Autor: Rubens (Page 11 of 104)

Trem da Vida

Há algum tempo, li um livro que comparava a vida como a uma viagem de trem.

Quando nascemos, entramos nesse trem e nos deparamos com algumas pessoas que julgamos, estarão sempre nessa viagem conosco : nossos pais.

Infelizmente, isso não é verdade; em alguma estação eles descerão e nos deixarão órfãos de seu carinho, amizade e companhia insubstituíveis…

Mas isso não impede que, durante a viagem pessoas interessantes, e que virão a ser super especiais para nós, embarquem.

Chegam nossos irmãos, amigos e amores maravilhosos !

Muitas pessoas tomam esse trem, apenas a passeio.

Outros encontram nessa viagem, somente tristezas.

Ainda outros circularão pelo trem, prontos para ajudar a quem precisa.

Muitos descem e deixam saudades eternas, outros tantos passam por ele de uma forma que, quando desocupam seu acento, ninguém nem sequer percebe.

Curioso é constatar que alguns passageiros, que nos são tão caros, acomodam-se em vagões diferentes dos nossos; portanto, somos obrigados a fazer esse trajeto separados deles, o que não impede, é claro, que durante o trajeto, atravessemos com grande dificuldade nosso vagão e cheguemos até eles…

Só que, infelizmente, jamais poderemos sentar ao seu lado, pois já terá alguém ocupando esse lugar.

Não importa, é assim a viagem: cheia de atropelos, sonhos, fantasias, esperas, despedidas…

Porém, jamais retornos.

Façamos essa viagem, então da melhor maneira possível, tentando nos relacionar bem com todos os passageiros, procurando em cada um deles, o que tiverem de melhor; lembrando sempre que, em algum momento do trajeto, eles poderão fraquejar e provavelmente, precisaremos entender isso, porque nós também fraquejaremos muitas vezes e com certeza, haverá alguém que nos entenderá.

O grande mistério, afinal, é que jamais saberemos em qual parada desceremos, muito menos nossos companheiros, nem menos aquele que está sentado ao nosso lado.

Fico pensando, se quando descer desse trem, sentirei saudades…

Acredito que sim; separar-me de alguns amigos que fiz nessa viagem, deixar meus filhos continuarem a viagem sozinhos.

Mas me agarro na esperança de que, em algum momento, estarei na estação principal e terei a grande emoção de vê-los chegar com uma bagagem que não tinham quando embarcaram…

E o que vai deixar-me feliz ……….. Será saber que eu colaborei para isso.

Colaboração: Renato Antunes Oliveira

Tratar como irmão

Redação do Momento Espírita.

Ela sempre estacionava o carro na mesma vaga.

O guardador, sorridente, educado, sempre a cumprimentava.

Por vezes falavam rapidamente, ela perguntava como estava a família, ele respondia. Contava um ou outro problema de saúde que enfrentava.

Por outras vezes comentavam sobre algumas amenidades, sobre o frio, o calor, sobre o perigo da cidade grande, etc.

Ele morava num bairro distante da região metropolitana. Certamente numa casa muito simples . quase uma favela.

Naquele dia ela estava preocupada com ele. Estava muito frio.

Ela lembrou que a vida dela não era fácil, que vinha de muitas dificuldades recentes, mas pensou na vida dele, e que ela deveria ser bem mais complicada.

Nem sempre podia lhe dar algum dinheiro. Dos 5 dias da semana, em média, uma ou duas vezes ela conseguia lhe dar algumas moedas – pensou.

Sabia que ele precisava. Que aquele era seu trabalho digno. Que dali vinha o alimento de seus filhos.

Ela queria poder dar mais. E ele merecia, pois sempre guardava uma vaga especial para ela, sem ela pedir, sem ela merecer . pensava.

Com o coração um pouco apertado, então, resolveu dizer naquele dia:

Olha… Sei que nem sempre lhe dou alguma coisa. Queria poder dar mais, dar sempre, mas, sabe… Não consigo mesmo.

Sei que você é um trabalhador, uma pessoa gentil e educada, e que mesmo eu dando tão pouco, sempre guarda a vaga para mim.

Já vi que existem pessoas que estacionam sempre aqui, que lhe dão sempre um ou até dois reais por vez, mas, eu realmente não consigo . disse ela um tanto embaraçada.

