Silvana Duboc
Senti aos quinze anos
que a dança do amor jamais mudaria de planos
Seria sempre daquela maneira corriqueira
Eu correndo atrás de alguém que não me queria bem.
Aos vinte entendi que não era exatamente assim
Alguém poderia também correr atrás de mim.
E eu, superior na dança do amor fingiria não perceber
Até o instante que ele resolvesse me esquecer.
Aos trinta começaram as decepções, os términos e as desilusões… As lágrimas infinitas, as insônias malditas.
Aos quarenta fui apresentada à traição
E tive que conviver com essa terrível questão
Nessa mesma ocasião descobri como era ser trocada
esquecida e ignorada.
Aos quarenta e cinco procurei com afinco… um novo amor.
E que dor… foi tão difícil de achar…
Encontrei almas encantadoras e também destruidoras.
Almas gêmeas e impostoras
Mas ninguém ficou comigo
Terminei no ostracismo.
Aos cinquenta a gente inventa…
Inventa que é feliz
Que tem o amor que sempre quiz
Inventa que se alimenta de paixão
Que o coração ainda palmita de emoção.
É talvez aos sessenta, descubra que aos quinze fui feliz.
Que aos trinta tive o que quis
As noites mal dormidas poderiam ter sido resolvidas.
Que aos quarenta a traição foi o melhor ingrediente da emoção
E que nessa época o gostoso era dar o perdão.
E aos quarenta e cinco, buscar um amor não causou assim tanta dor
É bem verdade que foi com dificuldade
Mas ainda existia na mesma alma
Uma grande carga de força e vitalidade.
E que aos cinquenta, inventar pode ser gostoso
Sonhar, delicioso
Esperar, prazeroso.
…mas enfim chegando aos sessenta
Será que vou descobrir finalmente
Que a solidão assolou meu coração?
Que desde os quinze vivi mergulhada na ilusão?
Como serão os meus setenta então?
Acho que aos setenta…
Quem sabe uma nova dança
a gente inventa.