Autor: Rubens (Page 7 of 104)

Vida – uma viagem de trem.

Dia desses, li um livro que comparava a vida a uma viagem de trem. Uma comparação extremamente interessante, quando bem interpretada.

Interessante, porque nossa vida é como uma viagem de trem, cheia de embarques e desembarques, de pequenos acidentes pelo caminho, de surpresas agradáveis com alguns embarques e de tristezas com os desembarques…

Quando nascemos, ao embarcarmos nesse trem, encontramos duas pessoas que acreditamos, farão conosco a viagem até o fim: nossos pais. Não é verdade. Infelizmente, em alguma estação, eles desembarcam, deixando-nos órfãos de seus carinhos, proteção, amor e afeto. Mas isso não impede que, durante a viagem, embarquem pessoas interessantes que virão ser especiais para nós: nossos irmãos, amigos e amores.

Muitas pessoas tomam esse trem a passeio. Outras fazem a viagem experimentando somente tristezas. E no trem, há, também, outras que passam de vagão em vagão, prontas para ajudar quem precisa. Muitos descem e deixam saudades eternas. Outros tantos viajam no trem de tal forma que, quando desocupam seus assentos, ninguém sequer percebe.

Curioso é considerar que alguns passageiros que nos são tão caros acomodam-se em vagões diferentes do nosso. Isso nos obriga a fazer, essa viagem, separados deles. Mas isso não nos impede de, com grande dificuldade, atravessarmos nosso vagão e chegarmos até eles. O difícil é aceitarmos que não podemos sentar ao seu lado, pois outra pessoa estará ocupando esse lugar.

Essa viagem é assim: cheia de atropelos, sonhos, fantasias, esperas, embarques e desembarques. Sabemos que esse trem jamais volta. Façamos essa viagem da melhor maneira possível, tentando manter um bom relacionamento com todos, procurando em cada um o que tem de melhor, lembrando sempre que, em algum momento do trajeto poderão fraquejar e, provavelmente, precisaremos entender isso. Nós mesmos fraquejamos algumas vezes. E, certamente, alguém nos entenderá.

O grande mistério é que não sabemos em qual parada desceremos. E fico pensando: quando eu descer desse trem sentirei saudades ? Sim. Deixar meus filhos viajando sozinhos será muito triste. Separar-me dos amigos que nele fiz, do amor da minha vida, será para mim dolorido. Mas me agarro na esperança de que, em algum momento, estarei na estação principal e terei a emoção de vê-los chegar com sua bagagem, que não tinham quando embarcaram.

E o que me deixará feliz é saber que, de alguma forma, eu colaborei para que essa bagagem tenha crescido e se tornado valiosa. Agora, neste momento, o trem diminui sua velocidade para que embarquem e desembarquem pessoas. Minha expectativa aumenta, à medida que o trem vai diminuindo sua velocidade …

Quem entrará ? Quem sairá ?

Eu gostaria que você pensasse no desembarque do trem, não só como a representação da morte, mas também, como o término de uma história, de algo que duas ou mais pessoas construíram e que, por um motivo ínfimo, deixaram desmoronar. Fico feliz em perceber que certas pessoas como nós, têm a capacidade de reconstruir para recomeçar. Isso é sinal de garra e luta, é saber viver, é tirar o melhor de ?todos os passageiros?.

Agradeço muito por você fazer parte da minha viagem e por mais que nossos assentos não estejam lado a lado, com certeza, o vagão é o mesmo.

Mensagem enviada por Aylzo A. L. Almeida

Vida .com

Miriam Travassos

Estava toda feliz, acessando a internet, quando meu computador trancou.

Comecei a bater em diversas teclas, liguei e desliguei, disse um nome horrível que eu sei… e nada.

Sentada em frente ao pc, era mesmo uma burra olhando para um palácio.

Foi quando me ocorreu a idéia de pedir uma ajuda a um colega que entende a fundo de eletrônica.

Não o encontrei. Fiquei ali, perdendo tempo e paciência, até que me lembrei de discar para o serviço de suporte do meu provedor.

E tudo foi resolvido.

Pois tirei uma lição desse problema: a vida da gente é nada mais nada menos do que uma internet, interligados todos numa rede onde se cruzam bons contatos, conhecimento, futilidade, violência, pornografia, inutilidade.

