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Chapeuzinho vermelho na linguagem do politicamente correto

Rubem Alves

Me deu um impulso de reescrever a estória do Chapeuzinho Vermelho para os dias de hoje, seguindo as linhas da Politically Correct Language, mesmo porque não há criança que acredite na estória como foi escrita.

“Era uma vez uma jovem adolescente a quem todos conheciam pelo apelido de Rúbia. Rúbia é uma palavra derivada do latim, rubeus, que quer dizer vermelho, ruivo. Rúbia era ruiva. Ruiva porque tingira o seu cabelo castanho que ela considerava vulgar. Ela pensava que uma ruiva teria mais chances de chamar a atenção de um empresário de modelos que uma morena. Morenas há muitas. O vermelho dos seus cabelos era confirmado pelo seu temperamento: ela era fogo e enrubescia quando ficava brava.[Nota 1: Se, nessa estória, eu lhe desse o nome de Chapeuzinho Vermelho ninguém acreditaria. As adolescentes de hoje não andam por aí usando chapeuzinhos vermelhos….]

Rúbia morava com sua mãe numa linda mansão no condomínio “Omegaville”. Pois numa noite, por volta das 10 horas, sua mãe lhe disse: “Rubinha querida, quero que você me faça um favor…” Rúbia pensou: “Lá vem a mãe de novo”. E gritou: “De jeito nenhum. Estou vendo televisão…”. “Mas eu ia até deixar você dirigir o meu BMW…”, disse a mãe. Rúbia se levantou de um pulo. Para guiar o BMW ela era capaz de fazer qualquer coisa. “Que é que você quer que eu faça, mamãezinha querida?”, ela disse. “Quero que você vá levar uma cesta básica para sua vovozinha, lá no Parque Oziel. Você sabe: andar de BMW, depois das 10 da noite, no Parque Oziel é perigoso. Os seqüestradores estão à espreita…” [Nota 2: a estória original contém dois problemas, relativos ao caráter e às intenções da mãe. Primeiro: mandar uma menina pequena, sozinha, pela floresta, sabendo que havia um lobo solto – ou a mãe era um tola irresponsável ou ela estava com impulsos assassinos em relação à filha, desejando que o lobo a comesse. O segundo problema: viviam sozinhas a mãe e a filha; não há referências a um pai ou marido. Então, qual a razão para que a avó morasse do outro lado da floresta? Não seria mais prático que elas vivessem juntas? Chapeuzinho não teria que enfrentar um lobo para que a vovozinha comesse queijos, bolos e ovos…]

Rúbia já estava saindo da garagem com o BMW quando sua mãe lhe gritou: “A cesta básica! Você está se esquecendo da cesta básica!” Com a cesta básica no BMW Rúbia foi para a casa da vovozinha, no Parque Oziel.. Foi quando o inesperado aconteceu. Um pneu furou. Até mesmo pneus de BMWs furam. Rúbia se sentiu perdida. Com medo, não. Ela não tinha medo. O problema era sujar as mãos para trocar o pneu. Foi quando uma Mercedes se aproximou dirigida por um senhor elegante que usava óculos escuros. Há pessoas que usam óculos escuros mesmo de noite. A Mercedes parou e o homem de óculos escuros saiu. “Precisando de ajuda, boneca”, ele perguntou? “Claro”, ela respondeu. “Preciso que me ajudem a trocar o pneu furado”. “Pois vou ajudar você” disse o homem. “Você precisa de proteção. Esse lugar é muito perigoso. A propósito, deixe que me apresente. Meu nome é Crescêncio Lobo, às suas ordens”. Aí ele se pôs a trocar o pneu cantarolando baixinho uma canção que sua mãe lhe cantara: “Hoje estou contente, vai haver festança, tenho um bom petisco para encher a minha pança…” Rúbia, olhando para o Crescêncio Lobo, pensou: “Que homem gentil e prestativo! E ainda canta enquanto trabalha… É dono de uma Mercedes! Acho que minhas orações foram atendidas!” “Pronto”, ele disse. “Para onde você está indo, boneca?” “Vou levar uma cesta básica para minha avó.” “Pois eu vou segui-la para protegê-la…” E assim, Rúbia, sorridente sonhadora, se dirigiu para a casa de sua avó escoltada por Crescêncio Lobo.

Ao chegar à casa da avó Crescêncio Lobo se surpreendeu. Pensou que ia encontrar uma velhinha, parecida com a avó de Chapeuzinho Vermelho. Que nada! Era uma linda mulher, uma senhora elegante, fina, de voz suave, inteligente. Logo os dois estavam envolvidos numa animada conversa, Crescêncio Lobo encantado com o suave charme e a inteligência da avó, a avó encantada com o encantamento que Crescêncio Lobo sentia por ela. Crescêncio Lobo pensou: “Se não fossem essas rugas, ela seria uma linda mulher…” Rúbia percebeu o que estava rolando, e foi ficando com raiva, vermelha, até que teve um ataque histérico. Como admitir que Crescêncio Lobo preferisse uma velha a uma adolescente? Começou a gritar, e por mais que os dois se esforçassem, não conseguiram acalmá-la. Passava por ali, acidentalmente, uma viatura do 5º Distrito Policial. Os policiais, ouvindo a gritaria, imaginaram que um crime estava acontecendo. Pararam a viatura e entraram na casa. E o que encontraram foi aquela cena ridícula: uma adolescente ruiva, desgrenhada, gritando como louca, enquanto a avó e o Crescêncio Lobo tentavam acalmá-la. Os policiais perceberam logo que se tratava de uma emergência psiquiátrica e, com a maior delicadeza, (os policiais do 5º DP são sempre assim. Também pudera! O delegado chefe trabalha ouvindo música clássica!) convenceram Rúbia a acompanhá-los até um hospital para ser medicada. Rúbia não resistiu porque ela já estava encantada com a força e o charme do policial que a tomava pela mão. Afinal, aquele policial era lindo e forte!

