Evan Hill
Há alguns anos, quando as vendas de automóveis caíram muito, um vendedor conhecido meu teve a sua renda drasticamente reduzida. Outros teriam continuado a manter o padrão de vida a que estavam acostumados, lançando mão de empréstimos. Mas aquele homem não se envergonhou de dizer: “Não posso fazer essa despesa.” Ao filho e à filha adolescentes ele informou que não poderiam ir passar o verão onde tinham estado nos últimos quatro anos. Declarou que, em vez disso, a família passearia pelas montanhas, carregando às costas os víveres e os cobertores, pernoitando em abrigos modestos para excursionistas.
E, no inverno, pai e filho apreçaram o material necessário para a excursão, concluindo que era demasiado custoso, e passaram umas dez noites trabalhando em casa para fazerem eles próprios aquilo de que a família precisaria para a excursão. A mãe e a filha planejaram um cardápio em que entrou arroz, feijão, farinha de trigo e outros alimentos não deterioráveis e de pouco peso, em lugar dos enlatados de alto peso.
A família acabou divertindo-se só com a idéia de gastar o mínimo no passeio, partindo de que “não podiam fazer essa despesa.”
Em anos subseqüentes a família tem tido meios para dar-se ao luxo de hospedar-se em colônias de veraneio, mas as crianças têm dado preferência àquele sistema de férias econômicas.
— Creio que a nossa família nunca esteve tão unida – comentou comigo o seu chefe, há pouco tempo – Aquele ano de maus negócios não nos ensinou apenas a poupar dinheiro. Fortaleceu-nos o caráter.
“Não podemos fazer essa despesa” é uma frase que deveria fazer parte da educação de todas as crianças. A que nunca ouviu tais palavras e jamais foi compelida a sujeitar-se ao que elas traduzem, foi sem dúvida uma criança defraudada pelos próprios pais.
Assim como o exercício fortalece o corpo, a frugalidade fortalece o espírito.
(Trecho extraído do exemplar de março de 1965, da Seleções do Reader’s Digest)
Texto enviado por Aylzo A. L. Almeida