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O Obstáculo mais Difícil da Vida

Um grande sábio possuía três filhos jovens, inteligentes e consagrados à sabedoria.

Em certa manhã, eles altercavam a propósito do obstáculo mais difícil no grande caminho da vida.

No auge da discussão, prevendo talvez conseqüências desagradáveis, o genitor benevolente chamou-os a si e confiou-lhes curiosa tarefa.

Iriam os três ao palácio do príncipe governante, conduzindo algumas dádivas que muito lhes honraria o espírito de cordialidade e gentileza.

O primeiro seria o portador de rico vaso de argila preciosa.

O segundo levaria uma corça rara.

O terceiro transportaria um bolo primoroso da família.

O trio recebeu a missão com entusiástica promessa de serviço para a pequena viajem de três milhas; no entanto, no meio do caminho, começaram a discutir.

O depositário do vaso não concordou com a maneira pela qual o irmão puxava a corça delicada, e o responsável pelo animal dava instruções ao carregador do bolo, a fim de que não tropeçasse, perdendo o manjar; este último aconselhava o portador do vaso valioso, para que não caísse.

O pequeno séqüito seguia, estrada afora, dificilmente, porquanto cada viajante permanecia atento as obrigações que diziam respeito aos outros, através de observações acaloradas e incessantes.

Em dado momento, o irmão que conduzia o animalzinho, olvida a própria tarefa, a fim de consertar a posição da peça de argila nos braços do companheiro, e o vaso, premido pelas inquietações de ambos, escorrega, de súbito, para espatifar-se no cascalho.

Com o choque, o distraído orientador da corça perde o governo do animal, que foge espantado.

O carregador do bolo avança para sustar-lhe a fuga, e o bolo se perde totalmente no chão.

Desapontados e irritadiços, os três rapazes voltam a presença do pai, apresentando cada qual a sua queixa de derrota.

O sábio, porém, sorriu e explicou-lhes:

— Aproveitem o ensinamento da estrada. Se cada um de vocês estivesse vigilante na própria tarefa, não colheriam as sombras do fracasso. O mais intrincado problema do mundo, meus filhos, é o de cada homem cuidar dos próprios negócios, sem intrometer-se nas atividades alheias. Enquanto cogitamos de responsabilidades que competem aos outros, as nossas viverão esquecidas.

O Mulherão

Martha Medeiros

Peça para um homem descrever um mulherão. Ele imediatamente vai falar no tamanho dos seios, na medida da cintura, no volume dos lábios, nas pernas, bumbum e cor dos olhos. Ou vai dizer que mulherão tem que ser loira, 1,80m, siliconada, sorriso colgate.

Mulherões, dentro desse conceito, não existem muitas: Vera Fischer, Malu Mader, Letícia Spiller, Adriane Galisteu, Lumas e Brunas.

Agora pergunte para uma mulher o que ela considera um mulherão e você vai descobrir que tem uma em cada esquina.

Mulherão é aquela que pega dois ônibus para ir para o trabalho e mais dois para voltar, e quando chega em casa encontra um tanque lotado de roupa e uma família morta de fome.

Mulherão é aquela que vai de madrugada para a fila garantir matrícula na escola e aquela aposentada que passa horas em pé na fila do banco para buscar uma pensão de 100 reais.

Mulherão é a empresária que administra dezenas de funcionários de segunda a sexta, e uma família todos os dias da semana.

Mulherão é quem volta do supermercado segurando várias sacolas depois de ter pesquisado preços e feito malabarismo com o orçamento.

Mulherão é aquela que se depila, que passa cremes, que se maquia, que faz dieta, que malha, que usa salto alto, meia-calça, ajeita o cabelo e se perfuma, mesmo sem nenhum convite para ser capa de revista.

Mulherão é quem leva os filhos na escola, busca os filhos na escola, leva os filhos na natação, busca os filhos na natação, leva os filhos para cama, conta histórias, dá um beijo e apaga a luz.

