Categoria: Histórias (Page 56 of 105)

Escrever

Escrever é fácil: você começa com uma letra maiúscula e termina com um ponto final. No meio você coloca idéias. (Pablo Neruda)

Escrever é, simplesmente, uma maneira de falar sem que nos interrompam. (Sofocleto)

É preciso escrever o mais possível como se fala e não falar demais como se escreve. (Sainte-Beuve)

O ato de escrever é a arte de sentar-se numa cadeira. (Sinclair Lewis)

Somos todos escritores. Só que uns escrevem, outros não. (José Saramago)

Escrever é ter coisas para dizer. (Darcy Ribeiro)

Perdoe-me, senhora, se escrevi carta tão comprida. Não tive tempo de fazê-la curta. (Voltaire)

Reescrevi 30 vezes o último parágrafo de ‘Adeus às Armas’ antes de me sentir satisfeito. (Ernest Hemingway)

Uma história se conta, não se explica. (Jorge Amado)

Escrevo para que meus amigos me amem ainda mais. (Gabriel García-Márquez)

Quem não lê não escreve. (Wander Soares)

Cada um escreve do jeito que respira. Cada um tem seu estilo. Devo minha literatura à asma. (Fabrício Carpinejar)

Escrever é um ato de liberdade. (Martin Amis)

Escrever é uma forma de a voz sobreviver à pessoa. (Margaret Atwood)

De escrever para marmanjos já me enjoei. Bichos sem graça. Mas para crianças um livro é todo um mundo. (Monteiro Lobato)

Quando alguém pergunta a um autor o que este quis dizer é porque um dos dois é burro. (Mário Quintana)

Existem três regras para escrever ficção. Infelizmente ninguém sabe quais são elas. (W. Somerset Maugham)

O autor escreve apenas metade de um livro. A outra metade fica por conta do leitor. (Joseph Conrad)

Corrigir uma página é fácil, mas escrevê-la, ah, amigo! Isso é difícil. (Jorge Luis Borges)

Escrever não é fácil ou difícil, mas possível ou impossível. (Camilo José Cela)

Escrever é deixar uma marca. É impor ao papel em branco um sinal permanente, é capturar um instante em forma de palavra. (Margaret Atwood)

Eu escrevo como se fosse salvar a vida de alguém. Provavelmente a minha própria vida. (Clarice Lispector)

Para escrever bem é preciso uma facilidade natural e uma dificuldade adquirida. (Joseph Joubert)

Escrever não é nada mais senão ter o tempo de dizer: estou morrendo. (Gaëtan Picon)

Uns escrevem para salvar a humanidade ou incitar lutas de classes, outros para se perpetuar nos manuais de literatura ou conquistar posições e honrarias. Os melhores são os que escrevem pelo prazer de escrever. (Lêdo Ivo)

Escrever é sacudir o sentido do mundo. (Roland Barthes)

Escolhas de uma vida

Por Pedro Bial

A certa altura do filme Crimes e Pecados, o personagem interpretado por Woody Allen diz: “Nós somos a soma das nossas decisões”.

Essa frase acomodou-se na minha massa cinzenta e de lá nunca mais saiu. Compartilho do ceticismo de Allen: a gente é o que a gente escolhe ser, o destino pouco tem a ver com isso.

Desde pequenos aprendemos que, ao fazer uma opção,estamos descartando outra, e de opção em opção vamos tecendo essa teia que se convencionou chamar “minha vida”.

Não é tarefa fácil. No momento em que se escolhe ser médico, se está abrindo mão de ser piloto de avião. Ao optar pela vida de atriz, será quase impossível conciliar com a arquitetura. No amor, a mesma coisa: namora-se um, outro, e mais outro, num excitante vaivém de romances. Até que chega um momento em que é preciso decidir entre passar o resto da vida sem compromisso formal com alguém, apenas vivenciando amores e deixando-os ir embora quando se findam, ou casar, e através do casamento fundar uma microempresa, com direito a casa própria, orçamento doméstico e responsabilidades.

As duas opções têm seus prós e contras: viver sem laços e viver com laços…

Escolha: beber até cair ou virar vegetariano e budista? Todas as alternativas são válidas, mas há um preço a pagar por elas.

