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As ações e decisões de hoje…

Texto de Aldo Novak

O que fizermos hoje, ecoará pela eternidade. (General Maximus Decimus Meridius, em Gladiator, cena I)

As próximas horas serão as mais importantes da sua vida.

Todas as suas linhas de existência serão influenciadas, em menor ou maior grau, pelas pequenas e grandes decisões e ações que você executar hoje; pelos telefonemas que você der, ou não der; pelos e-mails que você enviar, ou deletar; pelos sorrisos que você distribuir – ou pelo mau humor que você espalhar; pelas pessoas que você cativar e por aqueles que decida afastar; pelos compromissos que você assumir ou por aqueles dos quais venha a fugir.

Os convites que você fizer, ou aqueles a quem você não convidar, mudarão suas linhas da vida. O mesmo acontece com os convites que você aceitar, ou dos quais venha a declinar.

Cada ação sua nessas próximas horas, boa ou má, influenciará resultados futuros que podem acontecer amanhã, na próxima semana, no próximo ano ou dentro de uma ou duas décadas.

Vários desses resultados acontecerão em momentos e lugares tão distantes que você nunca saberá que tudo começou no dia de hoje, jamais entendendo os caminhos que sua ação tiver percorrido, até voltar a tocar sua vida, ou a vida de outros. Por não entender tais caminhos você os chamará de sorte, ou azar, de bênção divina ou fúria dos deuses. Ainda assim, serão resultados somente.

Coisas boas ou más, criadas por você nas próximas horas, voltarão como um bumerangue, em momentos absolutamente imprevisíveis, mas matematicamente precisos.

Aproveite os próximos minutos para organizar suas decisões e escolher os melhores caminhos.

Aproveite para agir – não necessariamente nos caminhos mais fáceis, não nos mais divertidos, não nos mais prazerosos.

Agir nos melhores caminhos .

Como diz o personagem do General Maximus Decimus Meridius , em Gladiador, cena I, Tudo aquilo que você fizer hoje, realmente ecoará pela eternidade.

Até mesmo ter lido a este texto.

A sabedoria do vira-latas

Uma velha senhora foi para um safari na África e levou seu velho vira-lata com ela.

Um dia, caçando borboletas, o velho cão, de repente, deu-se conta de que estava perdido.

Vagando a esmo, procurando o caminho de volta, o velho cão percebe que um jovem leopardo o viu e caminha em sua direção, com intenção de conseguir um bom almoço ..

O cachorro velho pensa:

— Oh, oh! Estou mesmo enrascado! Olhou à volta e viu ossos espalhados no chão por perto. Em vez de apavorar-se mais ainda, o velho cão ajeita-se junto ao osso mais próximo, e começa a roê-lo, dando as costas ao predador …

Quando o leopardo estava a ponto de dar o bote, o velho cachorro exclama bem alto:

— Cara, este leopardo estava delicioso! Será que há outros por aí?

Ouvindo isso, o jovem leopardo, com um arrepio de terror, suspende seu ataque, já quase começado, e se esgueira na direção das árvores.

— Caramba! pensa o leopardo, essa foi por pouco! O velho vira-lata quase me pega!

Um macaco, numa árvore ali perto, viu toda a cena e logo imaginou como fazer bom uso do que vira: em troca de proteção para si, informaria ao predador que o vira-lata não havia comido leopardo algum.. .

E assim foi, rápido, em direção ao leopardo. Mas o velho cachorro o vê correndo na direção do predador em grande velocidade, e pensa:

— Aí tem coisa!

O macaco logo alcança o felino, cochicha-lhe o que interessa e faz um acordo com o leopardo.O jovem leopardo fica furioso por ter sido feito de bobo, e diz:

— Aí, macaco! Suba nas minhas costas para você ver o que acontece com aquele cachorro abusado!

Agora, o velho cachorro vê um leopardo furioso, vindo em sua direção, com um macaco nas costas, e pensa:

— E agora, o que é que eu posso fazer?

Mas, em vez de correr (sabe que suas pernas doloridas não o levariam longe…) o cachorro senta, mais uma vez dando costas aos agressores, e fazendo de conta que ainda não os viu, e quando estavam perto o bastante para ouvi-lo, o velho cão diz:

— Cadê aquele desgraçado do macaco? Tô morrendo de fome! Ele disse que ia trazer outro leopardo para mim e não chega nunca!