Quanto à avó e ao Crescêncio Lobo, aquela noite foi início de uma relação amorosa maravilhosa. Crescêncio Lobo percebeu que não há cara de adolescente cabeça-de-vento que se compare ao estilo de uma senhora inteligente e experiente. E a avó, que ouvira de uma feminista canadense que o melhor remédio para a velhice são os galetos ao primo canto, entregou-se gulosamente a esse hábito alimentar gaúcho. Crescêncio Lobo pagou-lhe uma plástica geral e a avó ficou novinha. E viveram muito felizes, por muitos anos. Quanto à Rúbia, aquela crise foi o início de uma feliz relação com o policial do 5º DP, que tinha um mestrado em psicologia da adolescência…”

Texto extraído do jornal “Correio Popular” – Campinas, edição de 02 de maio de 2002.

Céu e inferno íntimos

Conta-se que, certo dia, um samurai, grande e forte, conhecido pela sua índole irascível, foi procurar um sábio monge em busca de respostas para suas dúvidas.

— Monge, disse o samurai com desejo sincero de aprender, ensina-me sobre o céu e o inferno.

O monge, de pequena estatura e muito franzino, olhou para o bravo guerreiro e, simulando desprezo, lhe disse:

— Eu não poderia ensinar-lhe coisa alguma, você está imundo. Seu mau cheiro é insuportável. Além do que, a lâmina da sua espada está enferrujada. Você é uma vergonha para a sua classe.

O samurai ficou transtornado. O sangue lhe subiu à cabeça e ele não conseguiu dizer nenhuma palavra, tamanha era sua raiva. Com os olhos crispados, empunhou a espada, ergueu-a sobre a cabeça e se preparou para decapitar o monge.

— “Aí começa o inferno”, disse-lhe o sábio mansamente.

O samurai ficou imóvel. A sabedoria daquele pequeno homem o impressionara. Afinal, arriscarra a própria vida para lhe ensinar sobre o inferno. O ferroz guerreiro abaixou lentamente a espada e agradeceu ao monge pelo valioso ensinamento. O velho sábio continuou em silêncio.

Passado algum tempo o samurai, já com o ânimo pacificado, pediu humildemente ao monge que lhe perdoasse o gesto infeliz.

Percebendo que seu pedido era sincero, o monge, então, lhe falou: “Aí começa o céu”.

Para nós, resta a importante lição sobre o céu e o inferno que podemos construir em nosso próprio íntimo. Tanto o céu quanto o inferno, são estados de ânimo, que nós mesmos escolhemos em nosso dia-a-dia. A cada instante somos mobilizados a tomar decisões que definirão o início do céu ou o começo do inferno. É como se todos fôssemos portadores de uma caixa invisível, onde houvesse ferramentas e materiais de primeiros socorros. Diante de uma situação inesperada, podemos abri-la e lançar mão de qualquer dos objetos disponíveis em seu interior.

Assim, quando alguém nos ofende, podemos empunhar o martelo da ira ou usar o bálsamo da tolerância. Atacados pela calúnia, podemos usar a foice do revide ou a pomada da autoconfiança. Quando a injúria bater em nossa porta, podemos usar o aguilhão da vingança ou o óleo do perdão. Diante de enfermidade inesperada, podemos lançar mão do ácido corrosivo da revolta ou empunhar o escudo da confiança.

Enfim, surpreendidos pelas mais diversas e infelizes situações, poderemos sempre optar por abrir fossos de incompreensão ou estender a ponte do diálogo que nos possibilite uma solução feliz.

A decisão depende sempre de nós mesmos. Somente de nossa própria vontade decorrerá o nosso estado de ânimo. Portanto, criar portais para o céu ou cavar abismos para o inferno em nosso íntimo, é algo que não depende de ninguém, pois somos os únicos responsáveis.

Céu & Inferno

Conta uma lenda que Deus convidou um homem para conhecer o céu e o inferno.

Foram primeiro ao inferno.

Ao abrirem uma porta, o homem viu uma sala em cujo centro havia um caldeirão de substanciosa sopa e à sua volta estavam sentadas pessoas famintas e desesperadas.

Cada uma delas segurava uma colher, porém de cabo muito comprido, que lhes possibilitava alcançar o caldeirão mas não permitia que colocassem a sopa na própria boca.

O sofrimento era grande.

Em seguida, deus levou o homem para conhecer o céu.

Entraram em uma sala idêntica à primeira: havia o mesmo caldeirão, as pessoas em volta e as colheres de cabo comprido.

A diferença é que todos estavam saciados.

Não havia fome, nem sofrimento.