E, vez em quando, nos sentimos travados.

Por que há dias em que você se sente off-line.

Sua vida, como um pc, parece haver se trancado, fugindo a seu comando, provocando-lhe a estranha sensação de uma queda de voltagem, de força, deresistência – você ali, impotente, sem entender em que teclas erradas bateu para que acontecesse essa parada súbita.

A primeira e compreensível atitude é interrogar por que não lhe deramum pentium cheio de recursos, evitando que você tivesse que passar uma existência inteira catando milho nas teclas de um micro assim tão sem potência.

Mas, você sabe, é quase impossível trocar o programa que lhe é imposto pelo destino.

À noite, em sua cama, você faz um download nos seus sentimentos.

Nota que há dezenas de tarefas, ainda no rascunho, que você jamais se importou em terminar; centenas de itens que já deveriam ter sido excluídos de sua memória, sua lixeira está repleta de sentimentos negativos ainda não deletados; há mensagens na caixa de entrada que você se recusa a receber e itens enviados que você poderia ter evitado encaminhar.

Perderam-se, para sempre, as linhas de um ideal que você havia traçado,ao programar seu futuro.

E não existe back-up em nossa vida quando se extravia o plano original, não há como recuperar o que foi definitivamente deletado, nem é possível dar backspace no presente.

Desarvorado, você conclui que lhe foge ao controle reter as alegrias e afugentar os sofrimentos: a tecla enter não consegue fazer com que as pequenas conquistas sejam arquivadas para depois repeti-las, nem a tecla escape consegue evitar que os fracassos prossigam sendo impressos a laser e em cores vivas.

Diante da tela em branco, nenhum recurso lhe ocorre.

Exausto por causa de tantas tentativas de acerto, você começa a pensar que é hora de abandonar essa luta em busca de saída:

Não há atalho e nem lhe resta espaço.

Quantos mais reset você dá, tantas vezes se mostra igual o reinício -insistindo em bater nas mesmas teclas, você apenas repete as mesmas tolices.

Que saída você tentará, nesse momento?

O aconselhamento de amigos, o extravasamento de toda a sua fúria, a buscade aperfeiçoamento para entender o problema, a conformidade perante a sua incapacidade de seguir em frente, a depressão?

Não se resolve assim, quando é a nossa existência que se encontra em jogo.

Há um momento em que é preciso estabelecer contato com nosso provedor, quando nos foge à compreensão onde nos quer levar esse intrincado software chamado vida.

E você sabe quem é nosso Bill Gates, em hora dessas.

Melhor, então, acessar o Dono do programa.

Envie um sos urgente e peça-Lhe ajuda.

Ele consegue decodificar as mais complexas linguagens, mas você pode iniciar assim sua mensagem: Pai Nosso que estais no céu…

Conte com uma resposta com absurda agilidade.

Talvez você até continue a julgar-se inapto para tantos comandos, entrejanelas e campos, estilos e modelos, vacilante na escolha de uma ferramenta.

Mas descobre que é sempre possível contatar o próprio autor do soft, que entende a precariedade do seu pc, a pouca capacidade de seu hd, a sua falta de espaço para o armazenamento de tantas amarguras e, mesmo assim, teima em querer vê-lo aperfeiçoar-se a cada dia, sem se deixar vergar ante a complexidade da intrincada operação que é esta vida – de home a end.

… nunca dê pause em sua fé.

Vida Amarrada

Conta uma velha lenda dos indios Sioux, que uma vez, Touro Bravo, o mais valente e honrado de todos os jovens guerreiros, e Nuvem Azul, a filha do cacique, uma das mais formosas mulheres da tribo, chegaram de mãos dadas, até a tenda do velho feiticeiro da tribo…

— Nós nos amamos… e vamos nos casar – disse o jovem. E nos amamos tanto que queremos um feitiço, um conselho, ou um talismã… alguma coisa que nos garanta que poderemos ficar sempre juntos… que nos assegure que estaremos um ao lado do do outro até encontrarmos a morte. Há algo que possamos fazer?