Moral da história: não mexa com cachorro velho… idade e habilidade se sobrepõem à juventude e intriga. Sabedoria só vem com idade e experiência.

A roupa não faz o homem

Mahatma Gandhi só usava uma tanga, a fim de se identificar com as massas simples da Índia.

Certa vez, ele chegou assim vestido, numa festa dada pelo governador inglês. Os criados não o deixaram entrar. Ele voltou para casa e enviou um pacote ao governador, por um mensageiro.

O governador ligou para a casa dele e perguntou-lhe o significado do embrulho.

O pequeno grande homem respondeu:

“Fui convidado para a sua festa, mas não me permitiram entrar por causa da minha roupa. Se é a roupa que vale, eu lhe envio o meu terno.”

A Prova

Olhem o que um professor é capaz de fazer. O fato narrado abaixo é real e aconteceu em um curso de Engenharia da USJT (Univ. São Judas Tadeu), tornando-se logo uma das “lendas” da faculdade…

Na véspera de uma prova, 4 alunos resolveram chutar o balde: iriam viajar. Faltaram a prova e então resolveram dar um “jeitinho”. Voltaram a USJT na terça, sendo que a prova havia ocorrido na segunda. Então dirigiram-se ao professor:

– Professor, fomos viajar, o pneu furou, não conseguimos consertá-lo, tivemos mil problemas, e por conta disso tudo nos atrasamos, mas, gostaríamos de fazer a prova.

O professor, sempre compreensivo:

Claro, vocês podem fazer a prova hoje a tarde, após o almoço. E assim foi feito. Os rapazes correram para casa e se racharam de tanto estudar, na medida do possível.

Na hora da prova, o professor colocou cada aluno em uma sala diferente e entregou a prova:

Primeira pergunta, valendo 1 ponto: algo sobre a Lei de Ohm.

Os quatro ficaram contentes pois haviam visto algo sobre o assunto. Pensaram que a prova seria muito fácil e que haviam conseguido se “dar bem”.

Segunda pergunta, valendo 9 pontos: “Qual pneu furou?”

A Prisão de Cada Um

Martha Medeiros

O psiquiatra Paulo Rebelato, em entrevista para a revista gaúcha Red 32, disse que o máximo de liberdade que o ser humano pode aspirar é escolher a prisão na qual quer viver.

Pode-se aceitar esta verdade com pessimismo ou otimismo, mas é impossível refutá-la.

A liberdade é uma abstração.

Liberdade não é uma calça velha, azul e desbotada, e sim, nudez total, nenhum comportamento para vestir. No entanto, a sociedade não nos deixa sair à rua sem um crachá de identificação pendurado no pescoço.

Diga-me qual é a sua tribo e eu lhe direi qual é a sua clausura.

São cativeiros bem mais agradáveis do que Carandiru (ex-presídio brasileiro de péssimas condições). Para pegar sol, ler livros, receber amigos, comer bons pratos, ouvir música, ou seja, uma cadeia à moda Luis Estevão (parlamentar preso em cela especial), temos que advogar em causa própria e habeas corpus, nem pensar.

O casamento pode ser uma prisão. E a maternidade, a pena máxima …

Um emprego que rende um gordo salário trancafia você, o impede de chutar o balde e arriscar novos vôos. O mesmo se pode dizer de um cargo de chefia. Tudo que lhe dá segurança, ao mesmo tempo o escraviza.

Viver sem laços igualmente pode nos reter.

Uma vida mundana, sem dependentes para sustentar, o céu como limite: prisão também.

Você se condena a passar o resto da vida sem experimentar a delícia de uma vida amorosa estável, o conforto de um endereço certo e a imortalidade alcançada através de um filho.

Se nem a estabilidade e a instabilidade nos tornam livres, aceitemos que poder escolher a própria prisão já é, em si, uma vitória.

Nós é que decidimos quando seremos capturados, para onde seremos levados. É uma opção consciente. Não nos obrigaram a nada, não nos trancafiaram num sanatório ou num presídio real, entre quatro paredes.

Nosso crime é estar vivo e nossa sentença é branda, visto que outros, ao cometerem o mesmo crime que nós – nascer – foram trancafiados em lugares chamados analfabetismo, miséria, exclusão..