Quem dera pudéssemos ser uma pessoa diferente a cada 6 meses, ser casados de segunda a sexta e solteiros nos finais de semana, ter filhos quando se está bem-disposto e não tê-los quando se está cansado. Por isso é tão importante o auto conhecimento. Por isso é necessário ler muito, ouvir os outros, estagiar em várias tribos, prestar atenção ao que acontece em volta e não cultivar preconceitos. Nossas escolhas não podem ser apenas intuitivas, elas têm que refletir o que a gente é. Lógico que se deve reavaliar decisões e trocar de caminho: Ninguém é o mesmo para sempre.

Mas que essas mudanças de rota venham para acrescentar, e não para anular a vivência do caminho anteriormente percorrido. A estrada é longa e o tempo é curto.Não deixe de fazer nada que queira, mas tenha responsabilidade e maturidade para arcar com as conseqüências destas ações.

Lembrem-se: suas escolhas têm 50% de chance de darem certo, mas também 50% de chance de darem errado. A escolha é sua…!

Escolhas…

Antonio Eduardo Amaral Henriques

Dê uma boa olhada ao seu redor, e entenda que sua vida agora mesmo é o resultado de todas as suas escolhas no passado.

Você gosta do que vê?

Certamente você andou muito para chegar até aqui.

Você sobreviveu e deu um jeito de estar onde está.

Existem coisas que poderiam melhorar?. Provavelmente.

Existem lugares que você gostaria de conhecer, coisas que gostaria de fazer? Você consegue imaginar a sua vida sendo ainda melhor, ainda mais gratificante e emocionante do que é hoje?

Então, como chegar lá?

Do mesmo jeito que chegou até aqui: como resultado das escolhas que você faz. Existem escolhas, e existem escolhas. Geralmente prestamos muita atenção às grandes decisões: faculdade, casamento, a primeira casa ou apartamento. Mas, freqüentemente, as decisões mais poderosas são as “pequenas”, aquelas que fazemos um dia após o outro: fazer ou não mais uma visita, dar aquele telefonema, acordar mais cedo para fazer exercício, a atitude com que encaramos o dia a dia no trabalho.

A qualidade da sua vida é um resultado direto das escolhas que você faz.

E cada momento em sua vida é uma escolha. O futuro aproxima-se no mesmo ritmo de sempre.

Então preste atenção nas suas escolhas, pois são elas que moldarão, ativamente, o resto da sua vida.

Escolhas

Sister Mohini (Brahma Kumaris)

Temos uma escolha:

ou seguramos o que temos ou pegamos o que está sendo oferecido.

Se estivermos prontos para deixar o velho, estaremos prontos a pegar o novo.

Até o último momento, haverá alguma coisa que teremos de deixar e alguma coisa que teremos de tomar.

Quando nos é oferecido algo mais, temos que aprender a largar o que estávamos segurando.

Temos que abrir um espaço interno para poder receber.

Há fortuna em cada passo, mas junto com fortuna tem que haver renúncia.

Colaboração de Renato J.G. Filho

Era uma Vez

Helen Buckley

Era uma vez um menininho bastante pequeno que contrastava com a escola bastante grande. Uma manhã, a professora disse:

— Hoje nós iremos fazer um desenho.

Que bom!. pensou o menininho. Ele gostava de desenhar leões, tigres, galinhas, vacas, trens e barcos

Pegou a sua caixa de lápis-de-cor e começou a desenhar. A professora então disse:

— Esperem, ainda não é hora de começar !

Ela esperou até que todos estivessem prontos.

— Agora, disse a professora, nós iremos desenhar flores.

E o menininho começou a desenhar bonitas flores com seus lápis rosa, laranja e azul.

A professora disse:

— Esperem ! Vou mostrar como fazer.

E a flor era vermelha com caule verde.

— Assim, disse a professora, agora vocês podem começar.

O menininho olhou para a flor da professora, então olhou para a sua flor. Gostou mais da sua flor, mas não podia dizer isso virou o papel e desenhou uma flor igual a da professora. Era vermelha com caule verde.