“Eu não compreendo”, disse o homem a Deus, “por que aqui as pessoas estão felizes enquanto na outra sala morrem de aflição, se é tudo igual?”

Deus sorriu e respondeu:

“Você não percebeu? É porque aqui eles aprenderam a dar comidas uns aos outros.”

Moral: temos três situações que merecem profunda reflexão:

Egoísmo: as pessoas no “inferno” estavam altamente preocupadas com a sua própria fome, impedindo que se pensasse em alternativas para equacionar a situação;

Criatividade: como todos estavam querendo se safar da situação caótica que se encontravam, não tiveram a iniciativa de buscar alternativas que pudessem resolver o problema;

Equipe: se tivesse havido o espírito solidário e ajuda mútua, a situação teria sido rapidamente resolvida.

Conclusão: dificilmente o individualismo consegue transpor barreiras. O espírito de equipe é essencial para o alcance do sucesso. Uma equipe participativa, homogênea, coesa, vale mais do que um batalhão de pessoas com posicionamentos isolados.

Isso vale para qualquer área de sua vida, especialmente a profissional.

E, lembre sempre:

A alegria faz bem à saúde; estar sempre triste é morrer aos poucos.

Céu

Cláudya Lessa

Eu estava aqui, toda ocupada…

O telefone toca… era meu filho:

Mãe, eu estou com um problema, a professora passou um dever e eu estou sem saber responder.

Perguntei o que era, ele então falou: Qual o sinônimo de céu?

Eu respondi: Filho, que pergunta mais difícil! (pensei: essa professora está exagerando – uma pergunta dessas para uma criança da primeira série!Nem eu, naquele exato momento, recordava o sinônimo de céu…) (falei na frente dos outros colegas de trabalho, que me olharam assustados e curiosos – vocês imaginam…) mas, mãe que é mãe vai atrás de uma resposta. Fui olhar o dicionário. Naquele instante percebi o quanto o dicionário é falho, pois lá encontrei várias coisas, nenhuma delas era sinônimo de céu:

A primeira: Espaço ilimitado e indefinido onde se movem os astros.

Pensei: isso não é sinônimo. Sinônimo é uma palavra, ou, no máximo, duas ou três. Corri os olhos, li mais outras frases que não tinham nada a ver. Olhei outros verbetes:

Atmosfera, firmamento.

Falei firmamento. Para dar logo uma resposta (e quem sabe, ele ganhar pontos no dever).

Mas, tive uma vontade louca de dizer: Céu, meu filho, são seus olhos, seu sorriso, seu andar…É você no telefone, me perguntando o dever. Céu, meu filho, é te ver com saúde! É te ver feliz! É saber que você me ama, é poder te amar!

Cenoura, Ovo ou Café

Uma filha se queixou a seu pai sobre sua vida e de como as coisas estavam tão difíceis para ela..

Ela já não sabia mais o que fazer e queria desistir.

Estava cansada de lutar e combater.

Parecia que assim que um problema estava resolvido um outro surgia.

Seu pai, um “chef”, levou-a até a cozinha dele.

Encheu três panelas com água e colocou cada uma delas em fogo alto.

Logo as panelas começaram a ferver.

Em uma ele colocou cenouras, em outra colocou ovos e, na última pó de café.

Deixou que tudo fervesse, sem dizer uma palavra..

A filha deu um suspiro e esperou impacientemente, imaginando o que ele estaria fazendo.

Cerca de vinte minutos depois, ele apagou as bocas de gás.

Pescou as cenouras e as colocou em uma tigela.

Retirou os ovos e os colocou em uma tigela.

Então pegou o café com uma concha e o colocou em uma tigela.

Virando-se para ela, perguntou “Querida, o que você está vendo ?” “Cenouras, ovos e café,” ela respondeu.

Ele a trouxe para mais perto e pediu-lhe para experimentar as cenouras.

Ela obedeceu e notou que as cenouras estavam macias.

Ele, então, pediu-lhe que pegasse um ovo e o quebrasse.

Ela obedeceu e depois de retirar a casca verificou que o ovo endurecera com a fervura.

Finalmente, ele lhe pediu que tomasse um gole do café.

Ela sorriu ao provar seu aroma delicioso.

Ela perguntou humildemente : “O que isto significa, pai ?”

Ele explicou que cada um deles havia enfrentado a mesma adversidade, água fervendo, mas que cada um reagira de maneira diferente.

A cenoura entrara forte, firme e inflexível.

Mas depois de ter sido submetida à água fervendo, ela amolecera e se tornara frágil.

Os ovos eram frágeis.

Sua casca fina havia protegido o líquido interior.

Mas depois de terem sido colocados na água fervendo, seu interior se tornou mais rigido.

O pó de café, contudo, era incomparável.

Depois que fora colocado na água fervente, ele havia mudado a água. “Qual deles é você?” ele perguntou a sua filha. “Quando a adversidade bate a sua porta, como você responde ? Você é uma cenoura, um ovo ou um pó de café?”

E você?

Você é como a cenoura que parece forte, mas com a dor e a adversidade você murcha e se torna frágil e perde sua força ?

Será que você é como o ovo, que começa com um coração maleável ?

Você teria um espírito maleável, mas depois de alguma morte, uma falência, um divórcio ou uma demissão, você se tornou mais difícil e duro ?