Ele então respondeu, com franqueza e simplicidade:

Dona, olha, eu não guardo sua vaga porque a senhora me dá algum dinheiro, não. Eu preciso de dinheiro, sim, mas não é por isso.

É que a senhora é a única pessoa que fala comigo, que me dá atenção, que me trata como irmão.

Ela calou ao ouvir estas palavras. Sorriu para ele, timidamente, e disse, se despedindo: Então, tá bom.

Foi para o trabalho pensando no que ouvira. Ela nunca havia pensado nisso.

Mas será que ninguém mais fala com ele? Falo tão rapidamente, sobre coisas corriqueiras, nada de mais importante…

Nossa… Será que as pessoas o ignoram? Mesmo o encontrando todos os dias como eu?

Aqueles pensamentos ficaram em sua mente, flutuando o dia todo.

Percebeu que poderia dar algo muito mais importante que as moedas, que o “trocado” de sempre.

Caridade não significa apenas doação material.

Em verdade, a filantropia é apenas uma pequena porção do mundo da caridade verdadeira.

Vivemos num Mundo, num país, onde ainda há necessidade da ajuda material urgente, sim, mas precisamos entender que não é apenas isso.

As pessoas precisam de auxílio em outras áreas. As pessoas precisam de atenção, de amizade, de alguém que lhes dê carinho.

O alimento da alma fortalece o ser, e assim ele se torna mais apto e preparado para buscar a subsistência material.

Pense nisso.

Colaboração de Maria Jacinta N. Silva

Torne-se um lago…

O velho Mestre pediu a um jovem triste que colocasse uma mão cheia de sal em um copo d’água e bebesse.

— “Qual é o gosto?” perguntou o Mestre.

— “Ruim ” disse o aprendiz.

O Mestre sorriu e pediu ao jovem que pegasse outra mão cheia de sal e levasse a um lago. Os dois caminharam em silêncio e o jovem jogou o sal no lago, então o velho disse:

— “Beba um pouco dessa água”.

Enquanto a água escorria do queixo do jovem, o Mestre perguntou:

— “Qual é o gosto?”

— “Bom!” disse o rapaz.

— Você sente gosto do “sal” perguntou o Mestre?

— “Não” disse o jovem.

O Mestre então sentou ao lado do jovem, pegou sua mão e disse:

— A dor na vida de uma pessoa não muda. Mas o sabor da dor depende aonde a colocamos. Então quando você sentir dor, a única coisa que você deve fazer é aumentar o sentido das coisas. Deixe de ser um copo. Torne-se um lago..

Torcida

Liliana Barabino

Mesmo antes de nascer, já tinha alguém torcendo por você.

Tinha gente que torcia para você ser menino. Outros torciam para você ser menina.

Torciam para você puxar a beleza da mãe, o bom humor do pai.

Estavam torcendo para você nascer perfeito.

Daí continuaram torcendo.

Torceram pelo seu primeiro sorriso, pela primeira palavra, pelo primeiro passo.

O seu primeiro dia de escola foi a maior torcida. E o primeiro gol, então?

E de tanto torcerem por você, você aprendeu a torcer.

Começou a torcer para ganhar muitos presentes e flagrar Papai Noel.

Torcia o nariz para o quiabo e a escarola.

Mas torcia por hambúrguer e refrigerante.

Começou a torcer até para um time.

Provavelmente, nesse dia, você descobriu que tem gente que torce diferente de você.

Seus pais torciam para você comer de boca fechada, tomar banho, escovar os dentes, estudar inglês e piano. Eles só estavam torcendo para você ser uma pessoa bacana.

Seus amigos torciam para você usar brinco, cabular aula, falar palavrão.

Eles também estavam torcendo para você ser bacana.

Nessas horas, você só torcia para não ter nascido.

E por não saber pelo que você torcia, torcia torcido.

Torceu para seus irmãos se ferrarem, torceu para o mundo explodir.

E quando os hormônios começaram a torcer, torceu pelo primeiro beijo, pelo primeiro amasso.

Depois começou a torcer pela sua liberdade.

Torcia para viajar com a turma, ficar até tarde na rua.

Sua mãe só torcia para você chegar vivo em casa.

Passou a torcer o nariz para as roupas da sua irmã, para as idéias dos professores e para qualquer opinião dos seus pais.

