, no trato com o semelhante.

Afinal, a afoiteza não pode justificar converter-se o homem em um bruto insensível.

Para permanecer civilizado, é preciso preservar um pouco da tradicional e boa elegância.

Ao contrário do que talvez sugira, o termo elegância não implica forçosamente a adoção de vestuários requintados e gestos afetados.

Segundo o dicionário, um dos significados de elegância é distinção de maneiras.

Ser elegante é ser distinto, atencioso e polido.

É prestar atenção nas necessidades dos que o rodeiam e tratá-los como pessoas importantes.

Elegância implica abster-se de expressões rudes e não se envolver em discussões ácidas e ferinas.

Elegante é não falar dos ausentes, é não ser uma presença desagradável aos demais.

Para quem responde tudo ao pé da letra e não costuma ?levar desaforo para casa?, ser elegante constitui um grande desafio.

Contudo, quem fala e age sem pensar, cedo ou tarde se arrepende e percebe que fez bobagem.

Atos impulsivos e grosseiros destroem oportunidades pessoais e profissionais.

Ninguém gosta de estar perto de um grosseirão.

Mas você jamais se arrependerá de ser elegante.

Talvez no princípio estranhe não responder quando provocado.

Ser gentil e obsequioso em face de ofensas e grosserias demanda uma boa dose de disciplina.

Mas você colherá os melhores frutos desse novo naipe de comportamento.

Quem o maltratar fatalmente ficará constrangido, ao perceber o esmero de sua educação.

E gradualmente um novo padrão de conduta se estabelecerá em torno de você.

Pense nisso.

Dois Anjos

Dois Anjos viajantes pararam para passar a noite na casa de uma família muito rica. A família era rude e não permitiu que os Anjos ficassem no quarto de hóspedes da mansão. Em vez disso, deram aos Anjos um espaço pequeno no frio sótão da casa.

À medida que eles faziam a cama no duro piso, o Anjo mais velho viu um buraco na parede e o tapou.

Quando o Anjo mais jovem perguntou: por que? O Anjo mais velho respondeu:

“As coisas nem sempre são o que parecem”.

Na noite seguinte, os dois anjos foram descansar em outra casa, de um casal muito pobre, mas o senhor e sua esposa eram muito hospitaleiros. Depois de compartilhar a pouca comida que a família pobre tinha, o casal permitiu que os Anjos dormissem na sua cama onde eles poderiam ter uma boa noite De descanso.

Quando amanheceu, ao dia seguinte, os anjos encontraram o casal banhado em lágrimas. A única vaca que eles tinham, cujo leite havia sido a única entrada de dinheiro, jazia morta no campo.

O Anjo mais jovem estava furioso e perguntou ao mais velho: “como você permitiu que isto acontecesse? O primeiro homem tinha de tudo e, no entanto, você o ajudou”; o Anjo mais jovem o acusava. “A segunda família tinha pouco, mas estava disposta a Compartilhar tudo, e você permitiu que a vaca morresse”.

“As coisas nem sempre são o que parecem,” respondeu o anjo mais velho. “Quando estávamos no sótão daquela imensa mansão, notei que havia ouro naquele buraco da parede. Como o proprietário estava obcecado com a avareza e não estava disposto a compartilhar sua boa sorte, fechei o buraco de maneira que ele nunca mais o encontraria. Depois, ontem à noite, quando dormíamos na casa da família pobre, o anjo da morte veio em busca da mulher do agricultor. E Eu lhe dei a vaca em seu lugar.”

As coisas nem sempre são como parecem.

Algumas vezes, isso é exatamente o que acontece quando as coisas não saem da maneira como esperamos. Se você tiver fé, somente necessita confiar que seja quais forem as coisas que aconteçam, sempre serão uma vantagem para você. E talvez você venha A compreender isto só um pouco mais tarde…

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