Antes de se tornar político, Juscelino sonhava em ser médico. Formou-se pela Faculdade de Medicina de Minas Gerais em 1927 e iniciou sua carreira com grande dedicação. Imagine o jovem JK, recém-formado, trabalhando com afinco e idealismo.

Uma noite, já tarde, Juscelino estava de plantão em um hospital em Belo Horizonte. A rotina era exaustiva, mas ele se entregava de corpo e alma a cada caso. De repente, a porta do pronto-socorro se abriu com um estrondo e um homem foi trazido às pressas, sangrando muito, vítima de um grave acidente. A situação era crítica, e a equipe médica rapidamente se mobilizou.

Juscelino, com a calma que se tornaria uma de suas marcas, assumiu o caso. Ele sabia que cada segundo contava. Com a experiência ainda limitada, mas com uma intuição aguçada e um pulso firme, ele realizou os procedimentos necessários para estancar a hemorragia e estabilizar o paciente. A cirurgia foi longa e delicada, e o jovem médico demonstrou uma perícia impressionante para alguém tão no início de sua carreira.

Após horas de tensão, o homem foi salvo. Juscelino sentiu um alívio imenso, a sensação de dever cumprido que só a medicina pode proporcionar. No dia seguinte, quando o paciente já estava fora de perigo, o médico foi visitá-lo. Foi então que uma surpresa o aguardava.

O homem, ainda fraco, olhou para Juscelino com gratidão nos olhos e se apresentou: “Sou o jornalista Carlos de Lacerda“. Aquele nome, na época, significava pouco para o jovem médico. Mal sabia Juscelino que, anos mais tarde, Carlos de Lacerda se tornaria um de seus mais ferrenhos adversários políticos, opondo-se veementemente à construção de Brasília e a muitas de suas políticas.

O Destino Inesperado da Política

Essa história, contada por amigos e biógrafos de JK, é fascinante por vários motivos. Primeiro, ela ilustra a vocação genuína de Juscelino para a medicina e sua dedicação em salvar vidas, algo que ele levou consigo para a política: a ideia de “curar” o país de seus males e levá-lo ao progresso.

Em segundo lugar, e talvez o mais intrigante, é o encontro inusitado com seu futuro antagonista. Quem diria que o paciente que teve sua vida salva pelas mãos do jovem médico seria, anos depois, o grande crítico de seu governo? Esse episódio revela as reviravoltas da vida e como as relações humanas, mesmo as mais improváveis, podem se desenvolver de maneiras inesperadas.

Essa história pessoal de Juscelino, que poderia ter sido apenas mais um dia na vida de um médico, se tornou um prelúdio irônico para os complexos caminhos que o destino o levaria a trilhar na política brasileira. Ele salvou a vida de um homem que, mais tarde, tentaria, figurativamente, impedir o “salvamento” de seu projeto mais ambicioso: a construção de uma nova capital.

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