E o velho emocionado ao vê-los tão jovens, tão apaixonados e tão ansiosos por uma palavra, disse:

— Tem uma coisa a ser feita, mas é uma tarefa muito difícil e sacrificada… Tu, Nuvem Azul, deves escalar o monte ao norte dessa aldeia, e apenas com uma rede e tuas mãos, deves caçar o falcão mais vigoroso do monte… e trazê– lo aqui com vida, até o terceiro dia depois da lua cheia. E tu, Touro Bravo — continuou o feiticeiro – deves escalar a montanha do trono, e lá em cima, encontrarás a mais brava de todas as águias, e somente com as tuas mãos e uma rede, deverás apanhá-la trazendo-a para mim, viva! Os jovens se abraçaram com ternura, e logo partiram para cumprir a missão recomendada… no dia estabelecido, à frente da tenda do feiticeiro, os dois esperavam com as aves dentro de um saco.

O velho pediu, que com cuidado as tirassem dos sacos… e viu eram verdadeiramente formosos exemplares…

— E agora o que faremos? – perguntou o jovem – as matamos e depois bebemos a honra de seu sangue? Ou as cozinhamos e depois comemos o valor da sua carne? — propôs a jovem. – Não! — disse o feiticeiro, apanhem as aves, e amarrem-nas entre sí pelas patas com essas fitas de couro… quando as tiver bem amarradas, soltem-nas, para que voem livres…

O guerreiro e a jovem fizeram o que lhes foi ordenado, e soltaram os pássaros… a águia e o falcão, tentaram voar mas apenas conseguiram saltar pelo terreno. Minutos depois, irritadas pela incapacidade do vôo, as aves arremessavam-se entre si, bicando– se até se machucar. E o velho disse:

— Jamais esqueçam o que estão vendo… este é o meu conselho. Vocês são como a águia e o falcão… se estiverem amarrados um ao outro, ainda que por amor, não só viverão arrastando-se, como também, cedo ou tarde, começarão a machucar-se um ao outro… Se quiserem que o amor entre vocês perdure… voem juntos… mas jamais amarrados.

Vida

Mário Quintana

Não coma a vida com garfo e faca. Lambuze-se!
Muita gente guarda a vida para o futuro.
Mesmo que a vida esteja na geladeira, se você não a viver, ela se deteriorará.
É por isso que tantas pessoas se sentem emboloradas na meia-idade.
Elas guardam a vida, não se entregam ao amor, ao trabalho, não ousam, não vão em frente.
Não deixe sua vida ficar muito séria, saboreie tudo o que conseguir: as
derrotas e as vitórias, a força do amanhecer e a poesia do anoitecer.
Com o tempo, você vai percebendo que para ser feliz você precisa aprender a
gostar de si e, principalmente, a gostar de quem também gosta de você.

Ver Vendo

Otto Lara Rezende

De tanto ver, a gente banaliza o olhar – vê… não vendo.
Experimente ver, pela primeira vez,
o que você vê todo dia, sem ver.

Parece fácil, mas não é:
o que nos cerca, o que nos é familiar,
já não desperta curiosidade.

O campo visual da nossa retina é como um vazio.
Você sai todo dia, por exemplo, pela mesma porta.
Se alguém lhe perguntar o que você vê
no caminho, você não sabe.
De tanto ver, você banaliza o olhar.

Sei de um profissional que passou 32 anos a fio
pelo mesmo hall do prédio do seu escritório.
Lá estava sempre, pontualíssimo, o porteiro.
Dava-lhe bom-dia e, às vezes,
lhe passava um recado ou uma correspondência.

Um dia o porteiro faleceu. Como era ele?
Seu rosto? Sua voz? Como se vestia?
Não fazia a mínima idéia.
Em 32 anos nunca conseguiu vê-lo.
Para ser notado, o porteiro teve que morrer.
Se um dia, em algum lugar estivesse uma girafa
cumprindo o rito, pode ser, também,
que ninguém desse por sua ausência.

O hábito suja os olhos e baixa a voltagem.
Mas há sempre o que ver:
gente, coisas, bichos. E vemos?
Não, não vemos.

Uma criança vê que o adulto não vê.
Tem olhos atentos e limpos
para o espetáculo do mundo.

O poeta é capaz de ver pela primeira vez,
o que de tão visto, ninguém vê.
Há pai que raramente vê o filho.
Marido que nunca viu a própria mulher.