Todo mundo queria era torcer o seu pescoço.

Foi quando até você começou a torcer pelo seu futuro.

Torceu para ser médico, músico, advogado.

Na dúvida, torceu para ser físico nuclear ou jogador de futebol.

Seus pais torciam para passar logo essa fase.

No dia do vestibular, uma grande torcida se formou.

Pais, avós, vizinhos, namoradas e todos os santos torceram por você.

Na faculdade, então, era torcida pra todo lado.

Para a direita, esquerda, contra a corrupção, a fome na Albânia e o preço da coxinha na cantina.

E, de torcida em torcida, um dia teve um torcicolo de tanto olhar para ela.

Primeiro, torceu para ela não ter outro.

Torceu para ela não te achar muito baixo, muito alto, muito gordo, muito magro. Descobriu que ela torcia igual a você.

E de repente vocês estavam torcendo para não acordar desse sonho.

Torceram para ganhar a geladeira, o microondas e a grana para a viagem de lua-de-mel.

E daí pra frente você entendeu que a vida é uma grande torcida.

Porque, mesmo antes do seu filho nascer, já tinha muita gente torcendo por ele.

Mesmo com toda essa torcida, pode ser que você ainda não tenha conquistado algumas coisas. Mas muita gente ainda torce por você!!!

Todo mundo, alguém, qualquer um e ninguém

Esta é uma história de quatro pessoas: TODO MUNDO, ALGUÉM, QUALQUER UM e NINGUÉM.

Havia um trabalho importante a ser feito e TODO MUNDO tinha certeza de que ALGUÉM o faria.

QUALQUER UM poderia tê-lo feito, mas NINGUÉM o fêz.

ALGUÉM zangou-se porque era um trabalho de TODO MUNDO.

TODO MUNDO pensou que QUALQUER UM poderia fazê-lo, mas NINGUÉM imaginou que TODO MUNDO deixasse de fazê-lo.

Ao final, TODO MUNDO culpou ALGUÉM quando NINGUÉM fez o que QUALQUER UM poderia ter feito.

Todas as Coisas têm Dois Lados

Suponha que lhe aconteceu, o que me aconteceu. Recebi da Espanha um chaveiro de metal.

Já era importante por ser um presente.

Percebendo o peso e a cor, conclui sem pestanejar : É de prata !

Feliz da vida, coloquei nele as chaves do meu carro e passei a desfrutar da pequena jóia.

Acresce que, além do lado liso e brilhante, o outro lado trazia um baixo relevo, que a tornava verdadeira obra de arte.

O prazer com que passei a usá-lo está na origem do que vim a sentir, meses depois.

Certa manhã, fui pegar o chaveirinho de prata na garagem do meu prédio.

Sabe, a necessidade de manobras…E foi então que recebi o choque..

Custei a me recuperar.

Não havia sido roubado, não ! Talvez tenha sido pior.

A parte de trás estava inexplicavelmente des-cas-ca-da !

O amarelo vivo do latão, metal amarelo, acusava uma decepção.

O desapontamento tomou conta de mim.

Fiquei paralisado por alguns momentos.

Aí olhei o lado da frente.

Estava em ordem.

Tive, então, um estalo.

Olhar o lado descascado me causava desprazer, mas eu podia olhar o da frente e continuar gostando dele.

A escolha era minha.

Eu era responsável por me sentir bem ou me sentir mal.

Já que os dois lados eram reais, seria tão honesto preferir olhar mais um lado do que outro.

Eu não estaria mentindo para mim mesmo, se preferisse olhar o lado bem conservado; e me tornaria responsável por me sentir bem.

Comecei a perceber, então, que todas as coisas da vida têm dois lados.

Um lado sombrio, desagradável, penoso.

E outro, claro, luminoso, colorido.

Podia assim escolher, para vantagem minha, o lado que me conservaria sempre no melhor astral.

Por exemplo, o fato de ter furado o pneu do carro, coisa desagradável, é o lado sombrio; mas, pensando bem, isso só acontece com que tem carro ! É o lado luminoso e colorido do mesmíssimo fato.

Você pode se dar ao luxo de ter de trocar o pneu de seu carro de vez em quando, pois, em contrapartida, ele lhe dá prazer e lhe presta serviço no resto do tempo.

Outro exemplo.