Mulherão é aquela mãe de adolescente que não dorme enquanto ele não chega, é quem de manhã bem cedo já está de pé, esquentando o leite.

Mulherão é quem leciona em troca de um salário mínimo, é quem faz serviços voluntários, é quem colhe uva, é quem opera pacientes, é quem lava a roupa para fora, é quem bota a mesa, cozinha o feijão e à tarde trabalha atrás de um balcão.

Mulherão é quem cria os filhos sozinha, quem dá expediente de 8 horas e enfrenta menopausa, TPM e menstruação. Mulherão é quem arruma os armários, coloca flores nos vasos, fecha a cortina para o sol não desbotar os móveis, mantém a geladeira cheia e os cinzeiros vazios. Mulherão é quem sabe onde cada coisa está, o que cada filho sente e qual o melhor remédio para azia.

Lumas, Brunas, Carlas, Luanas e Sheilas: mulheres nota 10 no quesito lindas de morrer, mas mulherão é quem mata um leão por dia.

Martha Medeiros (Jornal Zero Hora / RS)

O medo causado pela inteligência

Quando Winston Churchill, ainda jovem, acabou de pronunciar seu discurso de estréia na Câmara dos Comuns, foi perguntar a um velho parlamentar, amigo de seu pai, o que tinha achado do seu primeiro desempenho naquela assembléia de vedetes políticas.

O velho pôs a mão no ombro de Churchill e disse, em tom paternal:

— Meu jovem, você cometeu um grande erro. Foi muito brilhante neste seu primeiro discurso na Casa. Isso é imperdoável ! Devia ter começado um pouco mais na sombra. Devia ter gaguejado um pouco. Com a inteligência que demonstrou hoje, deve ter conquistado, no mínimo, uns trinta inimigos. O talento assusta”.

Ali estava uma das melhores lições de abismo que um velho sábio pôde dar ao pupilo que se iniciava n’uma carreira difícil.

Isso, na Inglaterra.

Imaginem aqui, no Brasil.

Não é demais lembrar a famosa trova de Ruy Barbosa:

Há tantos burros mandando em homens de inteligência,que, às vezes, fico pensando que a burrice é uma Ciência– .

A maior parte das pessoas encasteladas em posições políticas é medíocre e tem um indisfarçável medo da inteligência. Temos de admitir que, de um modo geral, os medíocres são mais obstinados na conquista de posições.

Sabem ocupar os espaços vazios deixados pelos talentosos displicentes que não revelam o apetite do poder.

Mas, é preciso considerar que esses medíocres ladinos, oportunistas e ambiciosos, têm o hábito de salvaguardar suas posições conquistadas com verdadeiras muralhas de granito por onde talentosos não conseguem passar.

Em todas as áreas encontramos dessas fortalezas estabelecidas, as panelinhas do arrivismo, inexpugnáveis às legiões dos lúcidos. Dentro desse raciocínio, que poderia ser uma extensão do “Elogio da Loucura”, de Erasmo de Roterdan, somos forçados a admitir que uma pessoa precisa fingir de burra se quiser vencer neste grupos de mediocres .

É pecado fazer sombra a alguém até numa conversa social. Assim como um grupo de senhoras burguesas bem casadas boicota, automaticamente, a entrada de uma jovem mulher bonita no seu círculo de convivência,por medo de perder seus maridos, também os encastelados medíocres se fecham como ostras, à simples aparição de um talentoso jovem que os possa ameaçar.

Eles conhecem bem suas limitações, sabem como lhes custa desempenhar tarefas que os mais dotados realizam com uma perna nas costas… Enfim, na medida em que admiram a facilidade com que os mais lúcidos resolvem problemas, os medíocres os repudiam para se defender.

É um paradoxo angustiante !

Infelizmente, temos de viver segundo essas regras absurdas que transformam a inteligência numa espécie de desvantagem perante a vida. Como é sábio o velho conselho de Nelson Rodrigues…

Finge-te de idiota, e terás o céu e a terra”.