Sua casca parece a mesma, mas você está mais amargo e obstinado, com o coração e o espírito inflexíveis ?

Ou será que você é como o pó de café ?

Ele muda a água fervente, a coisa que está trazendo a dor, para conseguir o máximo de seu sabor, a 100 graus centígrados.

Quanto mais quente estiver a água, mais gostoso se torna o café.

Se você é como o pó de café, quando as coisas se tornam piores, você se torna melhor e faz com que as coisas em torno de você também se tornem melhores.

Como você lida com a adversidade ?

Você é uma cenoura, um ovo ou café ?

Colaboração: Renato Antunes Oliveira

Castelo de Areia

Num dia de verão, estava na praia, observando duas crianças brincando na areia.

Elas trabalhavam muito, construindo um castelo de areia, com torres, passarelas e passagens internas.

Quando estavam quase acabando, veio uma onda e destruiu tudo, reduzindo o castelo à um monte de areia e espuma.

Achei que as crianças cairiam no choro, depois de tanto esforço e cuidado, mas tive uma surpresa.

Em vez de chorar, correram para a praia, fugindo da água. Sorrindo, de mãos dadas e começaram a construir outro castelo…

Compreendi que havia recebido uma importante lição :

Gastamos muito tempo de nossas vidas construindo alguma coisa.

E mais cedo ou mais tarde, uma onda poderá vir e destruir o que levamos tanto tempo para construir.

Mas quando isso acontecer, somente aquele que tem as mãos de alguém para segurar, será capaz de dar uma reviravolta !!!

Tudo é feito de areia.

Só o que permanece é o nosso relacionamento com as outras pessoas.

Colaboração: Renato Antunes Oliveira

Casar-se de Novo

Arnaldo Jabor

Meus Amigos separados não cansam de perguntar como consegui ficar casado 30 anos com a mesma mulher. As mulheres sempre mais maldosas que os homens, não perguntam a minha esposa como ela consegue ficar casada com o mesmo homem, mas como ela consegue ficar casada comigo. Os jovens é que fazem as perguntas certas, ou seja, querem conhecer o segredo para manter um casamento por tanto tempo. Ninguém ensina isso nas escolas, pelo contrário. Não sou um especialista do ramo, como todos sabem, mas dito isso, minha resposta é mais ou menos a que segue:

Hoje em dia o divórcio é inevitável, não dá para escapar. Ninguém agüenta conviver com a mesma pessoa chata por uma eternidade. Eu, na realidade já estou em meu terceiro casamento – a única diferença é que casei três vezes com a mesma mulher.

Minha esposa, se não me engano está em seu quinto, porque ela pensou em pegar as malas mais vezes que eu. O segredo do casamento não é a harmonia eterna. Depois dos inevitáveis arranca-rabos, a solução é ponderar, se acalmar e partir de novo com a mesma mulher. O segredo no fundo é renovar o casamento e não procurar um casamento novo, pois quem nos garante que conseguiremos encontrar, nos dias de hoje, um novo grande amor…

Isso exige alguns cuidados e preocupações que são esquecidos no dia-a-dia do casal. De tempos em tempos, é preciso renovar a relação. De tempos em tempos é preciso voltar a namorar, voltar a cortejar, seduzir e ser seduzido. Há quanto tempo vocês não saem para dançar? Há quanto tempo você não tenta conquistá-la ou conquistá-lo como se seu par fosse um pretendente em potencial? Há quanto tempo não fazem uma lua-de-mel, sem os filhos eternamente brigando para ter a sua irrestrita atenção? Sem falar dos inúmeros quilos que se acrescentaram a você depois do casamento.

Mulher e marido que se separam perdem 10 kg em um único mês, por que vocês não podem conseguir o mesmo? Faça de conta que você está de caso novo. Se fosse um casamento novo, você certamente passaria a freqüentar lugares novos e desconhecidos, mudaria de casa ou apartamento, trocaria seu guarda-roupa, os discos, o corte de cabelo, a maquiagem. Mas tudo isso pode ser feito sem que você se separe de seu cônjuge. Vamos ser honestos: ninguém agüenta a mesma mulher ou o mesmo marido por trinta anos com a mesma roupa, o mesmo batom, com os mesmos amigos, com as mesmas piadas.

Muitas vezes não é a sua esposa que está ficando chata e mofada, é você,são seus próprios móveis com a mesma desbotada decoração. Se você se divorciasse, certamente trocaria tudo, que é justamente um dos prazeres da separação. Quem se separa se encanta com a nova vida, a nova casa, um novo bairro, um novo circuito de amigos. Não é preciso um divórcio litigioso para ter tudo isso.

Basta mudar de lugares e interesses e não se deixar acomodar. Isso obviamente custa caro e muitas uniões se esfacelam porque o casal se recusa a pagar esses pequenos custos necessários para renovar um casamento. Mas se você se separar sua nova esposa vai querer novos filhos,novos móveis, novas roupas e você ainda terá a pensão dos filhos do casamento anterior. Não existe essa tal ‘estabilidade do casamento’ nem ela deveria ser almejada. O mundo muda, e você também, seu marido, sua esposa, seu bairro e seus amigos. A melhor estratégia para salvar um casamento não é manter uma ‘relação estável’, mas saber mudar junto.