Num outro dia, quando o menininho estava em aula ao ar livre, a professora disse:

— Hoje nós iremos fazer alguma coisa com o barro.

— Que bom ! Pensou o menininho.

Ele gostava de trabalhar com barro. Podia fazer com ele todos os tipos de coisas: elefantes, camundongos, carros e caminhões. Começou a juntar e amassar a sua bola de barro.

Então, a professora disse:

— Esperem ! Não é hora de começar !

Ela esperou até que todos estivessem prontos.

— Agora, disse a professora, nós iremos fazer um prato.

Que bom! — pensou o menininho.

Ele gostava de fazer pratos de todas as formas e manhos. A professora disse:

— Esperem ! Vou mostrar como se faz. Assim, agora vocês podem começar.

E o prato era um prato fundo.

O menininho olhou para o prato da professora, olhou para o próprio prato e gostou mais do seu, mas ele não podia dizer isso. Amassou seu barro numa grande bola novamente e fez um prato fundo, igual ao da professora.

E muito cedo o menininho aprendeu a esperar e a olhar e a fazer as coisas exatamente como a professora. E muito cedo ele não fazia mais coisas por si próprio.

Então aconteceu que o menininho teve que mudar de escola. Essa escola era ainda maior que a primeira. Um dia a professora disse:

— Hoje nós vamos fazer um desenho.

Que bom! pensou o menininho e esperou que a professora dissesse o que fazer.

Ela não disse.

Apenas andava pela sala.

Então veio até o menininho e disse:

— Você não quer desenhar ?

— Sim, e o que é que nós vamos fazer ?

— Eu não sei, até que você o faça.

— Como eu posso fazê-lo ?

— Da maneira que você gostar.

— E de que cor ?

— Se todo mundo fizer o mesmo desenho e usar as mesmas cores, como eu posso saber o desenho de cada um ?

— Eu não sei . . .

E então o menininho começou a desenhar uma flor vermelha com o caule verde

É preciso saber dizer…

Demonstrar o amor é uma forma de deixar a vida transbordar dentro do próprio coração.

A maioria das pessoas estabelece datas especiais para manifestar o seu amor pelo outro : é o dia do aniversário, o natal, o aniversário de casamento, o dia dos namorados.

Para elas, expressar amor é como usar talheres de prata : é bonito, sofisticado, mas somente em ocasiões muito especiais.

E alguns não dizem nunca o que sentem ao outro.

Acreditam que o outro sabe que é amado e pronto.

Não é preciso dizer.

Conta um médico que uma cliente sua, esposa de um homem avesso a externar os seus sentimentos, foi acometida de uma supuração de apêndice e foi levada às pressas para o hospital.

Operada de emergência, necessitou receber várias transfusões de sangue sem nenhum resultado satisfatório para o restabelecimento de sua saúde.

O médico, um tanto preocupado, a fim de sugestiona-la, lhe disse : pensei que a senhora quisesse ficar curada o mais rápido possível para voltar para o seu lar e o seu marido.

Ela respondeu, sem nenhum entusiasmo :

— O meu marido não precisa de mim. Aliás, ele não necessita de ninguém. Sempre diz isto.

Naquela noite, o médico falou para o esposo que a sua mulher não queria ficar curada.

Que ela estava sofrendo de profunda carência afetiva que estava comprometendo a sua cura.

A resposta do marido foi curta, mas precisa :

— Ela tem de ficar boa.

Finalmente, como último recurso para a obtenção do restabelecimento da paciente, o médico optou por realizar uma transfusão de sangue direta.

O doador foi o próprio marido, pois ele possuía o tipo de sangue adequado para ela.

Deitado ao lado dela, enquanto o sangue fluía dele para as veias da sua esposa, aconteceu algo imprevisível.

O marido, traduzindo na voz uma verdadeira afeição, disse para a esposa :

— Querida, eu vou fazer você ficar boa.

— Por que ? Perguntou ela, sem nem mesmo abrir os olhos.

— Porque você representa muito para mim. Você é a minha vida !

Houve uma pausa.

O pulso dela bateu mais depressa.

Seus olhos se abriram e ela voltou lentamente a cabeça para ele.

— Você nunca me disse isso.