O problema é que os inteligentes gostam de brilhar!

Que Deus nos proteja, então, dos medíocres!…

O mais importante

Alberto Becker

Um jovem rei, com um desejo muito grande de conhecer as coisas da vida, do mundo, convocou os sábios e filósofos de seu reino. Eles deveriam anotar e registrar tudo o que considerassem importante sobre a vida. O pedido do rei foi levado muito a sério. Após quarenta anos de muito trabalho e pesquisa, de muita reflexão e anotações, retornaram ao rei, trazendo mil livros, nos quais estava registrado tudo o que consideravam importante para a vida.

O rei, que agora estava com sessenta anos, pediu aos seus sábios que fizessem um resumo do seu trabalho, pois ele não teria mais condições de ler mil livros aos sessenta anos. Após dez anos, os sábios retornaram novamente ao rei, trazendo um resumo das coisas mais importantes da vida em cem livros. Novamente o rei, já mais idoso, reagiu dizendo: Cem livros ainda é demais. Com setenta anos não posso mais ler e refletir sobre as coisas mais importantes da vida.

Deu nova tarefa aos seus sábios e filósofos dizendo: Anotem realmente só o essencial. Realizada a tarefa, voltaram ao rei, mas agora com um único livro. O rei, no entanto, estava à beira da morte. O desejo de conhecer as coisas mais importantes da vida ainda estava bem presente na vida do rei, apesar de sua idade avançada, fraqueza e doença. Pediu então aos sábios e filósofos que resumissem todos estes anos de trabalho, pesquisa e estudo em uma única frase. O rei queria conhecer, antes de morrer, quais as descobertas e conclusões de seus sábios.

O resumo apresentado pelos sábios foi este:

“O ser humano nasce, vive, sofre e morre, e o mais importante na vida e o que sobrevive a tudo é o amor recebido e o amor presenteado”.

O Laço e o Abraço

Maria Beatriz Marinho dos Anjos

Meu Deus! Como é engraçado!

Eu nunca tinha reparado como é curioso um laço.

Uma fita dando voltas? Enrosca-se.

Mas não se embola, vira, revira, circula e pronto: está dado o laço é assim que é o abraço: coração com coração, tudo isso cercado de braço.

É assim que é o laço: um laço no presente, no cabelo, no vestido, em qualquer coisa onde o faço.

E quando puxo uma ponta, o que é que acontece? Vai escorregando devagarzinho, desmancha, desfaz o laço.

Solta o presente, o cabelo, fica solto no vestido.

E na fita, que curioso, não faltou nem um pedaço.

Ah! Então é assim o amor, a amizade. Tudo que é sentimento? Como um pedaço de fita?

Enrosca, segura um pouquinho, mas pode se desfazer a qualquer hora, deixando livre as duas bandas do laço.

Por isso é que se diz: laço afetivo, laço de amizade. E quando alguém briga, então se diz – romperam-se os laços.- e saem as duas partes, iguais meus pedaços de fita, sem perder nenhum pedaço.

Então o amor é isso. Não prende, não escraviza, não aperta, nãosufoca.

Porque quando vira nó, já deixou de ser um laço!

O Idiota

Conta-se que numa cidade do interior um grupo de pessoas se divertia com o idiota da aldeia. Um pobre coitado, de pouca inteligência, vivia de pequenos biscates e esmolas.

Diariamente eles chamavam o idiota ao bar onde se reuniam e ofereciam a ele a escolha entre duas moedas: uma grande de 400 RÉIS e outra menor de 2.000 RÉIS. Ele sempre escolhia a maior e menos valiosa, o que era motivo de risos para todos.

Certo dia, um dos membros do grupo chamou-o e lhe perguntou se ainda não havia percebido que a moeda maior valia menos.

‘-Eu sei’, respondeu o tolo. ‘Ela vale cinco vezes menos, mas no dia que eu escolher a outra, a brincadeira acaba e não vou mais ganhar minha moeda’.

Pode-se tirar várias conclusões dessa pequena narrativa.