Todo cônjuge precisa evoluir estudar, aprimorar-se, interessasse por coisas que jamais teria pensado em fazer no inicio do casamento. Você faz isso constantemente no trabalho, porque não fazer na própria família? É o que seus filhos fazem desde que vieram ao mundo.

Portanto descubra a nova mulher ou o novo homem que vive ao seu lado, em vez de sair por aí tentando descobrir um novo interessante par. Tenho certeza que seus filhos os respeitarão pela decisão de se manterem juntos e aprenderão a importante lição de como crescer e evoluir unidos apesar das desavenças. Brigas e arranca-rabos sempre ocorrerão: por isso de vez em quando é necessário casar-se de novo, mas tente fazê-lo sempre com o mesmo par.

Carta do chefe indígena Seatle

O ar é precioso para o homem vermelho, pois todas as coisas compartilham o mesmo sopro: o animal, a árvore, o homem, todos compartilham o mesmo sopro. Parece que o homem branco não sente o ar que respira. Como um homem agonizante há vários dias, é insensível ao mau cheiro (…).

Portanto, vamos meditar sobre sua oferta de comprar nossa terra. Se decidirmos aceitar, imporei uma condição: o homem deve tratar os animais desta terra como seus irmãos (…)

O que é o homem sem os animais? Se os animais se fossem, o homem morreria de uma grande solidão de espírito. Pois o que ocorre com os animais, breve acontece com o homem. Há uma ligação em tudo.

Vocês devem ensinar às suas crianças que o solo a seus pés é a cinza de nossos avós. Para que respeitem a Terra, digam a seus filhos que ela foi enriquecida com as vidas de nosso povo. Ensinem às suas crianças o que ensinamos às nossas, que a Terra é nossa mãe. Tudo o que acontecer à Terra, acontecerá aos filhos da Terra. Se os homens cospem no solo estão cuspindo em si mesmos.

Isto sabemos: a Terra não pertence ao homem; o homem pertence à Terra. Isto sabemos: todas as coisas estão ligadas, como o sangue que une uma família. Há uma ligação em tudo.

O que ocorre com a terra recairá sobre os filhos da terra. O homem não teceu o tecido da vida: ele é simplesmente um de seus fios. Tudo o que fizer ao tecido, fará a si mesmo.

Mesmo o homem branco, cujo Deus caminha e fala com ele de amigo para amigo, não pode estar isento do destino comum. É possível que sejamos irmãos, apesar de tudo. Veremos. De uma coisa estamos certos ( e o homem branco poderá vir a descobrir um dia): nosso Deus é o mesmo Deus. Vocês podem pensar que o possuem, como desejam possuir nossa terra, mas não é possível. Ela é o Deus do homem e sua compaixão é igual para o homem branco e para o homem vermelho. A terra lhe é preciosa e feri-la é desprezar o seu Criador. Os brancos também passarão; talvez mais cedo do que todas as outras tribos. Contaminem suas camas, e uma noite serão sufocados pelos próprios dejetos.

Mas quando de sua desaparição, vocês brilharão intensamente, iluminados pela força do Deus que os trouxe a esta terra e por alguma razão especial lhes deu o domínio sobre a terra e sobre o homem vermelho. Esse destino é um mistério para nós, pois não compreendemos que todos os búfalos sejam exterminados, os cavalos bravios todos domados, os recantos secretos da floresta densa impregnados do cheiro de muitos homens, e a visão dos morros obstruída por fios que falam. Onde está a árvore? Desapareceu. Onde está a água? Desapareceu. É o final da vida e o início da sobrevivência.

Como é que se pode comprar ou vender o céu, o calor da terra? Essa idéia nos parece um pouco estranha. Se não possuímos o frescor do ar e o brilho da água como é possível comprá-los?

Cada pedaço desta terra é sagrado para meu povo. Cada ramo brilhante de um pinheiro, cada punhado de areia das praias, a penumbra na floresta densa, cada clareira, cada inseto a zumbir é sagrado na memória e experiência do meu povo. A seiva que percorre o corpo das árvores carrega consigo as lembranças do homem vermelho (…).

Essa água brilhante que corre nos rios não é apenas água, mas a idéia nos parece um pouco estranha. Se não possuímos o frescor do ar e o brilho da água como é possível comprá-los?

Cada pedaço desta terra é sagrado para meu povo. Cada ramo brilhante de um pinheiro, cada punhado de areia das praias, a penumbra na floresta densa, cada clareira, cada inseto a zumbir é sagrado na memória e experiência do meu povo. A seiva que percorre o corpo das árvores carrega consigo as lembranças do homem vermelho (…).

Essa água brilhante que corre nos rios não é apenas água, mas o sangue de nossos antepassados. Se vendermos a terra, vocês devem lembrar-se de que ela é sagrada, devem ensinar às crianças que ela é sagrada e que cada reflexo nas águas límpidas dos lagos fala de acontecimentos e lembranças da vida do meu povo. O murmúrio das águas é a voz dos meus ancestrais.

Os rios são nossos irmãos, saciam nossa sede. Os rios carregam nossas canoas e alimentam nossas crianças. Se lhes vendermos nossa terra, vocês devem lembrar e ensinar a seus filhos que os rios são nossos irmãos e seus também. E, portanto, vocês devem dar aos rios a bondade que dedicariam a qualquer irmão.

