Marcial Salaverry
Na realidade, é a arte de saber envelhecer o físico, sem envilecer a alma, pois na verdade não podemos nos limitar a assistir a passagem do tempo. Sempre temos que fazer nossa parte para que a idade não nos impeça de viver como merecemos e queremos.
Temos que considerar, que a maturidade, na realidade, é o que nos permite viver em paz com aquilo que não podemos modificar, assim como também é o fato de saber o que podemos, se não modificar, pelo menos amenizar, para que os anos cheguem mais suavemente, sabendo usar nossa experiencia de vida.
O tempo sempre cobra seu tributo. Ninguém passa incólume. O que se deve fazer é controlar seus efeitos para que não sejam tão devastadores.
Vamos ajudar nosso organismo a modificar um pouco os termos da cobrança do implacável credor que se chama TEMPO.
Quanto ao que é “imodificável” , temos que saber aceitar. Não adianta nos revoltarmos contra as mazelas que a idade provoca em nosso organismo. Temos é que saber administrar esses problemas.
Tomando os cuidados adequados, podemos sempre conseguir alguns adiamentos saudáveis, prosseguindo a todo vapor em nossa vida.
Devemos dentro do possível, manter nossos hábitos, acomodando-os com a nova realidade do organismo. Se não podemos mais correr na praia, passemos a caminhar acelerado enquanto der, diminuindo a marcha conforme o organismo for pedindo. O que não podemos, é parar.
Claro que isto se aplica a tudo na vida. A única atividade que não deve ser diminuída, é a prática da amizade, pois esta, além de não requerer qualquer esforço físico, ajuda a conservar a auto-estima, que é um fator importante nessa nossa luta pela sobrevivência.
Enfim, crianças, vamos encarar o bicho de frente, que é a melhor maneira de vencê-lo.
A melhor vitória que podemos conseguir sobre a velhice, é não permitir que ela subjugue nosso espírito, que ela o envileça, pois este tem sempre permanecer jovem.
Como conseguir isso? Muito fácil. Basta sabermos nos adequar à passagem do tempo. Se tivermos que diminuir os exercícios físicos, podemos e devemos aumentar os exercícios intelectuais, lendo mais, ouvindo mais música, internetando mais. Enfim, nos mantermos vivos. Esse é o segredo. Trabalhar o cérebro.
Viajar também é bom e ajuda a conservar a juventude interior, além de manter o organismo em atividade.
Um velho amigo, que não sei se seria melhor chamá-lo de amigo velho (a colocação depende da maneira da pessoa pensar) um dia destes, encontrou-se comigo numa das esquinas da vida, e começou a desfiar um rosário de lamentações, dizendo que estava velho demais (tem a minha idade) para começar qualquer coisa, que agora já se considerava com a missão cumprida, e só estava esperando chegar a hora.
Recomendei então que se deitasse, porque assim a espera seria mais confortável. Logicamente ele estranhou minhas palavras, e quis saber se eu tinha mudado minha maneira de encarar a vida só por causa da minha aposentadoria.
Aproveitei a deixa e lembrei de uma frase da minha coleção, se não me engano, de um tal John Barrymore, que disse qualquer coisa assim : Um homem não está velho até que comece a lastimar, em vez de sonhar.
Ele ficou matutando, se seria mais conveniente pensar sobre isso, ou ir para as famosas “mesinhas de dominó” que a Prefeitura de Santos colocou nos jardins da praia só para que os realmente velhos comecem a se preparar para a imobilidade total… Enfim, cada um se diverte como quer, não é mesmo ?
Espero que esse meu amigo tenha captado bem o sentido da coisa, pois essa frase encerra uma grande, uma enorme verdade. Nunca, jamais, em tempo algum, em nenhuma circunstância, de maneira nenhuma, podemos nos entregar, deixar de ter algum objetivo, alguma meta, algum sonho para alcançarmos.
É exatamente essa flama interna que nos conserva vivos, que nos permite achar que estamos fazendo jús ao lugar que ocupamos no mundo. Do contrário, passaremos a ser meros objetos decorativos para colecionadores de mau gosto.
Se por acaso alguém se sentiu ofendido com o que foi acima dito, que me desculpe, mas esse alguém é realmente um velho cansado, e não um idoso sonhador… Pensem sobre isso e tenhamos todosum lindo dia!
Colaboração de Renato J.G. Filho