Brindemos: temos todos cela especial!

Colaboração: Wilma Santiago

A Pedra no Caminho

Conta-se a lenda de um rei que viveu num país além-mar há muitos anos.

Ele era muito sábio e não poupava esforços para ensinar bons hábitos a seu povo.

Freqüentemente fazia coisas que pareciam estranhas e inúteis; mas tudo que fazia era para ensinar o povo a ser trabalhador e cauteloso.

— Nada de bom pode vir a uma nação – dizia ele – cujo povo reclama e espera que outros resolvam seus problemas. Deus dá as coisas boas da vida a quem lida com os problemas por conta própria.

Uma noite, enquanto todos dormiam, ele pôs uma enorme pedra na estrada que passava pelo palácio.

Depois foi se esconder atrás de uma cerca, e esperou para ver o que acontecia.

Primeiro veio um fazendeiro com uma carroça carregada de sementes que ele levava para moagem na usina.

— Quem já viu tamanho descuido? – disse ele contrariadamente, enquanto desviava sua parelha e contornava a pedra. Por que esses preguiçosos não mandam retirar essa pedra da estrada ?

E continuou reclamando da inutilidade dos outros, mas sem ao menos tocar, ele próprio, na pedra.

Logo depois, um jovem soldado veio cantando pela estrada.

A longa pluma do seu quepe ondulava na brisa, e uma espada reluzente pendia à sua cintura.

Ele pensava na maravilhosa coragem que mostraria na guerra.

O soldado não viu a pedra, mas tropeçou nela e se estatelou no chão poeirento.

Ergueu-se, sacudiu a poeira da roupa, pegou a espada e enfureceu-se com os preguiçosos que insensatamente haviam largado uma pedra imensa na estrada.

Então, ele também se afastou, sem pensar uma única vez que ele próprio poderia retirar a pedra.

Assim correu o dia.

Todos que por ali passavam reclamavam e resmungavam por causa da pedra colocada na estrada, mas ninguém a tocava.

Finalmente, ao cair da noite, a filha do moleiro por lá passou.

Era muito trabalhadora, e estava cansada, pois desde cedo andava ocupada no moinho.

Mas disse a si mesma :

“Já está quase escurecendo, alguém pode tropeçar nesta pedra à noite e se ferir gravemente. Vou tirá-la do caminho.”

E tentou arrastar dali a pedra.

Era muito pesada, mas a moça empurrou, e empurrou, e puxou, e inclinou, até que conseguiu retirá-la do lugar.

Para sua surpresa, encontrou uma caixa debaixo da pedra.

Ergueu a caixa.

Era pesada, pois estava cheia de alguma coisa.

Havia na tampa os seguintes dizeres : “Esta caixa pertence a quem retirar a pedra.”

Ela abriu a caixa e descobriu que estava cheia de ouro.

A filha do moleiro foi para casa com o coração feliz.

Quando o fazendeiro e o soldado e todos os outros ouviram o que havia ocorrido, juntaram-se em torno do local na estrada onde a pedra estava.

Revolveram o pó da estrada com os pés, na esperança de encontrar um pedaço de ouro.

— Meus amigos – disse o rei – com freqüência encontramos obstáculos e fardos no caminho. Podemos reclamar em alto e bom som enquanto nos desviamos deles se assim preferirmos, ou podemos erguê-los e descobrir o que eles significam.

A decepção é normalmente o preço da preguiça.

Colaboração: Renato Antunes Oliveira

A origem do Dia das Mães

A mais antiga comemoração dos dias das mães é mitológica. Na Grécia antiga, a entrada da primavera era festejada em honra de Rhea, a Mãe dos Deuses.

O próximo registro está no início do século XVII, quando a Inglaterra começou a dedicar o quarto domingo da Quaresma às mães das operárias inglesas. Nesse dia, as trabalhadoras tinham folga para ficar em casa com as mães. Era chamado de “Mothering Day”, fato que deu origem ao “mothering cake”, um bolo para as mães que tornaria o dia ainda mais festivo.

Nos Estados Unidos, as primeiras sugestões em prol da criação de uma data para a celebração das mães foi dada em 1872 pela escritora Júlia Ward Howe, autora de “O Hino de Batalha da República”.