— Estou dizendo agora.

Mais tarde, com surpresa, o marido ouviu a opinião do médico sobre a causa principal da cura da sua esposa.

Não foi a transfusão em si mesma, mas o que acompanhou a doação do sangue que fez com que ela se restabelecesse.

As palavras de carinho fizeram a diferença entre a morte e a vida. É importante saber dizer : amo você!

O gesto carinhoso, a palavra gentil autêntica, a demonstração afetiva num abraço, numa delicada carícia funcionam como estímulos para o estreitamento dos laços indestrutíveis do amor. É urgente que, no relacionamento humano, se quebre a cortina do silêncio entre as criaturas e se fale a respeito dos sentimentos mútuos, sem vergonha e sem medo.

A pessoa cuja presença é uma declaração de amor consegue criar um ambiente especial para si e para os que privam da sua convivência.

Quem diz ao outro : eu amo você, expressa a sua própria capacidade de amar, mas também, afirmando que o outro é amado, se faz amar e cria amor ao seu redor.

Não Basta amar o outro.

É preciso que ele saiba que é amado !

Colaboração: Renato Antunes Oliveira

É Preciso Querer

Amyr Klink

Dias inteiros de calmaria, noites de ardentia, dedos no leme e olhos no horizonte, descobri a alegria de transformar distâncias em tempo.

Um tempo em que aprendi a entender as coisas do mar, a conversar com as grandes ondas e não discutir com o mal tempo. A transformar o medo em respeito, o respeito em confiança.

Descobri como é bom chegar quando se tem paciência.

E para se chegar onde quer que seja, aprendi que não é preciso dominar a força, mas a razão.

É preciso antes de mais nada querer.

M a r t h a
martha carrer cruz gabriel

É preciso ir embora

Ir embora é importante para que você entenda que você não é tão importante assim, que a vida segue, com ou sem você por perto. Pessoas nascem, morrem, casam, separam e resolvem os problemas que antes você acreditava só você resolver. É chocante e libertador – ninguém precisa de você pra seguir vivendo.

Nem sua mãe, nem seu pai, nem seu ex-patrão, nem sua empregada, nem ninguém. Parece besteira, mas a maioria de nós tem uma noção bem distorcida da importância do próprio umbigo – novidade para quem sofre deste mal: ninguém é insubstituível ou imprescindível. Lide com isso. É preciso ir embora.

Ir embora é importante para que você veja que você é muito importante sim! Seja por 2 minutos, seja por 2 anos, quem sente sua falta não sente menos ou mais porque você foi embora – apenas sente por mais tempo! O sentimento não muda. Algumas pessoas nunca vão esquecer do seu aniversário , você estando aqui ou na Austrália.

Esse papo de “que saudades de você, vamos nos ver uma hora” é politicagem. Quem sente sua falta vai sempre sentir e agir. E não se preocupe, pois o filtro é natural. Vai ter sempre aquele seleto e especial grupo que vai terminar a frase “Que saudade de você?” com “por isso tô te mandando esse áudio”; ou “porque tá tocando a nossa música” ou “então comprei uma passagem” ou ainda “desce agora que tô passando aí”.

Então vá embora. Vá embora do trabalho que te atormenta. Daquela relação que você sabe não vai dar certo. Vá embora “da galera” que está presente quando convém. Vá embora da casa dos teus pais. Do teu país. Da sala. Vá embora. Por minutos, por anos ou pra vida. Se ausente, nem que seja pra encontrar com você mesmo. Quanto voltar – e se voltar – vai ver as coisas de outra perspectiva, lá de cima do avião.

As desculpas e pré-ocupações sempre vão existir. Basta você decidir encarar as mesmas como elas realmente são – do tamanho de formigas.

É preciso

É preciso a certeza de que tudo vai mudar.

É necessário abrir os olhos e perceber que as coisas boas estão dentro de nós: onde os sentimentos não precisam de motivos, nem os desejos de razão.