Sabemos que o homem branco não compreende nossos costumes. Uma porção de terra, para ele, tem o mesmo significado que qualquer outra, pois é um forasteiro que vem à noite e extrai da terra aquilo de que necessita. A terra não é sua irmã, mas sua inimiga e, quando ele a conquista, prossegue seu caminho. Deixa para trás os túmulos de seus antepassados e não se incomoda. Rapta da terra aquilo que seria de seus filhos e não se importa (…). Seu apetite devorará a terra, deixando somente um deserto.

Eu não sei. Nossos costumes são diferentes dos seus.

A visão de suas cidades fere os olhos do homem vermelho. Talvez porque o homem vermelho é um selvagem e não compreenda.

Não há lugar quieto nas cidades do homem branco. Nenhum lugar onde se possa ouvir o desabrochar de folhas na primavera ou o bater de asas de um inseto. Mas talvez seja porque eu sou um selvagem e não compreendo. O ruído parece apenas insultar os ouvidos. E o que resta da vida de um homem, se não pode ouvir o choro solitário de uma ave ou o debate dos sapos ao redor de uma lagoa, à noite? Eu sou um homem vermelho e não compreendo. O índio prefere o suave murmúrio do vento encrespando a face do lago, e o próprio vento, limpo por uma chuva diurna ou perfumado pelos pinheiros.?

Sabemos que o homem branco não compreende nossos costumes. Uma porção de terra, para ele, tem o mesmo significado que qualquer outra, pois é um forasteiro que vem à noite e extrai da terra aquilo de que necessita. A terra não é sua irmã, mas sua inimiga e, quando ele a conquista, prossegue seu caminho. Deixa para trás os túmulos de seus antepassados e não se incomoda. Rapta da terra aquilo que seria de seus filhos e não se importa (…). Seu apetite devorará a terra, deixando somente um deserto.

Carta de um desempregado

Esta carta foi escrita há 120 anos por um desempregado cuja maior ambição era ser pintor, porém vendeu apenas um quadro em vida. O sobrinho deste homem passou-a a Humberto Borges, jornalista, numa tarde em Amsterdan. Ele a traduziu do francês e a publicou. É uma obra-prima tão valiosa quanto os quadros daquele homem no desvio chamado Vincent Van Gogh


Caro Theo:

Eu estou escrevendo para você com alguma relutância; não tendo escrito há tanto tempo por muitas razões. De certo modo você se tornou um estranho para mim e eu o mesmo para você, mais do que você possa pensar. Provavelmente eu não estaria escrevendo agora se você não tivesse dado motivo. Em Etten, soube que você mandou 50 francos para mim. Bem, eu aceitei, certamente com relutância, sentindo bastante melancolia, mas estou encurralado contra um muro de pedra, numa espécie de confusão. Como poderia ser de outra maneira ? Portanto, estou escrevendo para agradecer.

Involuntariamente eu me tornei uma espécie de personagem impossível e suspeito para a família. No mínimo, alguém em quem eles não confiam. Desta maneira, como eu poderia servir para alguém ?

Portanto, penso que é mais razoável manter uma distância conveniente. Deixo de existir para todos vocês.

A adversidade é para o homem o mesmo que a muda é para os pássaros. Alguém pode estar no tempo de muda para emergir renovado do sofrimento, mas isso não é absolutamente divertido e não deve ocorrer em público. A única coisa a fazer é se isolar. Assim seja. É muito difícil, agora, reconquistar a confiança da família, a qual não está livre dos preconceitos sobre as qualidades de ser bom tom e honorável. Mas não perco a esperança de conseguir uma compreensão cordial renovada entre nós. Um entendimento cordial é infinitamente melhor que mal-entendidos. Agora preciso aborrecê-lo com certas coisas abstratas, mas espero que seja paciente.

Eu sou um homem de paixões, capaz de fazer coisas mais ou menos extravagantes, das quais às vezes me arrependo. Nesses momentos, falo e me comporto impetuosamente, quando seria melhor ter paciência e esperar. Eu penso que as outras pessoas muitas vezes cometem os mesmos erros. O problema é orientar esses sentimentos para coisas boas. Por exemplo, para citar uma delas: eu tenho uma paixão mais ou menos irresistível por livros e quero estudar tanto quanto sinto necessidade de pão. Você certamente é capaz de entender isso. Na vizinhança de pinturas e outras obras de arte, tenho uma paixão violenta por elas, atingindo o pico do entusiasmo. Talvez você recorde que eu sei bem quem foi Rembrant, ou Millet, ou Jules Dupré, ou Delacroix, ou Millais, ou Mr. Maris. Agora eu não os tenho por perto. Contudo, naquela coisa chamada ALMA, que dizem nunca morrer, continua viva e procura para sempre. Portanto, em vez de dar lugar à saudade (da Holanda) eu disse para mim mesmo: “aquela terra ou a sua terra natal é qualquer lugar.” Assim, em vez de ficar no desespero, escolhi parte ativa da melancolia. Eu prefiro a aspiração e a procura, em vez da estagnação e do desespero. Atualmente aquele que está absorvido em tudo isso é excêntrico e comete pecados contra costumes e convenções sociais sem perceber. Isso é uma pena,quando é levado a mal. Vocês sabem que eu tenho negligenciado minha aparência e admito que é chocante. Mas veja aqui, a pobreza e a necessidade têm suas partes na causa, além do profundo desencorajamento. Isto serve, porém, algumas vezes, como uma boa maneira de assegurar a solidão necessária à concentração e ao estudo. Há mais de cinco anos, eu não sei exatamente quanto tempo, tenho estado sem emprego, vagando daqui para acolá. Você me disse que eu decaio, deterioro, que não faço nada. A verdade é que ocasionalmente ganho meu pedaço de pão e, ocasionalmente, recebo este pão dos amigos, por caridade. Vivo como posso, como a sorte me permite. Perdi a confiança de muitos, minhas finanças estão num estado triste, o futuro parece apenas bastante melancólico; eu deveria ter me saído melhor. É verdade que perdi tempo em termos de ganhar meu pão, que meus estudos estão numa condição sem esperanças, que minhas necessidades são infinitamente maiores que minhas posses. Mas é a isso que você chama de decadência , de não fazer nada ?