Mas foi outra americana, Ana Jarvis, no Estado da Virgínia Ocidental, que iniciou a campanha para instituir o Dia das Mães. Em 1905 Ana, filha de pastores, perdeu sua mãe e entrou em grande depressão. Preocupadas com aquele sofrimento, algumas amigas tiveram a idéia de perpetuar a memória de sua mãe com uma festa. Ana quis que a festa fosse estendida a todas as mães, vivas ou mortas, com um dia em que todas as crianças se lembrassem e homenageassem suas mães. A idéia era fortalecer os laços familiares e o respeito pelos pais.

Durante três anos seguidos, Anna lutou para que fosse criado o Dia das Mães. A primeira celebração oficial aconteceu somente em 26 de abril de 1910, quando o governador de Virgínia Ocidental, William E. Glasscock, incorporou o Dia das Mães ao calendário de datas comemorativas daquele estado. Rapidamente, outros estados norte-americanos aderiram à comemoração.

Finalmente, em 1914, o então presidente dos Estados Unidos, Woodrow Wilson (1913-1921), unificou a celebração em todos os estados, estabelecendo que o Dia Nacional das Mães deveria ser comemorado sempre no segundo domingo de maio. A sugestão foi da própria Anna Jarvis. Em breve tempo, mais de 40 países adotaram a data.

“Não criei o dia das mães para ter lucro”

O sonho foi realizado, mas, ironicamente, o Dia das Mães se tornou uma data triste para Anna Jarvis. A popularidade do feriado fez com que a data se tornasse uma dia lucrativo para os comerciantes, principalmente para os que vendiam cravos brancos, flor que simboliza a maternidade. “Não criei o dia as mães para ter lucro”, disse furiosa a um repórter, em 1923. Nesta mesmo ano, ela entrou com um processo para cancelar o Dia das Mães, sem sucesso.

Anna passou praticamente toda a vida lutando para que as pessoas reconhecessem a importância das mães. Na maioria das ocasiões, utilizava o próprio dinheiro para levar a causa a diante. Dizia que as pessoas não agradecem freqüentemente o amor que recebem de suas mães. “O amor de uma mãe é diariamente novo”, afirmou certa vez. Anna morreu em 1948, aos 84 anos. Recebeu cartões comemorativos vindos do mundo todos, por anos seguidos, mas nunca chegou a ser mãe.

Cravos: símbolo da maternidade

Durante a primeira missa das mães, Anna enviou 500 cravos brancos, escolhidos por ela, para a igreja de Grafton. Em um telegrama para a congregação, ela declarou que todos deveriam receber a flor. As mães, em memória do dia, deveriam ganhar dois cravos. Para Anna, a brancura do cravo simbolizava pureza, fidelidade, amor, caridade e beleza. Durante os anos, Anna enviou mais de 10 mil cravos para a igreja, com o mesmo propósito. Os cravos passaram, posteriormente, a ser comercializados.

No Brasil

O primeiro Dia das Mães brasileiro foi promovido pela Associação Cristã de Moços de Porto Alegre, no dia 12 de maio de 1918. Em 1932, o então presidente Getúlio Vargas oficializou a data no segundo domingo de maio. Em 1947, Dom Jaime de Barros Câmara, Cardeal-Arcebispo do Rio de Janeiro, determinou que essa data fizesse parte também no calendário oficial da Igreja Católica.

Texto compilado das seguintes fontes

  • Pesquisa de Daniela Bertocchi Seawright para o site Terra, http://www.terra.com.br/diadasmaes/odia.htm Fontes / Imagens:
  • Norman F. Kendall, Mothers Day, A History of its Founding and its Founder, 1937.
  • Main Street Mom
  • West Virginia Oficial Site
  • O Guia dos Curiosos – Marcelo Duarte. Cia da Letras, S.P., 1995.
  • Revista Vitrine – artigo – Abril, S.P., 1999

—- Fonte: http://www.portaldafamilia.org/artigos/texto026.shtml

Antes do dia partir… O que valeu a pena hoje?

Sempre tem alguma coisa. Um telefonema. Um filme…

Paulo Mendes Campos, em uma de suas crônicas reunidas no livro “o amor acaba”, diz que devemos nos empenhar em não deixar o dia partir inultilmente.