Uma chuva inesperada impede você e sua família de saírem para um piquenique, como haviam planejado. É o lado sombrio.

Mas, em compensação, você poderá ter tempo em casa, finalmente, para arrumar aquela torneira pingando ou para assistir a um filme, há muito esperado, no seu vídeo-cassete.

Pode ser o lado luminoso.

Ou, ainda, alguém sofre um pequeno acidente ou contrai uma febre, ficando obrigado a ficar de cama. É o lado sombrio.

O lado luminoso – e quantas vezes acontecido ! – pode ser a experiência de repensar a vida; ou a de cair na conta finalmente de quanto é estimado e visitado pelos parentes e amigos, apesar de ter tido dúvidas, até então.

Um último exemplo.

Seu patrão lhe chama a atenção com freqüência, seus colegas de trabalho costumam ser competitivos e pouco amigos. É o lado sombrio.

Você não se vai acomodar, é claro.

Vai tomar providências cabíveis para que a situação melhore.

Mas, por outro lado, você tem emprego, o que não é para se minimizar.

Quantos gostariam de ter um!

Você poderia objetar em primeiro lugar : Mas, esse não é o jogo da

Polyanna ?

Não é o mesmo que mentir para si mesmo e fazer de conta, como quem esconde o sol com a peneira ?

Desde o início pode ter ficado claro que olhar qualquer dos lados é honesto, e que você é responsável pelo lado que prefere fixar.

Olhando o lado bonito da vida, não está escondendo nada, apenas está preferindo ser feliz. Qual é o mal?

Você ainda poderia dizer : Mas isso é tão difícil!

Será que alguém consegue pensar assim? Eu lhe garanto que é possível.

Vamos concordar também que é difícil. Ora!

O quê não é difícil, quando enfrentado pela primeira vez!

Digitar numa máquina de escrever, dirigir um carro, aprender língua estrangeira, escrever corretamente o português, fazer tricô e qualquer outra coisa no mundo.

Entretanto, seja o que for, você consegue dominar qualquer uma, com duas condições : ter a receita correta e treinar com perseverança.

Então, você também pode descobrir o lado colorido e mais real da sua vida.

Nada o impede.

Colaboração: Renato Antunes Oliveira

Todas as cartas de amor são ridídulas

Álvaro de Campos

Todas as cartas de amor são
Ridículas.
Não seriam cartas de amor se não fossem
Ridículas.

Também escrevi em meu tempo cartas de amor,
Como as outras,
Ridículas.

As cartas de amor, se há amor,
Têm de ser
Ridículas.

Mas, afinal,
Só as criaturas que nunca escreveram
Cartas de amor
É que são
Ridículas.

Quem me dera no tempo em que escrevia
Sem dar por isso
Cartas de amor
Ridículas.

A verdade é que hoje
As minhas memórias
Dessas cartas de amor
É que são
Ridículas.

(Todas as palavras esdrúxulas,
Como os sentimentos esdrúxulos,
São naturalmente
Ridículas.)

Tigela de Madeira

Um senhor de idade foi morar com seu filho, nora e o netinho de quatro anos de idade. As mãos do velho eram trêmulas, sua visão embaçada e seus passos vacilantes.

A família comia reunida à mesa mas, mas as mãos trêmulas e a visão falha do avô, o atrapalhavam na hora de comer. Ervilhas rolavam de sua colher e caíam no chão. Quando pegava o copo, leite era derramado na toalha da mesa. O filho e a nora irritaram-se com a bagunça.

— Precisamos tomar uma providência com respeito ao papai, disse o filho.

— Já tivemos suficiente leite derramado, barulho de gente comendo com a boca aberta e comida pelo chão.

Então, eles decidiram colocar uma pequena mesa num cantinho da cozinha. Ali, o avô comia sozinho enquanto o restante da família fazia as refeições à mesa, com satisfação. Desde que o velho quebrara um ou dois pratos, sua comida agora era servida numa tigela de madeira.

Quando a família olhava para o avô sentado ali sozinho, às vezes ele tinha lágrimas em seus olhos. Mesmo assim, as únicas palavras que lhe diziam eram demonstrações ásperas de repreensão, quando ele deixava um talher ou comida cair ao chão. O menino de 4 anos de idade assistia a tudo em silêncio.