Mas devo ser coerente com o caminho que escolhi. Se eu não fizer nada, não estudar, não continuar procurando, estarei perdido. Então serei a dor. É assim que vejo a coisa. Talvez você pergunte qual o meu propósito definitivo ? Esse propósito se tornou mais definitivo. Devo desenvolver-me devagar, mas seguramente, como o traço duro se transforma em desenho e o desenho em pintura pouco a pouco, trabalhando sério, ponderando sobre a idéia, até fixá-la através do pensamento…

Uma das razões pela qual estou desempregado há anos é simplesmente porque minhas idéias são diferentes e os gentlemans dão lugares aos homens que pensam como eles. Não é meramente uma questão de roupas que eles têm hipocritamente censurado em mim. É algo mais sério, eu lhe asseguro. Você acha que eu mudei, que eu não sou mais o mesmo. O que mudou foi a minha vida, mas no íntimo, minha maneira de ver as coisas, minha maneira de pensar não mudaram muito. Se houve alguma mudança, é que penso, acredito e amo muito mais seriamente agora do que pensava, acreditava e amava antes. Você não deve pensar que eu renego as coisas – eu sou bastante fiel na minha infidelidade – e, embora mudado, eu sou o mesmo. Minha única ansiedade é saber que posso ser útil ao mundo. Eu me sinto aprisionado pela pobreza, excluído da participação em certos trabalhos e certas necessidades estão além de minhas posses. Eis a razão para eu ser algo melancólico. Então, sinto um vazio onde deveria haver amizade, um terrível desencorajamento corroendo a verdadeira energia moral. E o destino parece erguer uma barreira diante dos instintos de afeição e uma chocante inundação de desgosto envolve a gente. Por quanto tempo, meu Deus ????

Talvez haja uma grande chama da nossa alma , talvez ninguém mais venha se aquecer junto dela e o passante seja apenas uma pluma de fumaça saindo da chaminé e seguindo seu caminho. Mas alguém deve zelar por esse fogo interior, temperando a si mesmo; esperar pacientemente pela hora em que outra pessoa sente-se junto a esse fogo, talvez para ficar. Deixe que aquele que acredita em Deus possa esperar pela hora em que isso aconteça , mas por enquanto parece que essa coisa está indo muito mal comigo: e tem sido assim ppor um tempo considerável. Talvez continue assim no futuro. Mas pode ser que um dia as coisas corram bem. Se as minhas idéias são impossíveis ou infantis, eu espero poder escapar delas. Não quero nada melhor. Mas é isso que penso aproximadamente a respeito do assunto. Em “Um Filósofo no Telhado”, de Souvestre, você saberá como um homem do povo, um simples e miserável trabalhador imagina o seu próprio país. Talvez você nunca tenha pensado no seu país como ele realmente é. É tudo a sua volta, tudo o que te alimentou, o que te fez crescer, tudo o que você amou; os campos que você viu, aquelas casas, aquelas árvores, aquelas garotas que passavam sorrindo -isso é o seu país. É também as leis que o protegem, o pão que compensa o trabalho, as palavras que dizes, a alegria e a dor do povo que chegam a ti e as coisas entre as quais vives. Vejas, tu o respiras por toda parte. Imagina todos os direitos e deveres, afeições e necessidades, memórias e gratidões; junta tudo em um só nome e este será o nome do teu país. Desta maneira eu penso que tudo de realmente bom e belo, de fundo moral e espiritual e de sublime beleza no homem e em seus trabalhos, vem tudo de Deus. E tudo de ruim, de mal e errado, não vem de Deus e Deus não aprova isso. Mas eu sempre pensei que a melhor maneira de conhecer Deus é amar muitas coisas. Amar um amigo, uma esposa, alguma coisa. Seja lá o que você goste e estará no caminho de saber mais sobre Ele. É isto o que digo a mim mesmo. Mas deve-se amar com profunda e sublime simpatia, com força e com inteligência e deve-se sempre tentar saber mais profundamente. Isso leva a Deus; leva a uma fé irremovível. Eu escrevo mais ou menos à esmo tudo o que me aflui à pena. Eu me sentiria bastante contente se você pudesse ver em mim alo mais que um desocupado. Há duas espécies de inatividade, as quais têm grandes contrastes entre si. Existe o desocupado por indolência, por falta de caráter, pela essência de sua natureza. Se você quiser, pode me tomar por um deles. Mas existe o homem que é desocupado a despeito de si próprio, que interiormente é consumido por uma grande necessidade de ação, mas não faz nada porque para ele é impossível fazer qualquer coisa, porque ele se sente prisioneiro em uma jaula, porque ele não possui o que precisa para ser produtivo, porque as circunstâncias o levam inevitavelmente a esse ponto.

