Certa vez um jovem muito rico foi procurar um rabi para lhe pedir um conselho.
Toda a fortuna que possuía não era capaz de lhe proporcionar a felicidade tão sonhada.
Falou da sua vida ao rabi e pediu a ajuda.
Aquele homem sábio o conduziu até uma janela e lhe pediu para que olhasse para fora com atenção, e o jovem obedeceu.
— O que você vê através do vidro, meu rapaz?
— Vejo homens que vêm e vão, e um cego pedindo esmolas na rua.
Então o homem lhe mostrou um grande espelho e novamente o interrogou : o que você vê neste espelho ?
Vejo a mim mesmo, disse o jovem prontamente.
— E já não vê os outros, não é verdade ?
E o sábio continuou com suas lições preciosas :
— Observe que a janela e o espelho são feitos da mesma matéria prima : o vidro.
Mas no espelho há uma camada fina de prata colada ao vidro e, por essa razão, você não vê mais do que sua própria pessoa.
Se você se comparar a essas duas espécies de vidro, poderá retirar uma grande lição.
Quando a prata do egoísmo recobre a nossa visão, só temos olhos para nós mesmos e não temos chance de conquistar a felicidade efetiva.
Mas quando olhamos através dos vidros limpos da compaixão, encontramos razão para viver e a felicidade se aproxima.
Por fim, o sábio lhe deu um simples conselho :
— Se quiser ser verdadeiramente feliz, arranque o revestimento de prata que lhe cobre os olhos para poder enxergar e amar aos outros.
Eis a chave para a solução dos seus problemas.
Se você também não está feliz com as respostas que a vida tem lhe oferecido, talvez fosse interessante tentar de outra forma.
Muitas vezes, ficamos olhando somente para a nossa própria imagem e nos esquecemos de que é preciso retirar a camada de prata que nos impede de ver a necessidade à nossa volta.
Quando saímos da concha de egoísmo, percebemos que há muitas pessoas em situação bem mais difícil que a nossa e que dariam tudo para estar em nosso lugar.
E quando estendemos a mão para socorrer o próximo, uma paz incomparável nos invade a alma. É como se Deus nos envolvesse em bênçãos de agradecimento pelo ato de compaixão para com Seus filhos em dificuldades.
Ademais, quem acende a luz da caridade, é sempre o primeiro a beneficiar-se dela.
E a caridade tem muitas maneiras de se apresentar :
Pode ser um sorriso gentil…
Uma palavra que anima e consola…
Um abraço de ternura…
Um aperto de mão…
Um pedaço de pão…
Um minuto de atenção…
Um gesto de carinho…
Uma frase de esperança…
E quem de nós pode dizer que não necessita ou nunca necessitará dessas pequenas coisas ?
“A caridade é o gênio celestial que nos tece asas de luz para a comunhão com o pensamento divino, se soubermos esquecer de nós mesmos para construir a felicidade daqueles que nos estendem as mãos.”
Colaboração: Renato Antunes Oliveira