Uma noite, antes do jantar, o pai percebeu que o filho pequeno estava no chão, manuseando pedaços de madeira. Ele perguntou delicadamente à criança:

— O que você está fazendo, meu filho?

O menino respondeu docemente:

— Oh, estou fazendo uma tigela para você e mamãe comerem, quando eu crescer e vocês ficarem velhinhos.

O garoto de quatro anos de idade sorriu e voltou ao trabalho. Aquelas palavras tiveram um impacto tão grande nos pais que eles ficaram mudos. Então lágrimas começaram a escorrer de seus olhos. Embora ninguém tivesse falado nada, ambos sabiam o que precisava ser feito.

Naquela noite o pai tomou o avô pelas mãos e gentilmente o conduziu à mesa da família. Dali para frente e até o final de seus dias, ele comeu todas as refeições com a família. E por alguma razão, o marido e a esposa não se importavam mais quando um garfo caía, leite era derramado ou a toalha da mesa sujava.

Texto escrito por um brasileiro que vive na Europa

Já vai para 18 anos que estou aqui na Volvo, uma empresa sueca. Trabalhar com eles é uma convivência, no mínimo, interessante. Qualquer projeto aqui demora 2 anos para se concretizar, mesmo que a idéia seja brilhante e simples. É regra. Então, nos processos globais, nós (brasileiros, americanos, australianos, asiáticos) ficamos aflitos por resultados imediatos, uma ansiedade generalizada. Porém, nosso senso de urgência não surte qualquer efeito neste prazo.

Os suecos discutem, discutem, fazem “n” reuniões, ponderações. E trabalham num esquema bem mais “slow down”. O pior é constatar que, no final, acaba sempre dando certo no tempo deles com a maturidade da tecnologia e da necessidade: bem pouco se perde aqui.

E vejo assim:

  1. O país é do tamanho de São Paulo;
  2. O país tem 2 milhões de habitantes;
  3. Sua maior cidade, Estocolmo, tem 500.000 habitantes (compare com Curitiba, que tem 2 milhões);
  4. Empresas de capital sueco: Volvo, Scania, Ericsson, Electrolux, ABB, Nokia, Nobel Biocare… Nada mal, não?
  5. Para ter uma idéia, a Volvo fabrica os motores propulsores para os foguetes da NASA.

Digo para os demais nestes nossos grupos globais: os suecos podem estar errados, mas são eles que pagam nossos salários.

Entretanto, vale salientar que não conheço um povo, como povo mesmo, que tenha mais cultura coletiva do que eles. Vou contar para vocês uma breve só para dar noção.

A primeira vez que fui para lá, em 90, um dos colegas suecos me pegava no hotel toda manhã. Era setembro, frio, nevasca. Chegávamos cedo na Volvo e ele estacionava o carro bem longe da porta de entrada (são 2.000 funcionários de carro). No primeiro dia não disse nada, no segundo, no terceiro… Depois, com um pouco mais de intimidade, numa manhã, perguntei:

“Você tem lugar demarcado para estacionar aqui? Notei que chegamos cedo, o estacionamento vazio e você deixa o carro lá no final.”

Ele me respondeu simples assim: “É que chegamos cedo, então temos tempo de caminhar – quem chegar mais tarde já vai estar atrasado, melhor que fique mais perto da porta. Você não acha?”

Olha a minha cara! Ainda bem que tive esta na primeira. Deu para rever bastante os meus conceitos.

Há um grande movimento na Europa hoje, chamado Slow Food. A Slow Food International Association – cujo símbolo é um caracol, tem sua base na Itália ( o site, é muito interessante. Veja-o! ). O que o movimento Slow Food prega é que as pessoas devem comer e beber devagar,saboreando os alimentos, “curtindo” seu preparo, no convívio com a família, com amigos, sem pressa e com qualidade.

A idéia é a de se contrapor ao espírito do Fast Food e o que ele representa como estilo de vida em que o americano endeusificou.

A surpresa, porém, é que esse movimento do Slow Food está servindo de base para um movimento mais amplo chamado Slow Europe como salientou a revista Business Week numa edição européia.

A base de tudo está no questionamento da “pressa” e da “loucura” gerada pela globalização, pelo apelo à “quantidade do ter” em contraposição à qualidade de vida ou à “qualidade do ser”.