Um pássaro preso na primavera sabe muito bem que deve servir para algum fim; ele está consciente de que há algo que deve fazer, mas não pode. O que é isso ? – Ele quase não consegue lembrar. Então algumas idéias vagas lhe ocorrem; diz a si mesmo que os outros constroem ninhos e poem ovos fazendo nascer outros pequeninos e ele bate a cabeça contra as barras da gaiola. A prisão permanece e o pássaro é enlouquecido pela angústia. ..

Você sabe o que liberta alguém do cativeiro ? É toda a profunda e séria afeição. Amar, ser amigo, ser irmão. Eis o que abre a prisão, por alguma força mágica. Sem isso permanece a clausura. A prisão é também o preconceito, o mal entendido, a ignorância, a desconfiança, a falsa vergonha…

Mas pra falar de outras coisas, se eu por acaso puder fazer algo por você, quero que saiba que estou à sua disposição. Como aceitei o que você me deu, gostaria de que você recorresse à mim, caso necessite de algum serviço. Isto me faria feliz; seria uma prova de confiança. Nós estamos bastante separados, talvez tenhamos visões diferentes sobre algumas coisas mas, apesar de tudo, talvez chegue a hora em que possamos ser de alguma valia um para o outro. Agora aperto sua mão, agradecendo novamente pelo auxílio que você me deu.

Sempre seu,

Vincent

Carta aos Pais

Existia um casal no interior da Inglaterra que morava em uma pequena cidadezinha.

Esse casal tinha um único filho chamado John; John não se dava muito bem com seus pais, principalmente com o pai, ele era um rapaz muito rebelde.

Sempre que podia reclamava para sua mãe:

— Esse homem não me permite fazer nada, até pareço seu escravo, ele só me faz trabalhar não posso nem se quer ir a cidade para ver meus amigos.

Um dia quando John estava mais velho, brigou tanto, mas tanto com seu Pai, que resolveu sair de casa.

A mãe insistiu :

— Meu filho não vá, vocês vão esquecer essa briga, é passageira.

John virou-se para a mãe e disse:

— Vocês não me amam, vou embora daqui.

John foi para a cidade grande e devido ao trabalho com seu pai, John pode arrumar um emprego porque sabia uma profissão e pode assim se sustentar.

Muitos anos se passaram e John se casou com uma linda moça, anos depois teve seu primeiro filho.

Num determinado dia, sua esposa lhe disse que queria que os pais dele conhecesse seu filho.

John pensou um pouco e disse:

— Não, meus pais não, eles não me amam, eles não vão querer conhecer meu filho. E alem do mais, muitos anos se passaram e eles já devem ter morrido.

Dois anos depois John teve um outro filho e quando as crianças estavam brincando o mais velho lhe fez uma pergunta que cortou seu coração:

— Papai, nós só conhecemos o vovô e a vovó, os pais da mamãe. Você não tem papai nem mamãe como nós?

Naquele instante John resolveu rever seu pais, tentar uma reaproximação.

E resolveu escrever uma carta aos pais que dizia:

— Oi. Aqui é o John, eu me casei e tive dois filhos. Eles querem conhecer vocês; Não sei se depois desses longos anos vocês me perdoaram. Não sei se vão querer me ver, mas irei visitar vocês com minha família. Se me perdoaram, coloque um pano branco onde eu possa ver, porque estarei indo de trem que passa bem em frente a casa de vocês e assim eu saberei se posso voltar ou não.

John fez todos os preparativos, arrumou as malas e as crianças, pegou o trem mas estava muito nervoso.

— Será que eles receberam a carta?, será que me perdoaram?, será que estão vivos ?

Não parava de andar pra lá e pra cá no trem. Quando chegaram numa estação anterior a de seu destino, John não conseguia mais se conter, ele suava frio.

O trem saiu e John grudado na janela como a uma criança não via a hora de chegar a sua antiga casa.

O trem entrou em uma curva e John sabia que depois daquela curva ele conseguiria ver a casa de seus pais

— Após esta curva conseguiremos ver a casa do vovô e da vovó, disse John.

O trem terminou a curva e John e sua família pode ver a casa. Ela estava cheia de lençóis brancos, nas cercas, nas janelas e o mais comovente, um casal de velhinhos acenando com lenços brancos para o trem em sinal do perdão a seu filho.

Hoje existe um Pai em algum lugar perdoando seu filho por seus erros…

Que tal ser este pai hoje, agora…

Fale, telefone, mande uma carta ou um e-mail para seu filho e perdoe…

Acene com um lenço branco…

Ele com certeza irá estar esperando…

Ou então apenas Sorria !!!

Ele entenderá…

Colaboração de Renato J.G. Filho

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