Eu tenho, há anos, isso como lema.

É pieguice, mas antes de dormir, quando a noite chega e o sono ainda não veio, eu penso: o que valeu a pena hoje? Sempre tem alguma coisa.

Um telefonema. Um filme. Um corte de cabelo que deu certo. Um e-mail inspirado…

Até uma briga pode ter sido útil, caso tenha iluminado o que andava escuro dentro da gente.

Já para algumas pessoas, ganhar o dia é ganhar mesmo: ganhar um aumento, ganhar na loteria, ganhar um pedido de casamento, ganhar uma partida, ou até um presente.

Mas para quem valoriza apenas as megavitórias, sobram centenas de outros dias em que, aparentemente, nada acontece, e geralmente são essas pessoas que vivem dizendo que a vida não é boa, e seguem cultivando sua angústia existencial com cachaça e uísque, mesmo já tendo seu super apartamento, sua bela esposa, seu carro do ano e um salário aditivado.

Nas últimas semanas, meus dias foram salvos por detalhes.

Uma segunda-feira valeu por uma música que não conhecia e alguém me mandou por e-mail… Linda… Que me arrepiou, me transportou para uma época legal da minha vida, me fez querer dividir aquele momento com pessoas que são importantes pra mim.

E assim correm os dias, presenteando a gente com uma música, um crepúsculo, um instante especial que acaba compensando 24 horas banais.

Claro que tem dias que não servem pra nada, dias em que ninguém nos surpreende, o trabalho não rende e as horas se arrastam melancólicas,sem falar naqueles dias em que tudo dá errado:

Batemos o carro… Somos multados, e pra melhorar, depois perdemos a chave do carro no cinema…

Pois estou pra dizer que até a tristeza pode tornar um dia especial, só que não ficaremos sabendo disso na hora, e sim lá adiante, naquele lugar chamado futuro, onde tudo se justifica.

É muita condescendência com o cotidiano, eu sei, mas não deixar o dia de hoje partir inutilmente é o único meio de a gente aguardar com entusiasmo o dia de amanhã…

Antes de julgar

Um médico entrou num hospital apressado, depois de ter sido chamado para uma cirurgia urgente. Ele respondeu à chamada imediatamente, e mal chegou trocou-se e foi direto para o bloco operatório. Pelo caminho encontrou o pai do rapaz que ia ser operado a andar para trás e para frente à espera do médico. Quando o viu, o pai gritou:

— Porque demorou este tempo todo a vir? Não sabe… que a vida do meu filho está em perigo? Você não tem o mínimo de sentimento e de responsabilidade?

O médico sorriu e respondeu serenamente:

— Peço-lhe desculpa, não estava no hospital e vim assim que recebi a chamada. Agora, gostaria que você se acalmasse para que eu também possa fazer o meu trabalho.

— Acalmar-me? E se o seu filho estivesse dentro do bloco operatório, você também ficaria calmo? E se o seu filho morresse o que faria? – disse o pai visivelmente agitado.

— Ficar nesse estado alterado e de nervos não vai ajudar nada, nem a si, nem a mim e muito menos ao seu filho. Prometo-lhe que farei o melhor que sei e consigo dentro das minhas capacidades, disse o médico.

— Falar assim é fácil, quando não nos diz respeito, murmurou o pai entre dentes.

Passadas algumas horas, a cirurgia terminou e o médico saiu sorridente de encontro ao pai.

— A cirurgia foi um sucesso. Conseguimos salvar o seu filho! Se tiver alguma questão pergunte à enfermeira.

Sem esperar pela resposta, o clínico prosseguiu caminho visivelmente apressado. O pai irritado dirigiu-se à enfermeira e desabafou:

— O médico é mesmo arrogante. Será que lhe custava muito ficar aqui mais uns minutos para eu lhe questionar em relação ao estado geral do meu filho?

A enfermeira, um pouco abalada e quase a chorar respondeu-lhe:

— O filho do doutor morreu ontem num acidente rodoviário. Ele estava no funeral quando o chamamos para a cirurgia do seu filho. Agora que a cirurgia terminou e o seu filho foi salvo, o doutor voltou para o funeral para prestar a última homenagem ao filho dele.

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