Nossos olhos se gastam no dia-a-dia, opacos…
é por aí que se instala no coração
o monstro da indiferença.

Vendo meu sítio

Um poeta foi abordado por um comerciante na rua:

— Sr. Bilac, estou precisando vender o meu sítio. Será que poderia redigir o anúncio para o jornal?

Olavo Bilac escreveu:

“Vende-se encantadora propriedade, onde cantam os pássaros ao amanhecer no extenso arvoredo, cortada por cristalinas e marejantes águas de um ribeirão. A casa é banhada pelo sol nascente e oferece a sombra tranquila das tardes na varanda.”

Meses depois, topa o poeta com o homem e pergunta-lhe:

Vendeu o sítio??!!

— Nem penso mais nisso. Quando li o anúncio é que percebi a maravilha que tinha!

Às vezes, não descobrimos as coisas boas que temos conosco e vamos longe, atrás de miragens e falsos tesouros.

Valorize o que você tem:

  • a pessoa que está ao seu lado,
  • os amigos que estão perto de você,
  • o trabalho que você conquistou,
  • o conhecimento que adquiriu,
  • a sua saúde, o sorriso, enfim,
  • tudo aquilo que nosso Deus nos dá diariamente para o nosso crescimento.

Vasos quebrados

Era uma vez um depósito de vasos quebrados.

Ninguém se importava com eles. Eles mesmos não se importavam por estar quebrados, ao contrário, quanto mais quebrados ficavam, mais eram respeitados pelos outros.

Um dia, por engano, um vaso inteiro foi parar no meio dos vasos quebrados, mas, por ser diferente dos demais, de imediato ele foi rejeitado e hostilizado. Justo ele, que tinha uma necessidade miserável de ser aceito.

Tentou se aproximar dos vasos menos danificados, aqueles que tinham apenas a boca rachada, mas, não deu certo. Depois, procurou se aproximar dos vasos que tinham apenas um pequeno furo na barriga, mas, também foi repelido. Tentou uma terceira vez, com os vasos que estavam trincados na base, mas, não adiantou.

Resolveu, então, arranjar umas brigas, esperando conseguir um ferimento, um risco, uma trinca ou, quem sabe, com um pouco de sorte, até um quebrado bacana, mas, naquele lugar, ninguém tinha força bastante para quebrar os outros. Se algum vaso quisesse se quebrar, tinha que fazer isso sozinho.

E foi isso mesmo que ele fez. E conseguiu o que queria, ser aceito no clube dos vasos quebrados.

Ficou feliz, realizado, mas, não por muito tempo, pois, logo começou a se incomodar com uma outra necessidade, a de ser respeitado pelos demais vasos quebrados.

Para isso, teve que ir-se quebrando. E se quebrou em tantos pedaços que voltou ao pó.

E deixou de ser vaso!

Um trem

A vida não passa de uma viagem de trem, cheia de embarques e desembarques; alguns acidentes, surpresas agradáveis em alguns embarques e grandes tristezas em outros.

Quando nascemos, entramos nesse trem e nos deparamos com algumas pessoas que, julgamos, estarão sempre nessa viagem conosco: nossos pais.

Infelizmente, isso não é verdade; em alguma estação eles descerão e nos deixarão órfãos de seu carinho, amizade e companhia insubstituível…(até certo ponto).Mas isso não impede que, durante a viagem, pessoas interessantes e que virão a ser super especiais para nós, embarquem.

Chegam nossos irmãos, amigos e amores maravilhosos.

Muitas pessoas tomam esse trem, apenas a passeio, outros encontrarão nessa viagem somente tristezas, ainda outros circularão pelo trem, prontos a ajudar a quem precisa. Muitos descem e deixam saudades eternas, outros tantos passam por ele de uma forma que, quando desocupam seu assento, ninguém sequer os percebe.

Curioso é constatar que alguns passageiros, que nos são tão caros, acomodam-se em vagões diferentes dos nossos; portanto, somos obrigados a fazer esse trajeto separados deles, o que não impede, é claro, que durante esse trajeto, atravessemos, com grande dificuldade nosso vagão e cheguemos até eles….só que, infelizmente, jamais poderemos sentar ao seu lado, pois já terá alguém ocupando aquele lugar. Não importa, é assim a viagem, cheia de atropelos, sonhos, fantasias, esperas, despedidas, decepções, alegrias, mudanças, muitas mudanças.