Segundo a Business Week, os trabalhadores franceses, embora trabalhem menos horas( 35 horas por semana ) são mais produtivos que seus colegas americanos ou ingleses.

E os alemães, que em muitas empresas instituíram uma semana de 28,8 horas de trabalho, viram sua produtividade crescer nada menos que 20%.

Essa chamada “slow atitude” está chamando a atenção até dos americanos, apologistas do “Fast” (rápido) e do “Do it now” (faça já).

Portanto, essa “atitude sem-pressa” não significa fazer menos, nem ter menor produtividade.

Significa, sim, fazer as coisas e trabalhar com mais “qualidade” e “produtividade” com maior perfeição, atenção aos detalhes e com menos “stress”.

Significa retomar os valores da família, dos amigos, do tempo livre, do lazer, das pequenas comunidades, do “local”, presente e concreto em contraposição ao “global” – indefinido e anônimo. Significa a retomada dos valores essenciais do ser humano, dos pequenos prazeres do cotidiano, da simplicidade de viver e conviver e até da religião e da fé.

Significa um ambiente de trabalho menos coercitivo, mais alegre, mais “leve” e, portanto, mais produtivo onde seres humanos, felizes, fazem com prazer, o que sabem fazer de melhor.

Gostaria de que você pensasse um pouco sobre isso…

Será que os velhos ditados “Devagar se vai ao longe” ou ainda “A pressa é inimiga da perfeição” não merecem novamente nossa atenção nestes tempos de desenfreada loucura?

Será que nossas empresas não deveriam também pensar em programas sérios de “qualidade sem-pressa” até para aumentar a produtividade e qualidade de nossos produtos e serviços sem a necessária perda da “qualidade do ser”?

No filme “Perfume de Mulher”, há uma cena inesquecível, em que um personagem cego, vivido por Al Pacino, tira uma moça para dançar e ela responde:

“Não posso, porque meu noivo vai chegar em poucos minutos.”

“Mas em um momento se vive uma vida” – responde ele, conduzindo-a num passo de tango.

E esta pequena cena é o momento mais bonito do filme.

Algumas pessoas vivem correndo atrás do tempo, mas parece que só alcançam quando morrem enfartados, ou algo assim.

Para outros, o tempo demora a passar; ficam ansiosos com o futuro e se esquecem de viver o presente, que é o único tempo que existe.

Tempo todo mundo tem, por igual!

Ninguém tem mais nem menos que 24 horas por dia. A diferença é o que cada um faz do seu tempo. Precisamos saber aproveitar cada momento, porque, como disse John Lennon:

“A vida é aquilo que acontece enquanto fazemos planos para o futuro”…

Parabéns por ter lido até o final!

Muitos não lerão esta mensagem até o final, porque não podem “perder” o seu tempo neste mundo globalizado.

Pense e reflita, até que ponto vale a pena deixar de curtir sua família.De ficar com a pessoa amada, ir pescar no fim de semana ou outras coisas…

Poderá ser tarde demais!

Saber aprender para sobreviver…

Teste sua percepção…

Você está dirigindo um ônibus que vai de Belo Horizonte para Salvador.

No início temos 32 passageiros no ônibus.

Na primeira parada, 11 pessoas saem do ônibus e 9 entram.

Na segunda parada, 2 pessoas saem do ônibus e 2 entram.

Na parada seguinte, 12 pessoas entram e 16 pessoas saem.

Na próxima parada, 5 pessoas entram no ônibus e 3 saem.

Qual a cor dos olhos do motorista do ônibus ?

PENSE !!! Depois veja a resposta logo abaixo !!! . . . .

A chave para entender o problema é prestar atenção na informação certa.

Se nos preocupamos com o número de pessoas que entra e sai do ônibus, estamos dando atenção à informação desnecessária.

Ela nos distrai da informação importante.

A resposta para o problema está na primeira sentença.

VOCÊ está dirigindo o ônibus !

Então, a cor dos olhos do motorista é a cor dos SEUS olhos.

Se você não acertou, não se preocupe.

A maioria das pessoas não responde corretamente.

Se você acertou, você tem uma excelente habilidade para resolver problemas.

Quantas vezes não passamos por isto em nossas vidas profissionais ?

Algo menos importante nos desvia do nosso foco principal.

E quantas coisas estão claras, foram ditas e passam despercebidas ?

Colaboração: Renato Antunes Oliveira

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