O importante é aproveitar o momento e aprender sua duração, pois a vida está nos olhos de quem sabe ver…se não houve frutos, valeu a beleza das flores; se não houve flores, valeu a sombra das folhas; se não houve folhas, valeu a intenção das sementes…

E o Biggs estava certo

Mario Prata

Não é de hoje que admiro a esperteza de Ronald Biggs. Tudo que ele fez na vida – honesta ou desonestamente -, o fez maravilhosamente. Afinal, estamos diante de um assaltante de 50 milhões de dólares. E mais: o homem é inglês.

E agora, aos 71 anos, doente e encarcerado em uma cadeira de rodas, chegou à brilhantíssima idéia de que é mais fácil (seguro, tranqüilo e civilizado) passar o resto da sua vida numa prisão inglesa do que solto nas ruas do Rio de Janeiro.

Não é mesmo um gênio? Sua Majestade vai se encarregar da sua saúde e da sua garantia de vida. Fora uns altíssimos trocados que o jornal mais do que sensacionalista The Sun, vai lhe pagar para ele contar a sua vida.

Fora o filme que isso vai dar. Fora o Rio de Janeiro com sua mulatas maravilhosas que ele tão bem conheceu e que vão virar estrelas internacionais.

Ao sair do Rio, neste domingo, abraçado à neta brasileira – com nome europeu, Ingrid – chorou. Acho que ele estava chorando não só por deixar a neta e o filho, mas por deixar este País que foi maravilhoso com ele. Como bandido, aqui ele era tratado como um senador impune e impoluto.

Admiro a saída de cena de Mr. Biggs. Aos 71 anos, sentiu na própria carne que isto aqui não é um país sério para idosos. Preferiu a cerveja inglesa, o chato fog, um cheio de horários pub. A modorrenta BBC. A voltar a torcer pelo Chelsea.

Uma pena meu pai – que morreu há 20 dias – não ter assaltado um banco na Inglaterra anos trás. Seus últimos anos de vida teriam sido bem mais interessantes.

Mesmo que encarcerado numa cidadezinha montanhosa da Inglaterra.

Sim, porque aos velhos brasileiros, só resta o cárcere da própria casa mantida com a ajuda dos filhos, pois a aposentadoria é realmente uma piada.

A medicina faz tudo para conservar nossos pais. E o faz brilhantemente.

Mas a sociedade, não. Uma pessoa com mais de 80 anos aqui neste país não tem absolutamente nada para fazer a não ser ficar sentado na varanda, olhando para a rua, esperando o próprio enterro passar.

O Estado, além de uma aposentadoria que envergonha a pessoa que trabalhou durante 50 anos pelo País, não lhe oferece absolutamente nada. O máximo que faz é deixar ele vendo televisão ad eternum. E o velhinho fica ali, definhando, definhando. Misturando, num mesmo horário Sérgio Mallandro e ACM.

Tudo bem, dirá você, ele não paga ônibus. Mas quem é de 80 anos que consegue entrar – e sentar – num ônibus? E mais: pegar ônibus para ir aonde? Tente levar seu avô ao campo de futebol: ele morre esmagado na entrada. Na praia não tem mais pernas para fugir dos cachorros.

Coloque o velhinho numa fila médica… Perguntem quanto custa um plano de saúde para um cara dessa idade. E se ele quiser fazer um seguro de vida, quem é que segura?

Tente explicar para um velhinho a forma, a fórmula e o regulamento dos nossos campeonatos de futebol. Tente. Como é que ele vai entender que gols fora valem em dobro, aqui no Brasil? E que não tem mais returno?

Tente explicar para ele que senador não pode ser preso? Principalmente o presidente do Senado. Mais fácil: tente explicar que 100 reais não são 100 contos, nem muito menos 100 cruzados novos. Tente.

Mas tente, você que é filho, neto ou bisneto de um deles. Porque você pode ter certeza que só a família tem algum carinho e respeito por ele. O Estado quer mais é que ele morra.

Sábio foi o Biggs, repito. Preferiu a masmorra inglesa à pachorrenta e inútil vida dos nossos pais e do nosso País.

Me desculpem os mais jovens pelo desabafo, mas é que eu estou achando que eu já deveria ter assaltado um trem pagador. Na Inglaterra, é claro.

Quando eu morrer, não me enterrem na Lapinha. Quando eu morrer, me enterrem em Liverpool.

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