Façamos essa viagem, então, da melhor maneira possível, tentando nos relacionar bem com todos os passageiros, procurando, em cada um deles, o que tiverem de melhor, lembrando, sempre, que, em algum momento do trajeto, eles poderão fraquejar e, provavelmente, precisaremos entender isso, porque nós também fraquejaremos muitas vezes e, com certeza, haverá alguém que nos entenderá. O grande mistério, afinal, é que jamais saberemos em qual parada desceremos, muito menos nossos companheiros, nem mesmo aquele que está sentado ao nosso lado.

Eu fico pensando, se, quando descer desse trem, sentirei saudades…. acredito que sim, me separar de alguns amigos que fiz nele será, no mínimo dolorido, deixar meus filhos continuarem a viagem sozinhos, com certeza será muito triste, mas me agarro na esperança que, em algum momento, estarei na estação principal e terei a grande emoção de vê-los chegar com uma bagagem que não tinham quando embarcaram…..e o que vai me deixar feliz, será pensar que eu colaborei para que ela tenha crescido e se tornado valiosa.

Amigos, façamos com que a nossa estada, nesse trem, seja tranqüila, que tenha valido a pena e que, quando chegar a hora de desembarcarmos, o nosso lugar vazio traga saudades e boas recordações para aqueles que prosseguirem a viagem.

Ao desembarcarmos desse trem, certamente encontraremos na grande plataforma, as mesmas pessoas dessa e de outras viagens, as quais contribuirão sensivelmente para a nossa evolução, no próximo embarque(quer nos auxiliando,ou nos perturbando).

Portanto, aproveitemos as lições de vida oferecidas nessa viagem, alertando que, se possível, não cultivemos inimizades nesse trem. Mais que isso, procuremos resolver as nossa “pendências” anteriores.

Muita paz.

Um Simples Conselho

Certa vez um jovem muito rico foi procurar um rabi para lhe pedir um conselho.

Toda a fortuna que possuía não era capaz de lhe proporcionar a felicidade tão sonhada.

Falou da sua vida ao rabi e pediu a ajuda.

Aquele homem sábio o conduziu até uma janela e lhe pediu para que olhasse para fora com atenção, e o jovem obedeceu.

— O que você vê através do vidro, meu rapaz?

— Vejo homens que vêm e vão, e um cego pedindo esmolas na rua.

Então o homem lhe mostrou um grande espelho e novamente o interrogou : o que você vê neste espelho ?

Vejo a mim mesmo, disse o jovem prontamente.

— E já não vê os outros, não é verdade ?

E o sábio continuou com suas lições preciosas :

— Observe que a janela e o espelho são feitos da mesma matéria prima : o vidro.

Mas no espelho há uma camada fina de prata colada ao vidro e, por essa razão, você não vê mais do que sua própria pessoa.

Se você se comparar a essas duas espécies de vidro, poderá retirar uma grande lição.

Quando a prata do egoísmo recobre a nossa visão, só temos olhos para nós mesmos e não temos chance de conquistar a felicidade efetiva.

Mas quando olhamos através dos vidros limpos da compaixão, encontramos razão para viver e a felicidade se aproxima.

Por fim, o sábio lhe deu um simples conselho :

— Se quiser ser verdadeiramente feliz, arranque o revestimento de prata que lhe cobre os olhos para poder enxergar e amar aos outros.

Eis a chave para a solução dos seus problemas.

Se você também não está feliz com as respostas que a vida tem lhe oferecido, talvez fosse interessante tentar de outra forma.

Muitas vezes, ficamos olhando somente para a nossa própria imagem e nos esquecemos de que é preciso retirar a camada de prata que nos impede de ver a necessidade à nossa volta.

Quando saímos da concha de egoísmo, percebemos que há muitas pessoas em situação bem mais difícil que a nossa e que dariam tudo para estar em nosso lugar.

E quando estendemos a mão para socorrer o próximo, uma paz incomparável nos invade a alma. É como se Deus nos envolvesse em bênçãos de agradecimento pelo ato de compaixão para com Seus filhos em dificuldades.

