Sílvia Schmidt
É necessário que estejamos presentes em nós, próximos de nós, aceitando-nos como uma agradável companhia, para evitar a terrível sensação de solidão, de estar invisível no mundo, de suportar o peso do silêncio e da ausência de mais gente ao nosso lado.
Os maiores sinais de distanciamento de nós mesmos podem ser observados nos aparelhos que temos em casa:
Podemos não ter preferência por programa algum, mas ligamos o rádio para ouvir pessoas falando de assuntos que nem nos interessam, só para não cairmos em abismal silêncio.
Sentamos na poltrona, com os olhos vagos, e nosssa mão vai automaticamente vai para o controle remoto da TV. Nossa atenção nem está ali, mas apenas o fato de ter gente do outro lado, naquela tela, já nos dá a ilusão de que não estamos sós.
Muitas vezes, chegando em casa, a primeira coisa que fazemos é checar a secretária eletrônica, caixa postal ou coisa que o valha, mesmo não estando aguardando nenhuma notícia importante, mas só pela necessidade de ver que alguém se lembrou de nós, já que nós mesmos não lembramos, não nos damos uma palavra agradável, carinhosa, compreensiva, um pensamento de auto-afeição.
Na caixa de correio só papéis de propaganda, nenhuma carta, nenhum cartão, ninguém sequer lembrou de nos mandar flores na data do nosso aniversário!
Ah! Tudo isso é pior do que a morte!
Afinal, se tivéssemos morrido, pelo menos alguns conhecidos assinariam o livro de registro de comparecimento, algumas coroas de flores seriam encomendadas em nossa homenagem.
Que falta faz nossa própria presença em nossa vida!
Felizes aqueles que, nessas condições, têm um computador. Então é só ligar, conectar e verificar se há e-mails. Crau!!!
Não existe mensagem pior do que aquela que anuncia: “nenhuma mensagem nova”.
É de novo aquela sensação horrível de abandono, de vazio e a conclusão interior: “o mundo me esqueceu!” Esmagadora conclusão, quase mortal conclusão!
Quando não nos abandonamos, não nos sentimos sós, e nada é preciso para fazer-nos companhia, nossa própria presença nos basta, as idéias fluem com clareza, a criatividade se solta, inspirações vêm a todo vapor para todo e qualquer tipo de trabalho.
Se você se sente só “encaixe-se” em si mesmo, marque brilhante presença nesse palco que é você.
Pare um pouco e olhe-se de fora para dentro. Nessa hora você estará sendo apresentado à pessoa mais importante do seu mundo: VOCÊ !
Preste bem atenção: você não é uma belezura?
“Quem já se encontrou não teme a solidão”