A primeira: Quem parece idiota, nem sempre é.

A segunda: Quais eram os verdadeiros idiotas da história?

A terceira: Se você for ganancioso, acaba estragando sua fonte de renda.

Mas a conclusão mais interessante é: A percepção de que podemos estar bem, mesmo quando os outros não têm uma boa opinião a nosso respeito.

Portanto, o que importa não é o que pensam de nós, mas sim, quem realmente somos.

O maior prazer de um homem inteligente é bancar o idiota diante de um idiota que banca o inteligente.

Preocupe-se mais com sua consciência do que com sua reputação. Porque sua consciência é o que você é, e sua reputação é o que os outros pensam de você. E o que os outros pensam… é problema deles.

Colaboração de Maria Jacinta N. Silva

Oceanos

Os oceanos são feitos de gotas d’água…

Para ser ouvido, fale,

Para ser compreendido, exponha claramente suas idéias sem jamais abrir mão daquelas que julga fundamentais apenas para que os outros o aceitem.

Acima de tudo, busque o prazer antes do sucesso, a auto-realização antes do dinheiro,

O fazer bem feito antes de pensar em obter qualquer recompensa.

Nenhum reconhecimento externo vai substituir a alegria de poder ser você mesmo.

Para poder recomeçar sempre, perdoe-se pelos fracassos e erros que cometer, aprenda com eles e, a partir deles, programe suas próximas ações.

Nunca se deixe iludir que será possível fazer tudo num dia só ou quando tiver todos os recursos: tal dia nunca virá.

Para se manter motivado, sonhe.

Para realizar, planeje, pensando grande e fazendo pequeno, um pouco a cada dia e todos os dias um pouco,

Porque são pequenas gotas d’água que fazem todo o grande oceano…

O Bambu Chinês

Depois de plantada a semente deste incrível arbusto, não se vê nada por aproximadamente 5 anos, exceto um lento desabrochar de um diminuto broto a partir do bulbo.

Durante 5 anos, todo o crescimento é subterrâneo, invisível a olho nu, mas uma maciça e fibrosa estrutura de raiz que se estende vertical e horizontalmente pela terra está sendo construída.

Então, no final do 5º ano, o bambu chinês cresce até atingir a altura de 25 metros.

O escritor Stephen Covey escreveu: “Muitas coisas na vida pessoal e profissional são iguais ao bambu chinês. Você trabalha, investe tempo, esforço, faz tudo o que pode para nutrir seu crescimento, e às vezes não vê nada por semanas, meses ou anos. Mas se tiver paciência para continuar trabalhando, persistindo e nutrindo, o seu 5.º ano chegará, e com ele virão um crescimento e mudanças que você jamais esperava…”

O bambu chinês nos ensina que não devemos facilmente desistir de nossos projetos e de nossos sonhos. Devemos sempre procurar cultivar sempre dois bons hábitos na vida: a Persistência e a Paciência, para alcançar nossos sonhos.

É preciso muita fibra para chegar às alturas, e ao mesmo tempo, muita flexibilidade para se curvar ao chão”.

O Aprendiz

Um feiticeiro africano conduz seu aprendiz pela floresta. Embora mais velho, caminha com agilidade, enquanto seu aprendiz escorrega e cai a todo instante. O aprendiz blasfema, levanta-se, cospe no chão traiçoeiro, e continua a acompanhar seu mestre.

Depois de longa caminhada, chegam a um lugar sagrado. Sem parar, o feiticeiro dá meia volta e começa a viagem de volta.

— Você não me ensinou nada hoje – diz o aprendiz, levando mais um tombo.

— Ensinei sim, mas você parece que não aprende – responde o feiticeiro. Estou tentando lhe ensinar como se lida com os erros da vida.

— E como lidar com eles?

— Como deveria lidar com seus tombos – responde o feiticeiro. Em vez de ficar amaldiçoando o lugar onde caiu, devia procurar aquilo que te fez escorregar.

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