Ademais, quem acende a luz da caridade, é sempre o primeiro a beneficiar-se dela.

E a caridade tem muitas maneiras de se apresentar :

Pode ser um sorriso gentil…

Uma palavra que anima e consola…

Um abraço de ternura…

Um aperto de mão…

Um pedaço de pão…

Um minuto de atenção…

Um gesto de carinho…

Uma frase de esperança…

E quem de nós pode dizer que não necessita ou nunca necessitará dessas pequenas coisas ?

“A caridade é o gênio celestial que nos tece asas de luz para a comunhão com o pensamento divino, se soubermos esquecer de nós mesmos para construir a felicidade daqueles que nos estendem as mãos.”

Colaboração: Renato Antunes Oliveira

Um Raio de Luz

Com base na Palestra proferida pelo Prof. Raul Teixeira, em Campo Largo-PR

O gabinete daquela escola de ensino médio se convertera, por alguns momentos, em palco para uma cena constrangedora. Um aluno de 16 anos de idade estava ali, sentado, cabeça baixa, pensamento em desalinho, aguardando a sentença final.

Os pais, desolados, olhavam em silêncio para o filho, sem saber o que dizer diante daquele momento.

Vários de seus professores já haviam dado seus depoimentos, todos desfavoráveis ao jovem rebelde.

Se o garoto fosse expulso seria um peso a menos na sua árdua obrigação de ensinar…

Se se livrassem daquele estorvo sua tarefa ficaria mais leve, talvez pensassem alguns daqueles educadores.

O silêncio enchia a pequena sala, quando chegou o último professor para dar seu parecer sobre a questão: era o professor de física.

Homem maduro, lúcido, educador por excelência, sentou-se e, antes de dizer qualquer palavra, olhou detidamente nos olhos de cada uma daquelas criaturas ali sentadas, e sentiu-se extremamente comovido diante da situação.

Como poderia ajudar a resolver a questão sem prejuízo para o seu aluno? Afinal, para aquele nobre mestre, expulsar um aluno seria decretar a própria falência como educador.

Então, ele olhou carinhosamente para a mãe e perguntou: o que está havendo? O que aconteceu para que a situação chegasse a esse ponto?

Tamanha era a vibração de ternura que emanava da voz suave do educador, que a mãe se sentiu amparada na sua desdita e decidiu falar. Olhou com afeto para o filho, e, num tom de extremado carinho disse: meu filho! O jovem, diante da pequena frase que ecoou em seu íntimo com mais força do que mil palavras de reprimenda, desatou a chorar… Chorou e chorou, compulsivamente…

A comoção tomou conta do gabinete e as lágrimas rolaram quentes dos olhos daqueles pais sofridos, e também do professor e da diretora.

Após quase meia hora, as lágrimas foram cedendo lugar a um certo alívio, como se uma chuva de bênçãos tivesse lavado o travo de fel que pairava sobre a pequena assembléia…

Quebrando o silêncio, o garoto falou: mãe, posso lhe prometer uma coisa? Vocês nunca mais virão à escola por motivos como este.

Um ano se passou, e a promessa que o jovem fez se cumpriu. Um dia, o professor encontrou seu aluno no corredor da escola e lhe fez a pergunta que há muito desejava fazer: o que fez você mudar, aquele dia, no gabinete?

E o jovem respondeu, um tanto constrangido: É que minha mãe nunca havia me chamado de “meu filho”. Aquelas duas palavras, professor, pronunciadas pela minha mãe com uma sonoridade espiritual tão profunda, foram o suficiente para eu mudar o rumo da minha vida…

O rapaz se despediu e se foi, deixando o mestre absorto em seus pensamentos… Em sua mente voltou a cena daquele dia distante, em que adentrou a pequena sala do gabinete…

Em suas conjecturas se perguntou sobre qual seria a situação daquele moço, se tivesse sido expulso da escola naquela oportunidade…

Pensou também na força da pequena frase: “Meu filho”! E ficou a imaginar quão poderoso é o afeto de mãe.

E, como homem notável e admirável educador, concluiu, em seus lúcidos raciocínios: O dia que as mães quiserem, elas mudarão o mundo.

Enviado por Renato J.G.Filho

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